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A Xiaomi perdeu o encanto?

Por| Editado por Léo Müller | 25 de Março de 2023 às 10h30

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Ivo Meneghel Jr/Canaltech
Ivo Meneghel Jr/Canaltech
Tudo sobre Xiaomi

A Xiaomi já se tornou uma das maiores fabricantes de celulares no mundo há alguns anos e, no Brasil, a chinesa ganhou bastante popularidade desde o final de 2018, atingindo um ápice em meados de 2019.

Neste período, a companhia estava “na boca do povo” e chamou bastante atenção, seja pelo custo-benefício de seus modelos intermediários — como o Pocophone F1, que foi um dos seus grandes sucessos — ou pelos topos de linhas bem chamativos e mais acessíveis, como o Mi 9 Pro.

No entanto, essa fama toda chegou a um declínio nos últimos meses, e a Xiaomi já não tem mais o “charme” que tinha antes. Ainda tem a sua parcela de fãs fiéis, é claro, mas hoje é mais raro encontrar alguém que a defenda com unhas e dentes como há alguns anos.

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Mas por que esse comportamento mudou entre os amantes da marca ou entre as pessoas que gostam de acompanhar produtos de tecnologia? O que mudou na marca ou em seus aparelhos que a fez perder tanto o atrativo que tinha há algum tempo?

A Xiaomi perdeu, de fato, a sua popularidade?

Se antes a Xiaomi se destacava pelo custo-benefício e pelos celulares de alta qualidade vendidos a um preço mais acessível, hoje isso já não acontece mais.

Em 2019, a companhia atingiu seu ápice de popularidade e isso é evidenciado pela quantidade de buscas pelo nome da empresa no Google. As pesquisas por “Xiaomi” cresceram exponencialmente desde o último semestre de 2018, mas, da metade de 2019 para cá, foi só declínio nas buscas.

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Esse registro do Google Trends só prova uma sensação entre muitas pessoas que acompanham tecnologia tiveram: a marca começou a perder a sua popularidade aos poucos e deixou de ser a “sensação do momento”, com menos fãs declarados do que a gente costumava ver há alguns anos.

É importante frisar que, ao passo que a Xiaomi atingiu um ápice e depois começou a cair em popularidade, as principais concorrentes — Apple e Samsung — continuam bastante em evidência. No seguinte gráfico, vemos que os termos “iPhone” e “Samsung”, apesar de apresentarem bastante oscilação, ainda estão em muita evidência no buscador.

Mas o que pode justificar esse declínio?

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O maior responsável por fazer a fama da Xiaomi foi o custo-benefício de seus intermediários, mas também o valor mais acessível dos modelos topos de linha que eram lançados há alguns anos. Modelos com um processador topo de linha eram encontrados por preços bem mais baixos do que os concorrentes que eram vendidos oficialmente no Brasil.

Dificuldades no mercado

Coincidentemente (ou não) o declínio da Xiaomi começou quando a fabricante pôs os pés oficialmente no país de novo, em 2019. Os preços praticados no mercado brasileiro não foram, nem de longe, parecidos com o que era visto em importações. Um exemplo é o Mi 9T — um dos primeiros a serem vendidos aqui — que custava cerca de R$ 2.000 para quem importava, mas foi anunciado pela marca por R$ 3.500.

Não preciso dizer que muitos fãs da marca continuaram preferindo importar do que pagar mais de R$ 1.000 só para ter uma garantia oficial da empresa, então o mercado cinza continuou a todo o vapor para os celulares da chinesa.

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O problema é que, após isso, alguns empecilhos começaram a dificultar até para quem quer comprar um celular importado da marca. O primeiro, é claro, é o fator financeiro: a alta do dólar e a possibilidade de ainda ser taxado quando o produto chegasse no Brasil deixou o brasileiro com “um pé atrás”.

Enquanto isso, algumas concorrentes no mundo Android — como Motorola e Samsung — começaram a melhorar um pouco em custo-benefício, a primeira com a linha Moto G e a segunda com as linhas Galaxy A e Galaxy M (bem como o Galaxy S20 FE que, inclusive, foi eleito como o melhor custo-benefício por dois anos consecutivos no Prêmio Canaltech).

