Marvel admite um dos maiores problemas das atuais HQs do Homem-Aranha
Por Claudio Yuge | •
É quase um consenso entre os fãs que as melhores histórias em quadrinhos do Homem-Aranha ficaram no passado, seja no mais distante, entre os anos 1960 e 1980, principalmente na fase do desenhista John Romita Sr.; e até em mais recentes, como a primeira era do Homem-Aranha Superior, já há mais de dez anos. As atuais HQs do Escalador de Paredes não vêm agradando os leitores há meses, e, agora, até a própria Marvel Comics admite oficialmente isso.
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Em uma análise pessoal, baseada também nas opiniões de outros leitores, as HQs do Homem-Aranha têm faltado com alguns dos principais aspectos que tornaram o personagem no que todos acreditaram ser um clássico. As mudanças vistas atualmente em suas tramas têm mostrado que aquele Amigão da Vizinhança da época de John Romita Sr. parece não ser eterno.
Esse, aliás, é um dos principais problemas: o Homem-Aranha não tem sido o “Amigo da Vizinhança” que se importa com os moradores e questões de sua comunidade local, assim como ele tem feito com qualquer conflito mundial.
Além disso, faltam atualmente coadjuvantes que também componham melhor o lado humano: há muito não temos pessoas como a Tia May, Mary Jane, Norman Osborn, Flash Thompson e até J. J. Jameson definindo o cotidiano de Peter Parker — não precisa repetir isso à exaustão, como vinha acontecendo, mas faltam substitutos pelo menos que possam ser uma rede de apoio parecida.
E, para completar, Parker anda cada vez mais amargo e odiado pela própria comunidade de heróis, sem o brilho daquele “herói que apanha do mundo porque aguenta”. Isso sem contar o fato de que o aparente definitivo fim do romance com Mary Jane foi um tanto quanto sombrio e perturbador.
Como a Marvel admitiu o problema?
Durante um monólogo na prévia de The Amazing Spider-Man 2024 Annual # 1, que chega às bancas nesta semana, o Homem-Aranha se refere a ser “Amigão da Vizinhança” algo que ele acha algo muito difícil nos dias atuais, ainda mais 24 horas por dia nos sete dias da semana.
Uma das razões é o fato dele mesmo não conseguir mais lidar com alguns fatos locais muitas vezes ignorados pelos outros que o chamam de “Amigo da Vizinhança”: neste caso, ele não fica assim mais com tanta vontade de “ser amigável” após ver um homem morrer no dia anterior — ou seja, Parker já não aguenta “apanhar do mundo” como sempre conseguiu.
Muita coisa mudou desde a primeira aparição do Homem-Aranha, e depois de ser um super-herói por décadas, o combate ao crime é uma carreira para ele neste momento. Nem todo mundo gosta de trabalhar todos os dias, especialmente depois de durante anos no mesmo ramo, e sempre haverá alguns dias ruins, em que não terá vontade de seguir o roteiro usual.
Ou seja, a Marvel Comics sabe que isso está acontecendo com o Homem-Aranha, mas, ao mesmo tempo em que não deixa ele amadurecer, como na atual versão Ultimate, em que ele é casado e pai de dois filhos; também não deixa para trás seu aspecto de jovem em seus 20 e poucos anos.
O Homem-Aranha não precisa ser jovem pra sempre e o próprio Miles Morales pode assumir algumas dessas características com mais propriedade. O problema maior da Marvel Comics é mesmo deixa Peter Parker amadurecer e levar para a próxima fase da vida adulta novos e cativantes coadjuvantes e diferentes formas de heroísmo. E, ainda assim, de vez em quando, conseguir voltar ao seu bairro para ser o velho “Amigo da Vizinhança” de sempre.
Vejamos o que a Casa das Ideias tem reserva para o Homem-Aranha nos próximos anos.