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Facebook visa o lucro acima de tudo, acusa ex-funcionária; Zuckerberg se defende

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 06 de Outubro de 2021 às 10h20

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Pexels/Luca Sammarco
Pexels/Luca Sammarco
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Na véspera do apagão que tomou o Facebook, o Instagram e o WhatsApp na segunda-feira (4), a empresa de Mark Zuckerberg foi acusada de colocar lucros em primeiro lugar, mesmo que isso custe o bem-estar dos usuários. Uma ex-funcionária da empresa, Frances Haugen, apresentou documentos internos e relatos sobre como a rede social priorizou o algoritmo para gerar engajamento, enquanto sabia que isso geraria grande volume de discurso de ódio e violência.

Haugen revela que apesar de o Facebook de fato apresentar medidas contrárias à proliferação de discurso de ódio, elas seriam como “enxugar gelo”. Em um documento interno, a companhia revela que suas ações mitigam apenas de 3 a 5% das publicações odiosas e aproximadamente 0,6% da violência presentes na rede social, “apesar de ser a melhor do mundo nisso”.

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Isso acontece porque os algoritmos do Facebook, especialmente aquele implementado em 2018, geram maior engajamento para publicações com teor negativo — que geram medo, desgosto, desconforto ou raiva. “É mais fácil deixar as pessoas com raiva do que com outras emoções”, comenta Haugen.

Na época, a ideia era dar mais importância para “publicações revelantes” para o usuário, mas o algoritmo não levava em conta a mensagem da publicação. Segundo a reportagem do Wall Street Journal, a mudança resultou em uma guinada na proliferação de posts com fake news, toxicidade ou conteúdo violento.

Após a aparição pública, Haugen depôs no Senado dos EUA na última terça (5). “Eu acredito que os produtos do Facebook prejudicam crianças, acentuam a polarização e enfraquecem a nossa democracia. A liderança da empresa sabe como deixar o Facebook e o Instagram mais seguros, mas ela não fará as mudanças necessárias porque o lucro foi colocado acima das pessoas”, disse na ocasião.

Resposta do Facebook

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A reação da empresa, após a segunda-feira conturbada, foi de desqualificar Haugen e o depoimento da ex-funcionária. “Hoje, um comitê de comércio do Senado realizou uma audiência com uma ex-gerente de produto do Facebook que trabalhou para a empresa por menos de dois anos, não tinha subordinados diretos, nunca compareceu a uma reunião de ponto de decisão com o alto escalão executivo e disse mais de seis vezes para não trabalhar no assunto em questão”, disse um porta-voz da empresa ao The Verge.

Sem mencionar exatamente o que Haugen disse que não seria verídico, a empresa disse discordar do seu relato. Ainda assim, o Facebook alegou que concorda com a criação de regulamentos para a internet. “É o momento para a ação do congresso”, pontuou.

O que disse Mark Zuckerberg

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Quebrando o silêncio nesta terça-feira (5), o CEO do Facebook Mark Zuckerberg também contornou as acusações da ex-funcionária. “O argumento de que promovemos deliberadamente conteúdo que deixa as pessoas com raiva em nome do lucro é profundamente ilógico”, pontuou em post no Facebook.

“Ganhamos dinheiro com anúncios, e os anunciantes nos dizem que não querem que seus anúncios estejam próximos a conteúdo prejudicial ou agressivo — e eu não conheço nenhuma empresa de tecnologia que se proponha a construir produtos que deixem pessoas com raiva ou deprimidas. Os incentivos morais, de negócios e de produto apontam todos na direção oposta”, continuou o CEO.

Ao falar sobre a segurança do ambiente digital do Facebook para crianças, Zuckerberg afirma que a empresa está focada em levantar questões de como aprimorar a segurança das plataformas e que já “gastaram muito tempo” projetando experiências destinadas aos menores.

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Um exemplo desse esforço, segundo o criador da rede social, estaria na criação do Messenger Kids, plataforma de comunicação especial para crianças. O mensageiro é bem parecido com o chat tradicional, mas é recheado de recursos e mecanismos de segurança para controle parental e proteção de identidade — os pais podem ficar de olho em praticamente tudo que acontece no app através do “Painel para pais”.

O caso de Haugen deve se prolongar por mais algum tempo, à medida que novas acusações possivelmente serão feitas a partir de documentos ou declarações da ex-funcionária. Por agora, resta ficar de olho no que essa disputa judicial pode gerar para a rede social.

Fonte: The Verge (1, 2, 3), WSJ