10 tendências do mercado brasileiro de TI e Telecom para 2023, segundo a IDC
Por Giovana Pignati • Editado por Claudio Yuge |
Nesta quinta-feira (2), a International Data Corporation (IDC) realizou uma coletiva de imprensa para apresentar os resultados do seu estudo IDC Predictions Brazil, que apresenta as principais tendências para o mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) anualmente.
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O Brasil, que atualmente ocupa o 11º no ranking global, deve avançar 5% em 2023, aproximando-se de um total de US$ 80 bilhões (R$ 400 bilhões, na cotação atual). Segundo o estudo, o avanço será de 3% na área de Telecom e de 6,2% em TI. O mercado de tecnologia da informação será impulsionado, principalmente, pelo consumo de soluções tecnológicas pelas empresas (B2B), que deve crescer 8,7% — com destaque para as áreas de Software e Cloud.
Dentre os principais destaques do setor, Luciano Ramos, recém-nomeado Country Manager da IDC Brasil, cita inteligência artificial, nuvem e segurança como as áreas de maior crescimento de mercado neste ano. Pietro Delai, diretor para o mercado corporativo na IDC América Latina, completou a fala de Ramos adicionando também analytics, visto que os quatro segmentos têm apresentado avanços expressivos nos últimos anos.
10 tendências do mercado brasileiro de TI e Telecom para 2023
1. Empresas devem reduzir os custos de nuvem através de serviços gerenciados
O estudo aponta que, para 93% das companhias consultadas, a otimização e redução dos custos de nuvem por meio de automação e pelo avanço do FinOps (gastos financeiros de infraestrutura) devem estimular os investimentos em provedores de serviços gerenciados, como Infrastructure as a Service (IaaS) e Platform as a Service (PaaS). Somados, os gastos com esses serviços vão avançar a marca de US$ 4,5 bilhões (R$ 22,7 bilhões) — um aumento de 41% em relação a 2022.
Com a maturidade do uso de Cloud (ou nuvem), as empresas também darão mais espaço para as pautas relacionadas a ESG (Meio Ambiente, Social e Governança). Grandes corporativas passam a demandar mais informações dos provedores sobre o impacto da nuvem em sua pegada de carbono, sejam diretas, ou indiretas.
2. Avanço na virtualização das redes de telecomunicações
Para Luciano Saboia, diretor de Pesquisa e Consultoria de Telecomunicações da IDC Latin America, com o fortalecimento dos laços entre provedores de nuvem e Telcos, espera-se um aprimoramento da transformação digital dessas empresas, que devem assumir algumas das tarefas necessárias nesse novo momento. "Nos próximos 5 anos, o consumo de nuvem pelo segmento de Telecom crescerá, em média, 35,2% em IaaS e 42,2% em PaaS anualmente", afirma.
3. Rede 5G impulsionará o "Wireless first"
Em 2023, teremos o movimento do Wireless first, que dá protagonismo às redes sem fio, devido à implementação do Wi-Fi 6 e da conectividade 5G. Segundo o estudo da IDC, espera-se que o mercado de Wi-Fi 6 tenha um crescimento de 17%, como consequência da implantação de tecnologias emergentes, como Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) e Inteligência Artificial (IA).
4. 5G vai aprimorar as aplicações de IoT, AI e aprendizado de máquina no Brasil
Segundo Saboia, a chegada da rede 5G impactará todo o ecossistema de tecnologia, gerando grande expectativa de transformação para os negócios. Com isso, empresas devem investir em redes privativas móveis, visando atender necessidades específicas de suas operações e resolver desafios de conectividade.
A nova rede de conexão permitirá o aprimoramento de verticais, como cloud, segurança, armazenamento e análise de dados, além de serviços gerenciados que são utilizados para aplicações em IoT, IA e aprendizado de máquina (ou machine learning). A previsão é que o mercado de redes móveis privadas cresça acima de 35% até 2026.
5. O mercado de Software as a Service deve avançar 27,6% em 2023
O estudo revela que cerca de 29% das empresas farão investimentos estratégicos relacionados a Software as a Service (SaaS). O mercado de software deve crescer 15,1% em 2023, incentivados por soluções de segurança, gestão de dados, AI e experiência do cliente — em que metade desses investimentos será em modelos SaaS, com previsão de crescer 27,6%.
6. Fusão de inteligência e automação traz novas capacidades para apoiar os negócios, mas ainda precisa ganhar confiança
Segundo 20,5% das empresas brasileiras entrevistadas, os processos de automação e Robotic Process Automation (RPA) serão estratégicos para as iniciativas que envolvem TI. Além disso, AI vai ganhar mais espaço, sendo o terceiro maior potencial, atrás apenas de cloud e segurança.
A expectativa é de que o Brasil ultrapasse US$ 1 bilhão (R$ 5,02, bilhões na cotação atual) de gastos neste ano, um aumento de 33% em relação a 2022. Já os gastos com soluções de automação inteligente devem superar US$ 214 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) — crescimento de 17% frente ao ano passado.
7. Segurança de TI e dados continuará sendo prioridade e motivo de preocupação em 2023
Segurança cibernética é vista como prioridade número um para 53,6% dos executivos brasileiros. Segundo Pietro Delai, o tema continuará no topo das preocupações em 2023, devido ao crescimento no uso e interações virtuais, principalmente no ambiente de trabalho. Os gastos em segurança devem crescer 13% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 6,5 bilhões) em 2023.
8. O mercado de dispositivos representará 43,7% de todas as receitas de TI no país
Segundo Reinaldo Sakis, diretor de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Latin America, o mercado de dispositivos enfrentou momentos críticos em 2022 e seguirá com uma dinâmica desafiadora neste ano. A previsão é de um primeiro semestre de adaptações à virada do ano e ao novo governo e o segundo de recuperação, apresentando um leve crescimento no consumo das famílias.
Apesar do crescimento modesto, o mercado de Devices representará 43,7% do total de gastos de TI no Brasil, com smartphones somando US$ 13 bilhões (R$ 65,6 bilhões), computadores US$ 5,8 bilhões (R$ 29,2 bilhões), Wearables US$ 882 milhões (R$ 4,4 bilhões), impressoras US$ 542 milhões (R$ 2,7 bilhões) e Tablets US$ 464 milhões (R$ 2,3 bilhões).
9. Queda no número de vendas de dispositivos através do varejo online
O varejo online continua perdendo participação no mercado, devido à volta do comércio físico. "O principal motivo é que as lojas físicas voltam a ganhar mais espaço por conta da maior flexibilidade de negociação no momento da venda associado a um volume de brasileiros que voltaram às compras presenciais após o auge da pandemia", esclarece Sakis.
As previsões da IDC, projetam uma receita de US$ 10 bilhões (R$ 50 bilhões) para o varejo físico, e de US$ 5 bilhões (R$ 25 bilhões) para o online. As vendas de smartphones devem crescer 6%, mas a previsão é de um recuo de 8,4% em PCs.
10. Mercado de dispositivos alinhado ao ESG
Segundo a IDC, fabricantes e canais de distribuição que oferecem produtos e serviços alinhados ao ESG terão mais chance de sucesso. Segundo Sakis, um dos destaques é o Device as a Service, que lida com logística reversa e economia circular, que deverá representar 5% das vendas B2B concluídas em 2023 — equivalente a US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão).