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8 maiores diferenças entre as histórias de Thor na mitologia nórdica e na Marvel

Por| 29 de Agosto de 2021 às 11h00

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Montagem/Canaltech
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Todo mundo que gosta ou se interessa mais sobre mitologia, sabe que Thor Odinson, o famoso Deus do Trovão dos quadrinhos e filmes do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês), é baseado na versão clássica da história nórdica. E, embora se inspire em vários elementos antigos, o herói marvete não só acrescentou ou modificou algumas coisas antigas como também desenvolveu uma trajetória própria, que mistura um pouco a tradicional fantasia medieval com ficção científica — e, claro, aquele jeitinho cheio de humor e diversão, no melhor estilo da Casa das Ideias.

Muita gente acredita que o MCU começou com Homem de Ferro, mas, na minha opinião, ele foi “confirmado” mesmo com Thor. Ainda que o primeiro longa de Chris Hemsworth e Tom Hiddleston não esteja nem entre os 10 melhores da Marvel Studios, teve um papel importante: o de realmente introduzir o Universo Marvel nas telonas.

Homem de Ferro ainda seguia alguns parâmetros da indústria de comédia de ação, mas Thor, além de mesclar a fantasia medieval e a ficção científica, também teve que já mostrar alguma interação com o filme do Gladiador Esmeralda. E mais: ambos, visualmente, teriam que se encaixar na realidade crua da alta espionagem de Capitão América: O Primeiro Vingador.

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Então, foi com Thor que vimos que aquela não era a Asgard dos contos nórdicos. Era a Asgard da Marvel, com a ponte de arco-íris da Casa das Ideias e toda aquela brincadeira com deuses espaciais. Foi ali que, pela primeira vez, vi que estávamos mesmo perante ao nascimento de um universo de histórias compartilhadas, como acontece nos gibis há décadas.

E, bem, você sabe o que a Marvel mudou ou acrescentou nos contos mais antigos da mitologia nórdica muita coisa em relação ao Thor e outros personagens conectados ao Deus do Trovão? Abaixo alguns destaques:

1. O próprio Thor

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Como é na mitologia clássica: O Thor original não fala inglês e tem cabelos ruivos. Ele precisa de luvas mágicas para que o Mjolnir volte para suas mãos e costuma usar um cinto especial para martelar com potência máxima. Aliás, a própria ferramenta é bem menor e, em algumas representações, parece mais um martelinho de ouro para conserto de carros.

Além disso, o Deus do Trovão antigo não pode voar; ele só consegue fazer isso com a carona de seus bodes Toothgnasher e Toothgrinder. Seu grande romance é com Sif.

Como é na Marvel: Odinson é loiro e costuma falar inglês shakespeariano e, como sabemos, o Mjolnir o permite voar e invocar trovões e relâmpagos. Na realidade paralela dos Supremos, Thor chegou a usar um cinto, uma referência à versão clássica; e em uma fase mais recente, quando estava “indigno” do seu martelo, Odinson usou Toothgnasher para se locomover. E nas páginas da revista, seu grande amor é Jane Foster, que também já assumiu o posto de Deusa do Trovão.

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Vale destacar que as histórias do Thor também já exploraram uma versão clássica do mesmo deus nórdico, em Red Norvell, um personagem que se parecia muito mais com a descrição dos contos antigos da humanidade.

2. Loki

Como é na mitologia clássica: Nas páginas antigas, Loki era muito mais descrito como um “deus da travessura” do que exatamente um vilão com grandes pretensões. Com temperamento imprevisível, ele estava sempre envolto a confusões, ora pregando peças em seus conhecidos, outras vezes insultando-os; e em muitos casos, também ajudando os companheiros — embora, na maioria das ocasiões, fosse apenas para remediar o que ele mesmo causou.

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Na mitologia clássica Loki foi o criador de seres e monstros bizarros, incluindo Hela, a deusa da morte; o dragão Jörmungandr, e o cavalo de oito patas de Odin, Sleipnir.

Como é na Marvel: O Loki da Marvel é baseado na figura do antigo trapaceiro, que já havia se transformando em algo mais parecido com o próprio diabo cristão na cultura popular. Inicialmente, era apenas o meio-irmão de Odinson aprontando vilanias para tentar “se vingar” da atenção que Thor sempre teria recebido a mais de seu pai adotivo, Odin. Embora compartilhe semelhança com sua ascendência vinda dos Gigantes de Gelo, os quadrinhos se descolam da mitologia quando Odin adota Loki na Marvel, e o antagonista aos poucos vai mudando.

