Holanda testa cão-robô para “farejar” narcóticos
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Com capacidade de mapear territórios e caminhar em ambientes complexos, o cão-robô Spot, da Boston Dynamics, já é bastante usado em operações policiais ou mesmo em resgates. Agora, a polícia da Holanda começa a testar esses robôs para entrar em laboratórios clandestinos e localizar narcóticos, de forma autônoma, sem colocar em risco os profissionais. Eles serão guiados pela inteligência artificial (IA).
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Diferente dos tradicionais cães da polícia, conhecidos pelo olfato imbatível na hora de farejar drogas em aeroportos, a ideia é usar os cães-robôs para invadir, com mais segurança, laboratórios clandestinos voltados para a produção de narcóticos. Até o momento, esses robôs não têm as habilidades olfativas necessárias, mas podem ser ótimos agentes quando o alvo já foi definido.
Vale lembrar que, desde 2021, a polícia holandesa já usa cães-robôs em suas operações. No entanto, as máquinas são sempre controladas remotamente por um agente policial, o que poderá deixar de ser necessário.
Operações policiais mais seguras
Em média, a polícia da Holanda identifica de três a quatro laboratórios clandestinos voltados para a produção de drogas por semana. Diferente do que se pode pensar, entrar nesses locais é algo bastante perigoso e potencialmente mortal.
Em uma batida policial, os criminosos costumam sair correndo, mas a fuga de um laboratório pode ter inúmeras consequências. Dependendo de como foram armazenados os produtos químicos e os equipamentos, existe até o risco de explosões.
“Se o laboratório estiver ativo e você interromper o trabalho, ele poderá explodir”, reforça Simon Prins, agente da polícia, para o site NewScientist. Esta é uma situação de máximo risco para a equipe.
Buscando reduzir o risco dessas explosões, os policiais costumam usar roupas e equipamentos de segurança para entrar nesses laboratórios, o que torna a operação lenta demais.
Na teoria, um cão-robô autônomo poderia entrar nesses ambientes de alta periculosidade antes mesmo de qualquer humano. Assim, conseguiria detectar produtos químicos perigosos e isolá-los, evitando o risco de explosões.
O robô também seria capaz de verificar se o prédio está vazio ou ainda é ocupado por criminosos, em pouco tempo. Dependendo da resposta, a entrada da polícia será diferente.
Cães-robôs autônomos
Por enquanto, o uso dos cães-robôs autônomos, sob o controle da IA, está limitado ao ambiente de testes. Segundo os responsáveis, a máquina conseguiu explorar e mapear uma réplica de um laboratório de 200 metros quadrados com sucesso. Nessa operação, o robô também encontrou químicos de risco e os isolou em um recipiente de armazenamento seguro.
“Quero que a equipe esteja ocupada com a operação e não com um robô [sendo controlado]. Então, esse é o jogo que estamos jogando agora: até que ponto podemos torná-lo autônomo ?'”, questiona Prins.
Em paralelo a essas experiências simuladas, há inúmeras preocupações de segurança envolvendo robôs autônomos, o que pode atrasar a viabilidade do projeto. Mesmo que sejam aprovados, algum policial continuará a responder pelos atos dos robôs, possivelmente aquele que poderá parar a máquina em caso de comportamento inadequado.
A seguir, veja uma demonstração sobre os recursos do cão-robô:
Fonte: NewScientist