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O maior manto congelado da Antártida está ameaçado por águas quentes

Por| Editado por Rafael Rigues | 08 de Agosto de 2022 às 16h30

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Envato/ShaneFreer
Envato/ShaneFreer

Um novo estudo realizado por Laura Borreguero, oceanógrafa física da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade das Nações (“CSIRO”, na sigla em inglês), mostra que as mudanças na circulação das águas do Oceano Antártico podem comprometer a estabilidade do manto de gelo da Antártida Oriental. Este é o maior manto congelado do mundo, e o estudo mostrou haver águas aquecidas fluindo em direção a ele.

Estes mantos são formados pelo gelo glacial acumualdo a partir da precipitação na superfície; quando se estendem para o oceano e flutuam, eles são chamados de “plataformas de gelo”. Já se sabe bem que o manto da Antártida Oriental está derretendo e, portanto, vem contribuindo para o aumento do nível do mar, mas os cientistas ainda não entendiam bem como estes efeitos ocorriam em sua contraparte, no leste.

Assim, Borreguero e Alberto Naveira Garabato, professor da Universidade de Southampton, trabalharam com a região conhecida como “Bacia da Aurora Subglacial”, no Oceano Índico, cujo gelo forma parte do manto congelado da Antártida Oriental. Como a maior parte da bacia fica abaixo do nível do mar, ela é extremamente sensível ao derretimento do gelo. Por isso, uma das maiores incertezas nas projeções do aumento do nível do mar no século envolve as respostas dela às mudanças climáticas.

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Para examinar este cenário, os autores analisaram dados de 90 anos de observações oceanográficas da bacia e encontraram evidências do aquecimento do oceano à taxa de 2 ºC a 3 ºC desde a metade do século XX, o equivalente a um valor entre 0,1 ºC a 0,4 ºC por década. “A tendência do aquecimento triplicou desde a década de 1990, chegando à taxa de 0,3 ºC a 0,9 ºC a cada década”, alertaram os autores.

Antes, pensava-se que o manto de gelo da Antártida Oriental era relativamente estável, e que parecia protegido do aquecimento dos oceanos em função da água extremamente fria que o cerca, como uma barreira. Agora, os autores do estudo observam que o movimento das águas aquecidas em direção à Antártida deverá piorar ao longo deste século, ameaçando a estabilidade do manto congelado.

Eles chamam a atenção também para as consequências para a vida marinha, já que estudos anteriores que investigaram os efeitos das mudanças climáticas na Antártida Oriental consideraram que o aquecimento ocorre primeiro nas camadas mais próximas da superfície. “Nossas descobertas — de que as águas mais profundas estão esquentando primeiro — sugerem a necessidade de repensar possíveis impactos nos seres vivos marinhos”, finalizaram.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Climate Change.

Fonte: Nature Climate Change; Via: The Conversation