Publicidade

Restos da geleira mais antiga do mundo são achados na África do Sul

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

Compartilhe:
Unsplash/Miriam Duran
Unsplash/Miriam Duran

Caso você precisasse adivinhar, onde pensaria que foi encontrada a geleira mais antiga do mundo? Se você chutou Ártico ou Antártida, errou! Evidências da geleira mais antiga do mundo foram encontradas na África do Sul, sob depósitos de ouro, com idade estimada em 2,9 bilhões de anos. Os campos do mineral dourado são os maiores do mundo, e nos permitiram descobrir as condições da Terra no início de sua existência.

Os restos glaciais de bilhões de anos atrás nos permitem descobrir algumas coisas sobre o clima do planeta nessa época, algo que a ciência, no geral, desconhece. Há a teoria, por exemplo, da “Terra Bola de Neve”, período onde as concentrações de CO2 e CH4 na atmosfera eram muito baixas, gerando um “efeito estufa reverso” que teria resfriado todo o mundo e mantido o ciclo de gelo por milhões de anos. Isso pode ter gerado as geleiras sul-africanas — ou a região ficava, à época, nos polos.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Pesquisadores acreditam que o processo da Terra Bola de Neve possa ter ocorrido ao menos duas vezes no passado recente. A evidência sul-africana pode ser, nesse caso, a primeira já registrada desse período de resfriamento global.

O que denunciou a geleira da África do Sul?

Nos depósitos de ouro da África do Sul, foram encontradas morenas (ou moreias) glaciais fossilizadas, que são os restos de sedimentos não consolidados deixados pelas geleiras. Também foram analisadas as concentrações de isótopos de oxigênio nas rochas antigas, buscando descobrir as condições climáticas da época em que elas foram depositadas.

Segundo os cientistas, foram investigados 3 isótopos de oxigênio diferentes — 16O, 17O e 18O —, todos tipos de oxigênio, mas com pesos moleculares diferentes. Nas rochas, foram vistas poucas quantidades de 18O e muito 17O, o que quer dizer que os minerais se formaram em temperaturas bastante frias. Juntando essa evidência geotérmica com as morenas, temos a prova de que as minas de ouro sul-africanas já foram parte de geleiras, as mais antigas da Terra.

A localização do achado é bastante importante, segundo os pesquisadores. Isso significa que a mudança do “efeito estufa reverso” para o “efeito estufa padrão” pode ter ajudado na formação dos depósitos de ouro, mas isso terá de ser confirmado por estudos futuros. A análise com 3 tipos de oxigênio pode ser usada, no futuro, para buscar mais evidências sobre a glaciação da Terra, sendo uma nova forma de investigação do clima no passado do planeta.

Fonte: Geochemical Perspectives, EurekAlert! via IFLScience