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Maior cobra venenosa do mundo não é só uma, mas 4 espécies

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Günther, Das et al./European Journal of Taxonomy
Günther, Das et al./European Journal of Taxonomy

A biologia, como toda boa ciência, está sempre se reavaliando e revisando o que já conhecemos. Um dos exemplos recentes é a descoberta de que a cobra-real (Ophiopagus hannah) não é, na verdade, uma única espécie, mas sim quatro espécies diferentes, com características um pouco difíceis de se diferenciar.

Essas serpentes vivem em grande parte da Ásia, da Índia à China e das Filipinas às Ilhas Sunda. Elas são as mais longas cobras venenosas do mundo, com até 5,6 m de comprimento, e, curiosamente, não são “cobras” no sentido estrito da coisa — as cobras verdadeiras são do gênero Naja, enquanto as outras são serpentes. As cobras-reais são as únicas representantes do seu gênero, Ophiophagus.

Descobrindo as espécies de serpente

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As serpentes diferentes sob o guarda-chuva da cobra-real seguiram como sendo uma espécie única, porém cheia de variações, desde a classificação em 1836. Em cada país ou região diferentes, características únicas eram notadas nos animais, mas sem serem consideradas diferentes o suficiente para a divisão.

Em 2021, então, uma equipe liderada pelo cientista Gowri Shankar notou diferenças genéticas entre quatro populações diferentes de cobra-real, e, em um estudo recente, diferenças físicas também foram catalogadas. Em 153 espécimes (incluindo cinco esqueletos), foram vistos padrões diferentes nas faixas em seus pescoços.

As serpentes adultas de Luzon, por exemplo, não possuem faixas pálidas, sendo muito fracas e praticamente imperceptíveis, ao contrário das jovens, com faixas bem demarcadas. Já na linhagem do norte, há uma quantidade de faixas menor em comparação com as serpentes de Sunda, com muitas faixas a mais.

A divisão atual fica entre a cobra-real-do-norte (Ophiophagus hannah), cobra-real-de-sunda (O. bungarus), cobra–real-dos-gates-ocidentais (O. kaalinga) e cobra-real-de-luzon (O. salvatana).

O gênero Ophiophagus, por sinal, recebe esse nome por conta da natureza canibal das cobras-reais, se alimentando primariamente de outras serpentes e de mamíferos pequenos (ophis = serpente e phagos = comedor, em grego), substituindo o gênero anterior, Hamadryas, em 1945.

Os cientistas esperam que a nova classificação inspire as regiões a usarem as cobras como representantes, com orgulho, tirando a reação de medo e rejeição que eles possuem — as cobras-reais estão em perigo de extinção, tanto pela caça quanto pelas mudanças climáticas e destruição de habitats.

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Além disso, a descoberta poderá melhorar a produção de soro antiofídico, já que, atualmente, há apenas um para todas as cobras-reais, mas, agora poderá haver quatro.

Fonte: European Journal of Taxonomy