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Surucucu-pico-de-jaca, a cobra mais peçonhenta das Américas

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Novembro de 2023 às 16h49

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Butantan/Divulgação
Butantan/Divulgação

A surucucu-pico-de-jaca é uma cobra bonita, mas sua beleza está a par com o veneno que traz na mordida — ela é a maior das serpentes peçonhentas das Américas, segunda maior do mundo, perdendo apenas para a cobra-rei (Ophiophagus hannah). Ela pode chegar a mais de três metros de comprimento e ficou conhecida recentemente por causar um incidente no estado do Amazonas.

Com o nome científico de Lachesis muta, essa cobra possui escamas arrepiadas no final da cauda, rendendo o nome popular de surucucu-pico-de-jaca. Carnívora, a espécie se alimenta apenas de mamíferos de pequeno e médio porte, de camundongos e ratos a pacas e cotias, por exemplo. Ela é noturna e vibra a cauda quando está ameaçada, deixando claro para humanos e outros animais que se afastem ao ouvir o aviso.

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O ofídio é o único da família Lachesis no Brasil, sendo encontrado na maior parte da floresta Amazônia e com presença no Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima, e em grande parte da mata atlântica, no Ceará e no Rio de Janeiro. A grande cobra gosta de ficar em locais úmidos e com pouca presença de humanos, e por isso o número de incidentes envolvendo o animal é baixo.

Incidentes com a surucucu-pico-de-jaca

Em 2022, o Ministério da Saúde registrou 272 mil acidentes com cobras peçonhentas no Brasil, com apenas 284 envolvendo a surucucu-pico-de-jaca, ou seja, 2% do total. Esses incidentes ocorrem com maior frequência em épocas quentes e chuvosas, e principalmente em ambiente rural. A maioria dos casos gerou problemas leves, mas, assim como outras cobras, sua mordida pode levar à morte caso o atendimento médico e a soroterapia demorem.

Com ação citotóxica, o veneno da serpente causa hemorragias, coagulações e infecta o corpo com neurotoxinas. Isso quer dizer que os sintomas da mordida podem ser dor local, inchaço, necrose, hipotensão, problemas de coagulação, diarreia e diminuição do ritmo cardíaco. Isso pode levar ao choque e até mesmo ao óbito em casos mais graves.

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Segundou contou diretor do Biotério de Herpetologia do Butantan, Sávio Santanna, ao Globo, as recomendações para evitar acidentes do tipo incluem usar botas em terrenos florestais e rurais, já que as cobras brasileiras possuem hábitos terrícolos, ou seja, preferem andar na terra. Ao avistar uma serpente, o ideal, segundo o herpetólogo, é se manter a dois ou três metros de distância do animal, buscando soro antiofídico caso a picada ocorra.

Em caso de demora para obter o soro, recomenda-se tomar bastante líquido e lavar o local da mordida com água e sabão, evitando bactérias que podem vir, inclusive, da boca da cobra. Santanna afirma que tentar chupar o veneno é um mito, e a atitude apenas agrava o caso de envenenamento, assim como a fabricação de torniquetes. Ambas as alternativas devem ser evitadas.

Em outubro, um lavrador amazonense de 43 anos — Cícero José de Oliveira — foi vítima da picada de uma surucucu-pico-de-jaca, encontrando o animal nas margens do rio Juma com alguns colegas. Ele só pôde ser resgatado quatro dias depois, pois sua movimentação foi comprometida quando sua perna travou no meio do trajeto.

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Brigadistas do Ibama chegaram ao local após andar 34 quilômetros, já que mesmo o acesso por helicóptero é difícil na região. O homem foi internado na cidade de Careiro horas após receber o soro antiofídico, chegando ao hospital em uma rede, não estando mais em risco de morte.

Fonte: Ministério da Saúde, Butantan; com informações de O Globo