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Sandman | Conheça as várias versões do personagem dos quadrinhos da DC

Por| 14 de Agosto de 2022 às 09h00

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DC Comics
DC Comics

Sandman finalmente chegou à Netflix, e uma das coisas que muitos dos novos leitores e telespectadores perguntam é se o Mestre dos Sonhos interage com o universo de super-heróis da DC. Na verdade, Neil Gaiman usou bastante a cronologia tradicional da editora abriu uma ponte entre as aventuras heroicas e um canto mais sombrio e misterioso, explorado pelo selo Vertigo. Vários personagens carregaram o nome, e abaixo você vai conhecer ou relembrar os principais.

A própria concepção de Morpheus tem raízes nas histórias de heróis, mais especificamente da Era de Ouro de Quadrinhos, entre 1930 e 1950, quando as tramas ainda não envolviam fantasia ou ficção científica. Os gibis ainda reproduziam os gêneros literários que faziam sucesso na virada do século, os de investigação policial e mistério, com influência detetivesca de Sherlock Holmes.

As publicações de baixo custo com ambientação noir, as pulp fiction, eram bastante populares, e o próprio formato tosco oferecia uma atmosfera crua e decadente, que combinava bem com os assassinatos e casos assustadores, cheios de suspense. Foi nessa época que nasceu Wesley Dodds, o primeiro Sandman da DC Comics.

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O Sandman Wesley Dodds

O personagem foi criado por Gardner Fox e Bert Christman e estreou em Adventure Comics #40, em 1939. Na época, havia um fetiche urbano popular por magnatas entediados que aproveitam sua imagem perfeita frente à sociedade estadunidense para explorar seu lado sombrio no sigilo, em uma vida dupla como alter-ego vigilante, capaz de fazer justiça com as próprias mãos.

É claro que você vai notar que isso se assemelha bastante com o Batman, mas isso não é uma coincidência. Bruce Wayne pode ser o mais popular, mas muitos personagens eram caracterizados assim, de robe lendo jornais e fumando cachimbo, exercitando investigações “autodidatas”, com certa influência de Arthur Conan Doyle.

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Essa caracterização de Dodds mudou ao longo das décadas, mas seu alter-ego, o Sandman clássico, permaneceu o mesmo: ele usa um terno verde com capa e um chapéu fedora, com uma máscara de gás da Primeira Guerra Mundial. Além das habilidades como detetive, tem amplo conhecimento em Química e é inventor. Sua arma customizada dispara gás sonífero e ele também possui projéteis que lançam cabos de aço.

Ele não tem poderes, mas suas tramas sempre envolveram sonhos premonitórios encriptados, que o ajudavam desvendar os casos. Nos anos 1960, após um período sumido, Dodds foi incorporado à Sociedade da Justiça, na cronologia de heróis da DC, e até teve um ajudante chamado Sandy. Na época do selo adulto Vertigo, nos anos 1990, suas HQs traziam de volta a atmosfera policial noir em Sandman Mistery Theatre.

Nessa época, ele chegou a se encontrar com o Sandman de Neil Gaiman, em uma edição especial. Atualmente, Dodds anda meio sumido, mas de vez em quando aparece em eventos e crossovers.

O Sandman Garrett Sandford

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Nos anos 1970, a DC aproveitou o auge da Era de Prata dos Quadrinhos para criar um super-herói que foi originalmente pensado para ser uma entidade eterna e imortal. Acho que todo mundo que está lendo já deve ter ouvido a famosa canção Mr. Sandman, criada por Pat Ballard em 1954, que faz associação com a figura folclórica do João Pestana, que na mitologia portuguesa chega sorrateiramente para jogar areia nas pálpebras das crianças para fazê-las ninar. Dodds também foi influenciado por esse conto popular, e Garrett Sandford agregou mais elementos disso.

Criado por Jack Kirby e Joe Simon, Sandford era um professor que conseguia acessar a Dimensão Sonho por meio de seu Monitor Onírico, como parte do Projeto Sandman. Depois de salvar o presidente dos Estados Unidos, Sandford ficou aprisionado na Dimensão Sonho, o que mais tarde lhe conferiu a habilidade de acessar essa realidade uma hora por dia. Assim, ele decidiu proteger esse plano existencial, impedindo que os pesadelos tomem o controle.

Sandford tinha a ajuda de dois pesadelos, Brute e Glob, e de um garoto chamado Jed Paulsen. Depois de várias aventuras ao lado da Liga da Justiça, ele se tornou depressivo por conta da solidão e cometeu suicídio. Brute e Glob, então, recrutaram Hector Hall para ser seu substituto.

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Hector, mais tarde, foi revelado como filho de Carter Hall e Shiera, o Gavião Negro e a Mulher-Gavião, imortais, reencarnações de um faraó egípcio e sua esposa. Hector também tem ciclos de vida, e em outra versão ele voltou como o Doutor Destino (o da DC, não o da Marvel, claro).