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E, depois dos filmes do MCU, Loki foi deixando de ser vilão para ter seus momentos de anti-herói, e, até mesmo, herói. Em sua série no Disney+ ele está muito mais próximo dessa sua última faceta — algo que destoa completamente com sua versão original clássica.

3. Balder

Como é na mitologia clássica: Também conhecido como Baldur ou Baldr, o personagem é a representação do mais puro heroísmo, como um deus da luz, da felicidade e de todas as coisas boas. Ele se dá bem com a maioria das entidades e outras divindades, com exceção de Loki, que odeia-o. Seu corpo é protegido pelo juramento dos seres vivos de não causar mal a ele, com exceção do visgo, que é seu ponto fraco — ele é alvejado com uma flecha feita disso. Sua morte nos livros antigos é o que desencadeia o apocalipse dos deuses nórdicos, o Ragnarok.

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Como é na Marvel: A versão dos quadrinhos empresta a mesma sabedoria e felicidade da versão original, mas com um “upgrade” de combate, que o torna um guerreiro tão talentoso quanto Thor. A propósito, as habilidades com sua espada são grandes aliadas na luta. Balder, o Bravo, teve uma passagem gloriosa na fase oitentista de Walt Simonson, mas, curiosamente, foi esquecido nas adaptações e nos arcos mais recentes das revistas de Odinson — embora seja muito querido pelos fãs e esteja ausente há alguns anos das tramas asgardianas.

Assim como nos contos clássicos, ele também morreu graças a um plano de Loki, e deu início ao Ragnarok. Mas, como estamos falando de gibis, Balder ressuscitou posteriormente.

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4. Lady Sif

Como é na mitologia clássica: A versão antiga de Sif servia às referências arcaicas do papel da mulher apenas como alguém que dá apoio aos protagonistas masculinos e se dedica mais à criação e manutenção da vida. Ela é a deusa da colheita e não se envolve muito nos combates. Em uma das narrativas mais famosas, Loki a engana e corta seus cabelos. A tristeza da moça afeta as plantações e a fúria de Thor obriga o Deus da Trapaça a consertar o que causou, com a ajuda de anões, que fazem um novo penteado renovado para a musa.

Como é na Marvel: Na Marvel, Sif sempre esteve mais próxima do campo de batalha e possui grandes habilidades de combate. Ela nunca esteve atrelada ao papel ultrapassado da versão original, que era quase uma servente. Nas HQs e no MCU, a personagem vem ganhando ainda mais personalidade e estofo, tornando-se uma guerreira tão importante em Asgard quanto os deuses nórdicos mais conhecidos na Casa das Ideias.

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5. Odin

Como é na mitologia clássica: O Odin original é um deus da guerra que não liga tanto assim para justiça, paz ou leis. Ele adora lutas e de se ver em Thor nas grandes batalhas; e é muito mais temido do que adorado. Além disso, ele mostra um temperamento inconstante e alguns níveis de crueldade. Nos contos, ele troca um de seus olhos por uma magia poderosa.

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Como é na Marvel: A versão inicial da Marvel é muito mais bondosa, embora a que vimos com Anthony Hopkins em Thor: Ragnarok já esteja atualizada com o conceito atual do personagem. Aos poucos a Marvel revela mais do passado de Odin como guerreiro, inclusive no lugar de Thor nos Vingadores Ancestrais. Muitas de suas decisões, digamos, questionáveis, estão aparecendo atualmente em sagas que exploram as consequências de atos passados, a exemplo do que ocorreu em A Essência do Medo e em um arco recente da revista mensal do Deus do Trovão, em uma trama com o alter-ego Donald Blake.

E a magia adquirida com a perda do olho no conto original aqui se torna a chamada Odinforce, que é passada ao atual dono do trono de Asgard como uma fonte de energia descomunal — seu uso está condicionado ao longo sono chamado de Odinsleep, que serve para “recarregar as baterias”.

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6. Criações próprias da Marvel

Vários dos personagens que vivem rodeando Thor não vieram exatamente de um análogo ancestral ou foram influenciados por algum participante dos contos nórdicos originais. Entre os heróis criados pela Marvel Comics estão Fandral, Hogun e Volstagg, trio que é considerado “os três mosqueteiros” de Thor.

