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Enchentes no RS são comparadas a volume de água de Itaipu

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Ricardo Stuckert/Presidência da República
Ricardo Stuckert/Presidência da República

As intensas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul causaram e ainda causam inúmeras tragédias, como inundações, alagamentos e mais de 110 mortes. Entre as áreas afetadas, está a região metropolitana de Porto Alegre. Especialistas ainda calculam o quanto choveu no lago Guaíba, ponto de origem da enchente histórica na capital, mas sugerem que o volume de chuva pode ser comparado com a quantidade de água estocado na Usina Hidrelétrica de Itaipu, uma das maiores hidrelétricas do mundo.

"O volume recebido [no lago Guaíba] foi muito grande”, afirma Rodrigo Paiva, cientista e professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), para o Canaltech.

“O valor exato ainda está sendo quantificado, mas é parecido com o volume estocado no reservatório de Itaipu”, sugere o cientista. No pior dos cenários, isso equivale a 30 bilhões de metros cúbicos (ou 30 trilhões de litros) de água, que foram despejadas em uma semana de chuvas.

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Maior enchente da história

Por causa da enchente, o lago Guaíba atingiu o recorde de 5,35 m de altura, como conta o pesquisador Paiva. “A maior cheia ocorrida anteriormente [na região de Porto Alegre] foi em 1941, chegando a 4,76 m. Então, a atual é a maior da história”, pontua. 

Com tanta água acumulada pelas chuvas e pela falta de formas de drenagem, a cheia é classificada como duradoura. Até o dia 20 de março, o nível das águas não deve baixar para menos de 3,5 m em nenhum dos cenários previstos, conforme indica análise divulgada pelo IPH nesta sexta-feira (10). A questão é que qualquer medida superior a 3 m configura ainda inundação.

Previsões para Porto Alegre

No momento, os níveis do Guaíba seguem elevados, calculados em torno de 4,73 m. Ainda há previsão de chuva forte para as próximas 24 horas, sendo que esta pode ser maior que 50 mm e chegar a mais de 100 mm em alguns pontos da região de Porto Alegre.

Dessa forma, o consenso é que a redução do nível irá cair, de fato, lentamente. No entanto, não se pode desconsiderar ainda a possibilidade de “repique por efeito das chuvas previstas para a partir de hoje, podendo retornar a marca dos 5 m nos próximos dias”, aponta o parecer. 

Por outro lado, caso as chuvas volumosas não se confirmem, a tendência de redução gradual deve ser definitivamente mantida, atingindo a marca de 4 m na próxima semana.

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Estratégias para esvaziar RS?

"O escoamento será lento”, reforça o pesquisador Paiva. Afinal, “há muita água armazenada nas várzeas do Jacuí [um dos principais rios da região], que atrasa [o processo]”, complementa.

Diante da falta de estratégias para acelerar o processo, diferentes “propostas” e “ideias sem fundamento” surgem como soluções mágicas, como a abertura de uma passagem da Lagoa dos Patos — diretamente conectada com o lago Guaíba — para o Oceano Atlântico.

Para esta ser uma solução viável, seria preciso inúmeros estudos avaliando os impactos negativos e positivos da intervenção. Sem esse planejamento, é possível que a abertura não gere um rebaixamento significativo do nível d'água no Guaíba e nem na Lagoa dos Patos.

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Entretanto, a suposta passagem poderia, muito provavelmente, gerar inúmeros impactos negativos, como erosão das praias e salinização do Guaíba e da Lagoa dos Patos, por exemplo. Fora os elevados custos da operação.

A seguir, confira imagens da enchente histórica que afeta o estado do Rio Grande do Sul:

Fonte: IPH (1) e (2)