O Sandman Morpheus

No final dos anos 1980, as revistas de super-heróis entraram em queda. Nesse cenário, as histórias mais cruas e realistas, com tom adulto, a exemplo de Batman: O Cavaleiro das Trevas e Watchmen, começaram a fazer mais sucesso que as fórmulas desgastadas e as tramas muito inocentes ou complicadas demais. O segmento não conseguia encontrar novos caminhos e ainda insistia em elementos que fizeram sucesso na Era de Ouro e de Prata.

Como Alan Moore conseguiu integrar sua releitura do Monstro do Pântano com o universo de heróis da DC, a editora enxergou caminho interessante, que podia oferecer uma nova perspectiva sobre o lado misterioso e sobrenatural que a companhia sempre teve. E a “invasão britânica” trazia autores com diferentes influências literárias; então, a empresa apostou em mais uma revisão de personagem, em uma abordagem mais adulta e sombria.

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Foi então que Gaiman foi convocado para criar sua versão de Sandman. E, em vez de substituir os heróis que tinham esse nome no passado, ele aproveitou as histórias dos predecessores de forma brilhante em sua releitura. A começar pelo Sonhar, o reino de Morpheus, que é uma caracterização mais ampla da Dimensão Sonho do Sandman Garrett Stanford.

O primeiro arco, Prelúdios e Noturnos, assim como a própria concepção de Sandman, evocam uma atmosfera de mistério e suspense, em homenagem ao Sandman Wesley Dodds — o primeiro volume da trajetória de Morpheus tem também o protagonista investigando para saber onde foram parar os elementos que sumiram do Sonhar, assim como seus pertences.

Hector Hall aparece nos quadrinhos trajado como o herói Sandman e é quem engravida a ex-heroína Hipollyta Hall, que dá à luz a Daniel, posteriormente o sucessor de Morpheus como o Mestre dos Sonhos. Lyta apareceu na adaptação da Netflix, e também ficou grávida de Hector, caracterizado de forma diferente, sem a menção de ele ter sido um combatente do crime.

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Jed Walker usa a roupa de Garrett Sandford na Netflix, e, assim como nos quadrinhos, ele é uma alusão ao garoto Jed Paulsen, que era o sidekick de Sandford. E, embora tenham sido substituídos pelo pesadelo Gault na TV, nos quadrinhos o mesmo papel foi realizado por Brute e Glob, os pesadelos que apareciam nas tramas de Sandford e Hall.

A própria função de Morpheus é semelhante à de Sandford. Só que, em vez de monitorar a Dimensão Sonho para evitar que os pesadelos ganhassem mais poder do que deveriam, o Sandman de Gaiman mostra funções mais amplas no gerenciamento do Sonhar.

E, assim como o João Pestana, o Sandman de Gaiman, que tem o visual inspirado em Robert Smith, do The Cure, também aparece sorrateiramente das sombras, para controlar os sonhos das pessoas. Ah, já que estamos falando de música, Enter Sandman, do Metallica, mistura um pouco da figura folclórica do João Pestana com a ambientação soturna de Morpheus.

O Sandman Daniel Hall

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Atualmente, o Sandman mais atuante nos quadrinhos da DC é Daniel Hall, o filho de Hector e Lyta Hall, que substituiu Morpheus no final da trama criada por Gaiman. Daniel é um jovem Mestre dos Sonhos, e, diferente de seu antecessor, é mais curioso, sociável, falante e aventureiro. Além disso, sua ligação com o mundo real é maior, já que, embora tenha sido gerado no Sonhar, ele nasceu como humano.

Justamente por essas características, ele é mais relapso com suas tarefas e obrigações no Sonhar e com outros reinos; e não tem assim muita comunicação com os outros Perpétuos. Daniel interage muito mais com os heróis da DC, e apareceu em várias sagas; inclusive, tem tido papel importante nos principais eventos, ao lado de Batman, Superman, Mulher-Maravilha e cia.

E por ser mais novo, Daniel costuma passar mais tempo na realidade desperto, tentando descobrir mais sobre como agir como Mestre dos Sonhos enquanto compreende mais sobre o seu passado e seu antecessor. Infelizmente, suas histórias fora da trajetória de Morpheus não são tão geniais quanto as anteriores, já que Gaiman assinou poucas de suas publicações.

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Mas, o mais importante em todas as encarnações de Sandman é que, atualmente, elas têm uma ligação e ganharam um reposicionamento digno na cronologia da DC — veja bem, Gaiman deu um destino muito melhor do que o suicídio para o Sandman Garrett Sandford. Morpheus conectou todos os Sandmen de uma forma que homenageia uma das principais características da editora, o legado.