Tudo isso, somado à “preguiça” de esperar tanto tempo para que o celular chegasse (modelos importados podiam levar até três ou quatro meses para chegar, dependendo da origem) fez com que as concorrentes que já atuam aqui há mais tempo ganhassem mais espaço neste cenário.

Aparelhos “mais do mesmo”

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Fora as intempéries relacionadas ao mercado nacional e as importações, o comportamento da própria Xiaomi também pode ter atrapalhado a chinesa no nosso país. Muitos aparelhos iguais e a falta de diversidade nas linhas principais são alguns exemplos que já estão na ponta da língua.

A bagunça que a companhia faz com cada uma de suas linhas — Xiaomi, POCO e Redmi — pode confundir um pouco alguns clientes. Um aparelho que é lançado como Xiaomi em um país pode chegar a outro como POCO e, aqui, como Redmi. Ou seja, o mesmo aparelho — com as mesmas características e especificações — pode ter três ou mais nomes e preços diferentes dependendo do seu destino.

Apesar de chato, isso é o de menos. O problema é que, a cada nova geração, os aparelhos estão quase iguais, sem um grande diferencial para chamar atenção e vender mais.

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Claro, houve alguns exemplos fora da curva — como o Mi 11 Ultra com sua tela traseira ou o POCO F4 GT com seus gatilhos físicos para games — mas a grande maioria não traz muita mudança: é sempre a mesma tela, o mesmo chip (ou um equivalente) e os mesmos recursos.

Marcas como Apple e Samsung até conseguem bancar “evoluções laterais” como essas, mas suas linhas de celular são muito mais simples de entender, e qualquer consumidor sabe exatamente o que vai receber com cada nova geração.

Cronograma de atualizações tímido e confuso

Enquanto a Samsung melhorou bastante em relação aos seus updates, oferecendo quatro novas versões do Android e cinco anos de update de segurança para seus topos de linha e quatro atualizações geracionais com três anos de segurança para seus intermediários, a Xiaomi tem uma política um pouco confusa com seus aparelhos.

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A chinesa até costuma liberar uma quantidade razoável de atualizações, mas a maioria é para a MIUI, a interface personalizada da companhia. Dessa forma, um celular recebe uma nova versão da skin, mas continua com o Android desatualizado em relação à concorrência.

Também ocorre de dois aparelhos da marca estarem com a mesma versão da MIUI, mas com o Android diferente — o que pode confundir um pouco quem tenta entender como funciona o cronograma e o padrão da empresa para os updates.

Alguma linha ainda se destaca entre os modelos da Xiaomi?

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Apesar da queda na popularidade da Xiaomi, a marca ainda tem algumas linhas que se destacam um pouco por aqui, principalmente de modelos intermediários.

Os modelos das linha POCO X e POCO F, por exemplo, costumam ser bem recebidos no Brasil devido ao custo-benefício que ainda oferecem, principalmente depois de alguns meses que são lançados, quando já houve uma queda nos preços.

A linha Redmi Note é outra que sempre fez bastante sucesso e que, apesar de não ter mais a fama de antes, ainda atrai bastante compradores.

É possível que a Xiaomi recupere o prestígio de antes?

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A chinesa ainda tem bastante espaço para recuperar a posição perdida no mercado nacional. A fama criada pela marca por conta de seu ótimo custo-benefício de outrora certamente deixou seu nome em destaque no Brasil, mas é preciso “corrigir” algumas falhas para isso.

Nós já fizemos um artigo que destaca o que a Xiaomi precisa fazer para voltar a empolgar, mas é válido destacar alguns pontos: uma presença oficial mais forte no país, com preços realmente convidativos. Melhorar o pós-venda com políticas de atualização mais assertivas também pode dar um gás na reputação da marca.

É válido lembrar que este é um dos melhores momentos para isso: o intervalo entre os lançamentos dos topos de linha da Samsung no começo do ano e o anúncio de novos iPhones no último semestre é justamente o período em que a chinesa se deu melhor nos últimos anos.

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Em 2021, por exemplo, a empresa chegou a ultrapassar Samsung e Apple por um curto período e atingiu o topo das maiores fabricantes de smartphones no mundo. Então, este pode ser um bom período para tentar alavancar o sucesso de antes.