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Nokia, seus mapas e uma briga entre Uber, Google e outros gigantes

Por| 13 de Maio de 2015 às 15h57

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Nokia, seus mapas e uma briga entre Uber, Google e outros gigantes
Nokia, seus mapas e uma briga entre Uber, Google e outros gigantes
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Para a Nokia, é tempo de se renovar. Ainda vivendo com os efeitos da recente venda de sua divisão de smartphones para a Microsoft – um movimento bastante oportuno, já que ela vinha trabalhando já há algum tempo quase que exclusivamente com o Windows Phone –, a empresa finlandesa deixou os velhos tempos de fabricante de celulares para trás e volta a se focar nos setores de infraestrutura e telecomunicações. Enquanto reorganiza seus escritórios e estrutura interna, um segmento específico parece estar desalinhado: o de mapas.

Fruto de bastante especulação sobre uma venda iminente, que pode ser anunciada ainda antes do final de meio, o serviço Here se tornou um destaque paralelo. Apesar de não ter tanta tração em meio a soluções como o Google Maps ou os mapas da Apple, o serviço chama a atenção por sua qualidade. Por isso mesmo, a possibilidade de venda atraiu muita gente graúda do mercado de tecnologia, com destaque para o Uber, uma companhia que, recentemente, não deixa as páginas do noticiário.

E isso não acontece necessariamente por sua expansão, com uma plataforma que se estende a dezenas de países e centenas de cidades. A empresa tem um valor estimado em cerca de US$ 50 bilhões, um número que já a coloca na mira para uma abertura de capital e, mais do que isso, cresce quase tão rapidamente quanto as polêmicas em que o Uber se envolve.

Hoje, porém, vamos nos focar no primeiro aspecto dessa equação, justamente aquele que leva o serviço de transportes a ser um dos principais cotados para adquirir o Here. E a resposta pode até ser simples: o Uber deseja possuir seu próprio sistema de localização, uma vez que essa é uma das bases de seu negócio, e passar a depender menos de serviços de terceiros, que podem mudar a qualquer momento e prejudicar a vida de executivos, motoristas e clientes.

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O “pequeno” e o gigante se afastam

Mais do que isso, porém, a possibilidade de compra da plataforma de mapas da Nokia pelo Uber representa um distanciamento ainda maior entre a companhia e o Google, um de seus principais investidores e, até agora, principal fornecedor de serviços de localização para a empresa. Como afirmou uma reportagem do The Verge, é cedo demais para dizer que as duas companhias estão em guerra, mas ao mesmo tempo, é inegável que elas andam se estranhando.

E isso acontece por um motivo simples: uma está pisando no terreno da outra e, sendo assim, fica difícil cooperar. O Uber, por exemplo, adquiriu em março a deCarta, uma empresa, justamente, de serviços de localização, e vem contratando diversos profissionais da área para ampliar sua dependência. Além disso, uma parceria com a Universidade Carnegie Mellon está desenvolvendo um projeto de carros que se dirigem sozinhos, algo que, como todos sabem, é a menina dos olhos do Google.

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Enquanto isso, a gigante das buscas continua diversificando cada vez mais seus serviços e, atualmente, estuda propostas relacionadas à criação de um serviço de transportes e entrega de mantimentos. Ambos são setores em que o Uber já tem presença ativa, principalmente no primeiro caso, o cerne de sua atuação.

Se está realmente próximo de abrir suas ações na Bolsa de Valores, como já especulam muitos especialistas, o Uber pode ter que prestar contas sobre sua atuação bem em breve e, sendo assim, um funcionamento independente pode vir muito bem a calhar. Ajuda, também, o fato de a empresa contar com o Baidu como seu principal parceiro no mercado asiático. A empresa chinesa, ao mesmo tempo, vem ampliando seus serviços no Ocidente e, cada vez mais, se posicionando como uma concorrente ao Google.

Está formada, então, uma briga entre a tradicional gigante e um embrião de ser superpoderoso, com potencial para chegar lá em pouco tempo. E no meio disso tudo está a Nokia, de olho nos US$ 2,2 bilhões que devem entrar em seus cofres com a aquisição do Here – e há quem diga que as ofertas feitas pelo Uber já chegaram a US$ 3 bilhões. A partir daí, o campo está livre para focar naquilo que realmente importa e, assim como o próprio serviço de transportes, deixar de depender de terceiros para trabalhar com as próprias singularidades.

Outros players

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Alguns nomes, porém, podem acabar surgindo no meio desse caminho e, quem sabe, dificultar a vida do Uber. Estamos falando, por exemplo, de uma união entre montadoras alemãs de automóveis, como a BMW, a Audi e Mercedes-Benz, que podem ver no Here uma forma de trazer para si uma inovação que já está no painel de muitos de seus clientes.

Apesar de não ter muita penetração quando o assunto é downloads e uso de sua solução nos smartphones, a Nokia conta com o Here nos sistemas de navegação de diversos veículos dessas marcas, o que acabou gerando o interesse delas. Além disso, claro, temos a já citada questão dos carros que se dirigem sozinhos e são totalmente dependentes de plataformas desse tipo, sobre as quais os desenvolvedores tenham controle.

Por fim, mas não menos importante, temos o Facebook. Uma parceria com a Nokia, iniciada sem alardes no começo de maio, inclusive, levou muita gente a pensar que a empresa de Mark Zuckerberg havia comprado sorrateiramente o Here, sem falar nada para ninguém. Esse não parece ser o caso, o que não significa que a rede social não está interessada.

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A ideia, inclusive, é semelhante à independência buscada pelo Uber, um dos motivos pelos quais executivos da própria Nokia já se sentaram à mesa com o Facebook para anunciar a venda do Here. Apesar disso, não fica exatamente claro o que a rede social poderia inventar tendo um serviço de mapas à disposição, mas vem à mente serviços como o de compartilhamento de localização ou de reviews de estabelecimentos, coisas que já existem na plataforma mas que estão longe de ser um grande destaque.

Seja como for, aparentemente não falta muito para que a gente descubra toda a verdade. A venda do setor de mapas da Nokia é uma das prioridades da empresa para o atual ano fiscal e faz parte de sua reorganização interna, que inclusive, tem gerado demissões e até papos sobre o licenciamento da marca para fabricantes de celulares. Mas, antes disso, é hora de limpar a casa.