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Qual é a diferença entre a cobra-coral verdadeira e a falsa?

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Bernard DUPONT/Wikimedia Commons
Bernard DUPONT/Wikimedia Commons

É muito difícil dizer qual é a diferença entre a cobra-coral verdadeira e a falsa. A cobra-coral de verdade é venenosa — a substância produzida, além de altamente tóxica, afeta o sistema nervoso e pode até paralisar o coração, já a cobra-coral falsa não tem veneno. Confira as características que as distinguem, mas alertamos desde já que você não deve tentar diferenciar se encontrar uma delas pessoalmente. Nesse caso, a recomendação é se afastar o quanto antes!

(Correção: na publicação desta matéria, o Canaltech errou ao informar que a diferença entre as espécies se dava pelo padrão de cores. A diferenciação é mais complexa e envolve fatores como olhos, formato da cabeça e da cauda e principalmente a dentição, e só deve ser feita por um especialista treinado). As informações foram corrigidas em 26/04/2024 às 19h.

A coral pode ser considerada como um gênero da família das cobras Elapidae, enquanto outras cobras de diferentes famílias ficaram conhecidas como coral falsa por causa da semelhança na aparência (e ausência de veneno).

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Cobra-coral verdadeira

Embora seja um dos animais mais venenosos, a cobra-coral verdadeira costuma ficar escondida dos seres humanos, nas vegetações ou embaixo das pedras. Também possui um comportamento tranquilo, então, dificilmente, dá o bote. 

A coral costuma habitar áreas tropicais, então pode ser encontrada no Brasil — mas não só. Também vemos espécies nos outros países da América do Sul e até em continentes como a Ásia e a África.

De acordo com estudo feito em colaboração entre a Universidade Federal de Minas Gerais e a Fundação Ezequiel Dias (Herpetologia Brasileira, 2021), o Brasil conta com 35 espécies de corais verdadeiras, sendo 32 do gênero Micrurus e três do gênero Leptomicrurus. 

Veneno da cobra-coral

O veneno da coral gera sintomas como dormência no local da picada, visão turva e até dificuldade na fala. Com o passar do tempo, a toxina gera paralisia de determinados músculos, e pode afetar o coração ou o diafragma, dificultando a respiração.

Mas, felizmente, existe tratamento para a picada da cobra, o que envolve a administração de um soro chamado antielapídico, produzido pelo Instituto Butantan.

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Cobra-coral falsa

Não há apenas uma coral falsa. Na verdade, várias espécies "imitam" os padrões de escamas tão característicos da verdadeira, como:

  • Oxyrhopus clathratus
  • Oxyrhopus rhombifer
  • Apostolepis albicollaris

Um ponto importante é que nenhuma dessas espécies tem veneno (é justamente isso o que traz a fama de "falsas"). 

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Apesar da ausência de veneno, as falsas corais podem morder se se sentirem ameaçadas, e a semelhança no padrão de cores é justamente para afastar os predadores.

Como diferenciar a coral verdadeira da falsa?

Por muito tempo, acreditava-se que para diferenciar a coral verdadeira da falsa, era suficiente prestar atenção no padrão de cores. No entanto, esse método não é inteiramente confiável.

Nesse estudo da UFMG, os pesquisadores desenvolveram um app para identificar a coral verdadeira da falsa, e os aspectos mais informativos na distinção das espécies foram “presença ou ausência de anéis ao longo do corpo, a disposição destes anéis, o tamanho e a forma da cauda, o tamanho dos olhos e a coloração do ventre”.

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É necessário entender que não existe uma regra geral para diferenciar as espécies. No entanto, comparativos regionais podem ser mais precisos. É o caso do vídeo que você pode conferir abaixo, por exemplo, em que o biólogo Abimael Guedes faz um comparativo entre as espécies que ocorrem na Caatinga.

Nesse caso, ele mostra que a coral verdadeira sempre tem o ventre colorido. Ou seja: todas que tiverem o ventre branco ou amarelo são falsas. Mas atenção: algumas falsas podem apresentar o ventre colorido igual às verdadeiras.

As verdadeiras têm uma cabeça mais arredondada, enquanto a falsa tem a cabeça um pouco mais comprida. Já na questão dos olhos, os da verdadeira são mais difíceis de perceber, enquanto os olhos da falsa são bem saltados e fáceis de perceber (inclusive a pupila, normalmente em formato de fenda, pode ser vista com mais facilidade).

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Outra diferença é que a cauda da coral verdadeira é mais curta, enquanto a falsa pode apresentar uma cauda mais longa. 

O método mais confiável para diferenciar

O método mais confiável para diferenciar envolve os dentes: segundo o estudo da UFMG, todas as corais-verdadeiras apresentam dentição proteróglifa, ou seja: “pequenas presas fixas no osso maxilar e altamente especializadas em inocular toxinas”.

Enquanto isso, as corais-falsas “podem apresentar dentição opistóglifa, em que as presas são aumentadas, sulcadas e ocorrem na região posterior do maxilar, ou dentição áglifa, sem a presença de presas inoculadoras”.

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Mas o estudo ressalta que isso envolve “treinamento adequado para reconhecer os tipos de dentes e dentições. Portanto, ela só pode e deve ser averiguada por um especialista em serpentes com animais mortos (fixados ou frescos de preferência) e com todos os cuidados necessários para evitar acidentes”.

Não tente diferenciar

Mesmo que agora você saiba qual é a diferença entre a cobra-coral verdadeira e a falsa, reforçamos que a orientação do Butantan é bem clara: se encontrar uma possível coral, não perca tempo tentando distinguir, pois não é possível identificar e diferenciar apenas a olho nu para saber se ela é “verdadeira” ou “falsa”. Para isso, você deve ser um especialista.

"Afaste-se do local o mais rápido possível. Se estiver em ambiente urbano, avise as autoridades responsáveis. Caso seja picado por uma coral-verdadeira, busque atendimento médico imediatamente", recomenda o Instituto.

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Fonte: Indigo Expeditions, Florida Museum of Natural History, Instituto Butantan, Herpetologia Brasileira