Brasil bate recorde de desmatamento na Amazônia e Cerrado em 2022
Por Daniele Cavalcante • Editado por Rafael Rigues | •
Depois do recorde de desmatamento no primeiro trimestre deste ano, a Amazônia Legal (território que engloba nove estados do Brasil pertencentes à bacia Amazônica) registrou novo nível recorde de queimadas durante o primeiro semestre de 2022. Foram 3.750 quilômetros quadrados perdidos desde janeiro, sem contar os últimos seis dias de junho.
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De acordo com informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nesta sexta-feira (1° de julho), estes foram os piores números para esse período desde 2016. O recorde anterior foi de 3.605 quilômetros quadrados, em 2021. O aumento em relação ao mesmo período do ano passado foi de 17%.
Os recordes deste primeiro semestre de 2022 também foram mensais: os meses de janeiro e fevereiro, que costumam apresentar número menor de desmatamento, foram os mais críticos até agora, com 430 km² e 199 km² de áreas perdidas, respectivamente.
No total, mais de 7.500 incêndios foram registrados desde o início do ano, os piores números desde 2010. Só no mês passado, foram mais de 2.500 queimadas, o maior número para o período de junho desde 2007. Houve um aumento de 11% em relação a este mês em 2021.
Já no Cerrado, outro recorde: foram 4.239 focos de incêndio em junho, o número mais alto para o mês desde 2010. No semestre, os focos de incêndio nessa região chegaram a 10.869, 13% a mais que no mesmo período de 2021.
A soma das queimadas no Cerrado e Amazônia Legal totaliza mais de 18 mil focos de incêndio neste primeiro semestre. Para o WWF-Brasil (Fundo Mundial da Natureza, na tradução oficial da rede internacional para o grupo que atua em nosso país), trata-se de um retrocesso.
ONGs e ambientalistas acusam o governo do presidente Jair Bolsonaro de implementar políticas que contribuem para estes números. Na terça-feira (28), a Controladoria Geral da União divulgou um relatório que alega uma ação deliberada do governo em interromper funcionamento do Fundo Amazônia.
Com a paralisação do Fundo Amazônia, o país perde a chance de captar 20 bilhões de dólares em recursos para o controle do desmatamento e outras ações de preservação, argumenta o relatório da CGU. O valor da possível captação foi estimado com base nos dados do BNDES.
De acordo com o jornal ambiental ((o))eco, “a cifra virtualmente disponível representa cerca de R$ 105 bilhões na cotação atual, valor maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) dos estados de Roraima, Acre, Amapá e Tocantins somados”.
O relatório da CGU recomenda que o Ministério do Meio Ambiente reestruture a governança do Fundo Amazônia e que a União atualize o Plano Nacional de Controle do Desmatamento Ilegal e Recuperação da Vegetação Nativa.