Já do lado dos vilões, entre as criações estão a poderosa feiticeira Encantor, o executor Skurge, o elfo sombrio Malekith e o Destruidor, arma asgardiana forjada com a energia dos Celestiais e o metal mágico Uru — o mesmo do qual o Mjolnir foi forjado.

7. Gigantes de Gelo

Como é na mitologia clássica: Jotunheim é um dos nove reinos da mitologia nórdica, e é habitado pelos Gigantes de Gelo, que, originalmente, são bem diferentes do estereótipo bárbaro visto na Marvel e outras representações ao longo das décadas mais recentes. Na versão clássica, suas aparências são mais suaves e são vistos como “deuses da natureza”, devido à conexão com o meio ambiente e as criaturas. Eles são poderosos e sábios e Odin, literalmente, bebeu na fonte da poesia dessa raça para levá-la para Asgard.

Como é na Marvel: A versão da editora é muito mais conectada a uma oposição a Asgard e aos outros reinos, algo que, na verdade, tem uma função alinhada com a proposta original. Além de o fato dos Gigantes do Gelo possuírem conhecimento e uma poderosa arma mágica, a Caixa do Inverno Eterno, eles também são lembrados pelo mesmo fato que cerca os contos originais: o de Loki ser, na verdade, um jotun, adotado por Odin.

8. Ragnarok

Como é na mitologia clássica: Nos tradicionais contos nórdicos, há variações do Ragnarok com alguns detalhes alterados ou acrescentados ao longo do tempo, mas o tema é o mesmo, desde suas primeiras aparições, entre os séculos XX e XIII: significa o fim do mundo dos deuses e dos homens, que é representado por uma grande batalha entre os heróis e os gigantes e demônios em Asgard, um reino conectado à Árvore do Mundo, Yggdrisil (ou Yggdrasil); e a outros locais por meio da ponte Bifrost . A morte e o retorno de Balder costumam estar atrelados ao ciclo de falecimento e ressurreição dos deuses.

Os Gigantes de Gelo, os Gigantes de Fogo (liderados por Surtur) e os mortos (liderados por Loki) atacam Asgard; e todos os elfos, anões e humanos de outros reinos se juntam à batalha. Odin é comido pelo grande lobo Fenrir, Thor morre derrotando a Serpente Midgard, Loki e Heimdall se matam; e Surtur destroi o universo em meio a chamas.

Como é na Marvel: A editora também destaca Yggdrasil como a Árvore da Vida conectada a uma Asgard e à Bifrost, contudo, o Ragnarok é bem diferente. Aliás, os Ragnaroks, porque foram vários ao longo dos anos na editora — alguns com mais ou menos elementos relacionados ao original. Dois deles foram muito importantes para construir a narrativa asgardiana ao longo dos anos, assim como abrir outras sagas na própria continuidade da Casa das Ideias.

O primeiro começou em 1966, mas só foi efetivamente acontecer em 1978, entre as edições Thor #272 e #278, e envolve a morte de Baldur e diversas catástrofes e criaturas, uma delas envolvendo o demônio Surtur e a deusa da morte Hela. Estes elementos sempre estão ligados ao Ragnarok de alguma forma — o próprio filme Thor: Ragnarok alinha essa combinação na adaptação. É neste arco que vemos o Thor Red Novell, mais parecido com a versão original do guerreiro, aparecer — aliás, é ele quem morre na verdade no lugar do Deus do Trovão.

Depois de mais Ragnarok com a chegada de Surtur na elogiada fase de Simonson nos anos 1980, o segundo que mais se destaca aconteceu novamente em 2004, quando Loki se junta a Surtur e manipula a forja dos anões em Nidavellir para criar vários Mjolnir. Com o navio de Hela consegue derrotar todo mundo, exceto Thor, que resiste, mas posteriormente entra em sono profundo enquanto os deuses também reiniciam seu ciclo. Essa ausência do Thor nos Vingadores gera várias consequências, como o famigerado clone do Deus do Trovão criado por Tony Stark, chamado, não à toa, de Ragnarok; e a implosão dos próprios Maiores Heróis do Mundo, na fase A Queda.

E vocês, quais outras diferenças notaram também entre a mitologia antiga e a moderna? Deixem aí nos comentários e compartilhem!