Ondas de calor extremo em diversas cidades são observadas a partir do espaço
Por Wyllian Torres • Editado por Rafael Rigues |
Em junho deste ano, partes da Europa, EUA e Ásia registraram temperaturas do ar 10 °C ou mais acima do esperado para esta época do ano — marcando novos recordes; e o impacto dessa onda de calor em várias cidades foi registrado pelo instrumento ECOSTRESS, acoplado à Estação Espacial Internacional (ISS).
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Estes extremos são apenas uma amostra do que poderá se tornar um padrão caso as mudanças climáticas não sejam enfrentadas com a urgência necessária. Nos centros urbanos, onde o calor se dissipa mais lentamente, as “ilhas de calor” se tornarão ainda mais intensas.
Embora as imagens registradas pelo ECOSTRESS revelem um cenário preocupante, elas mostram como o equipamento tem fornecido informações geoespaciais valiosas que podem ser usadas para lidar com os efeitos das ondas de calor mais intensas em um futuro próximo.
O ECOSTRESS, que pertence ao Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, tem ajudado a equipe da Agência Espacial Europeia (ESA) a desenvolver seu novo satélite Copernicus Sentinel, que fará parte da missão Land Surface Temperature Monitoring (LSTM).
A ESA usa os dados para simular as informações que serão eventualmente retornadas à Terra com a LSTM, fornecendo medições sistemáticas da temperatura da superfície terrestre — com a promessa de ser um divisor de águas para, por exemplo, planejadores urbanos e agricultores.
Tal colaboração entre as agências é mais um esforço conjunto para liderar uma resposta às mudanças climáticas, recentemente afirmada pelo Acordo-Quadro.
Calor acima da média
Desde o início da Revolução Industrial, a temperatura média global já subiu cerca de 1,1 °C e este número deve continuar subindo se as emissões de gases de efeito estufa não forem reduzidas drasticamente. As ondas de calor já parecem aumentar em frequência, intensidade e duração.
Em junho, durante vários dias seguidos, diversas cidades europeias registraram temperaturas do ar superiores a 40 °C. Durante cinco dias neste mesmo mês, Tóquio marcou mais de 35 °C — sendo o mais extremo desde que os registros começaram em 1875.
Nos EUA, em 15 de junho, quase um terço da população estava sob algum tipo de alerta de calor. A imagem acima mostra as temperaturas da superfície em Barcelona, Madrid, Milão, Lyon e Paris no dia 18 de junho, feita pelo satélite Sentinel-3. Já a anterior, com Paris em detalhes, foi feita com o ECOSTRESS, um pouco mais tarde.
A equipe da ESA explicou que a diferença, no entanto, não se dá pelo momento do dia em que as imagens foram feitas, mas pela grande diferença de resolução. As fornecidas pelo ECOSTRESS são bem mais detalhadas do que as coletadas pelo Sentinel-3 — mesmo nível esperado para o Copernicus LSTM.
Outra diferença que pode ser observada são as ilhas de calor nos centros urbanos, onde a vegetação é substituída por pavimentação, prédios e outras superfícies que retém calor. Onde há mais vegetação, as temperaturas são mais baixas.
O LSTM está previsto para ser lançado até o fim desta década para ajudar a produção agrícola a se tornar sustentável à medida que a escassez hídrica aumenta. No entanto, diante das recentes ondas de calor, não há dúvidas de que o satélite também será fundamental para que possamos compreender e lidar com estes extremos.
Fonte: ESA