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Surucucu-pico-de-jaca, a cobra mais peçonhenta das Américas

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Butantan/Divulgação
Butantan/Divulgação

A surucucu-pico-de-jaca é uma cobra bonita, mas sua beleza está a par com o veneno que traz na mordida — ela é a maior das serpentes peçonhentas das Américas, segunda maior do mundo, perdendo apenas para a cobra-rei (Ophiophagus hannah). Ela pode chegar a mais de três metros de comprimento e ficou conhecida recentemente por causar um incidente no estado do Amazonas.

Com o nome científico de Lachesis muta, essa cobra possui escamas arrepiadas no final da cauda, rendendo o nome popular de surucucu-pico-de-jaca. Carnívora, a espécie se alimenta apenas de mamíferos de pequeno e médio porte, de camundongos e ratos a pacas e cotias, por exemplo. Ela é noturna e vibra a cauda quando está ameaçada, deixando claro para humanos e outros animais que se afastem ao ouvir o aviso.

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O ofídio é o único da família Lachesis no Brasil, sendo encontrado na maior parte da floresta Amazônia e com presença no Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima, e em grande parte da mata atlântica, no Ceará e no Rio de Janeiro. A grande cobra gosta de ficar em locais úmidos e com pouca presença de humanos, e por isso o número de incidentes envolvendo o animal é baixo.

Incidentes com a surucucu-pico-de-jaca

Em 2022, o Ministério da Saúde registrou 272 mil acidentes com cobras peçonhentas no Brasil, com apenas 284 envolvendo a surucucu-pico-de-jaca, ou seja, 2% do total. Esses incidentes ocorrem com maior frequência em épocas quentes e chuvosas, e principalmente em ambiente rural. A maioria dos casos gerou problemas leves, mas, assim como outras cobras, sua mordida pode levar à morte caso o atendimento médico e a soroterapia demorem.

Com ação citotóxica, o veneno da serpente causa hemorragias, coagulações e infecta o corpo com neurotoxinas. Isso quer dizer que os sintomas da mordida podem ser dor local, inchaço, necrose, hipotensão, problemas de coagulação, diarreia e diminuição do ritmo cardíaco. Isso pode levar ao choque e até mesmo ao óbito em casos mais graves.

Segundou contou diretor do Biotério de Herpetologia do Butantan, Sávio Santanna, ao Globo, as recomendações para evitar acidentes do tipo incluem usar botas em terrenos florestais e rurais, já que as cobras brasileiras possuem hábitos terrícolos, ou seja, preferem andar na terra. Ao avistar uma serpente, o ideal, segundo o herpetólogo, é se manter a dois ou três metros de distância do animal, buscando soro antiofídico caso a picada ocorra.

Em caso de demora para obter o soro, recomenda-se tomar bastante líquido e lavar o local da mordida com água e sabão, evitando bactérias que podem vir, inclusive, da boca da cobra. Santanna afirma que tentar chupar o veneno é um mito, e a atitude apenas agrava o caso de envenenamento, assim como a fabricação de torniquetes. Ambas as alternativas devem ser evitadas.

Em outubro, um lavrador amazonense de 43 anos — Cícero José de Oliveira — foi vítima da picada de uma surucucu-pico-de-jaca, encontrando o animal nas margens do rio Juma com alguns colegas. Ele só pôde ser resgatado quatro dias depois, pois sua movimentação foi comprometida quando sua perna travou no meio do trajeto.

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Brigadistas do Ibama chegaram ao local após andar 34 quilômetros, já que mesmo o acesso por helicóptero é difícil na região. O homem foi internado na cidade de Careiro horas após receber o soro antiofídico, chegando ao hospital em uma rede, não estando mais em risco de morte.

Fonte: Ministério da Saúde, Butantan; com informações de O Globo