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Redução da luz solar pode ter congelado a Terra no passado, aponta estudo

Por| 30 de Julho de 2020 às 14h10

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Oleg Kuznetsov
Oleg Kuznetsov

Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) encontraram evidências sugerindo que era glaciais que congelaram a Terra há 700 milhões de anos foram causadas por pequenas variações na incidência de luz solar, e impulsionaram o desenvolvimento de formas de vida em nosso planeta. As descobertas foram publicadas em um artigo no periódico Proceedings of the Royal Society A.

Em um passado distante, a Terra teve sua superfície coberta por gelo e, por isso, recebeu o nome “Terra Bola de Neve”. Ainda não há consenso sobre o que pode ter causado este congelamento, mas o fato é que foi o suficiente para reduzir a luz solar que atingia nosso planeta e os níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Assim, os pesquisadores acreditam que estes períodos de congelamento possam ter sido causados por glaciações induzidas por taxa, um fenômeno em que o nível de radiação solar que atinge a Terra muda tão rapidamente que permite um congelamento temporário.

No artigo, os pesquisadores observam também que duas das maiores ocorrências do desenvolvimento da vida em nosso planeta foram acompanhadas de grandes aumentos no oxigênio da atmosfera, o que mostrou as transições entre estados climáticos habitáveis. Além disso, essas ocorrências também foram acompanhadas de glaciações temporárias, o que sugere uma relação entre o desenvolvimento de vida e estes congelamentos.

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“Existem diversas ideias sobre o que causou esses congelamentos globais, e elas acabam apontando para modificações na radiação solar que chegava”, explica Constantin Arnscheidt, o autor líder do estudo. Isso também vale para a busca de vida em outros planetas, como coloca Arnscheidt: "Você poderia ter um planeta que fica bem dentro da zona habitável clássica. Mas, se a luz solar que o atinge mudar rápido demais, pode ocorrer uma Terra Bola de Neve", comenta.

Essas eras glaciais foram temporárias na Terra: quando o gelo não está cobrindo todo o planeta, os níveis de dióxido de carbono na atmosfera são controlados pelas rochas e minerais. Quando o cenário se inverte, o dióxido de carbono na atmosfera aumenta, e se inicia um efeito estufa que, aos poucos, vai encerrando a era glacial.

Passado congelado e desconhecido

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Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores desenvolveram um modelo matemático simples do sistema climático da Terra. O modelo representou diversas relações climáticas do nosso planeta, como as relações do fluxo de radiação solar, a temperatura da superfície do planeta e outros, para entender as condições que poderiam gerar uma Terra de Neve.

Assim, eles descobriram que o planeta tem mais chances de congelar se a radiação que recebe sofrer redução em uma taxa maior do que a taxa crítica, que é um nível específico de luz solar. Arnscheidt estima que essa taxa crítica seja uma redução de 2% da luz solar durante um período de 10.000 anos. Pode parecer pouco, mas seria o suficiente para iniciar uma era glacial.

Os mecanismos que poderiam causar essa interrupção de luz solar no passado ainda não estão certos: é possível que vulcões emitiram aerossóis na atmosfera e acabaram bloqueando a luz solar, ou algas primitivas evoluíram e facilitaram formações de nuvens que refletem as luzes, entre outras possibilidades.

E fica o alerta: Arnscheidt destaca que, mesmo que a humanidade não vá iniciar uma nova glaciação no momento climático atual, essas taxas precisam de atenção. “Por exemplo, isso nos ensina que não devemos estar cientes apenas do impacto das mudanças do clima da Terra, mas também da velocidade dessas mudanças”, finaliza.

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Fonte: MIT News, Forbes