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Degradação florestal é a principal vilã na perda de carbono da Amazônia, diz ESA

Por| Editado por Patricia Gnipper | 10 de Junho de 2021 às 13h40

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ESA
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As florestas são agentes fundamentais no ciclo do carbono aqui na Terra, pois são elas as principais responsáveis por remover grandes quantidades desse elemento da atmosfera e, assim, mantêm o planeta resfriado. No entanto, a degradação florestal combinada ao desmatamento dos últimos anos, especialmente nas regiões tropicais, estão liberando uma boa parte desse carbono armazenado nas árvores — o que intensifica os processos de mudanças climáticas. É o que diz um recente estudo publicado na Nature Climate Chance, responsável por investigar a dinâmica do carbono florestal na Amazônia brasileira entre os anos 2010 e 2019.

Os autores da pesquisa estimaram que a Amazônia brasileira experimentou uma perda de carbono maior do que o armazenado por ela, levando a uma redução da biomassa presente no solo na última década. Philippe Ciais, coautor do artigo, explica que esta perda líquida da floresta amazônica brasileira é equivalente a sete anos de emissões de dióxido de carbono fóssil do Reino Unido. Ciais também é o líder científico do projeto Regional Carbon Cycle Assessment and Processes, que faz parte da Climate Change Initiative, da Agência Espacial Europeia (ESA).

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Para a pesquisa, os autores usaram dados de micro-ondas da missão Soil Moisture and Ocean Salinity (SMOS), da ESA, responsável por mapear a profundidade óptica da vegetação. Além disso, os cientistas combinaram outras informações, como a mudança florestal, através do Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer, da NASA, e do Phased Array type L-band Synthetic Aperture Radar, da agência espacial japonesa (JAXA). Ciais também acrescenta que “os períodos climáticos, como o severo El Niño de 2015, que resultou em extensas secas e calor na Amazônia, mudaram o balanço de carbono das florestas intactas de um sumidouro para uma grande fonte de dióxido de carbono, e assim pode amplificar o aquecimento global”.

Embora os ecossistemas terrestres tenham absorvido cerca de um terço das emissões anuais de dióxido de carbono ao longo dos últimos 50 anos, as emissões quase dobraram nesse período. Florestas tropicais, como a Amazônica, contribuíram de maneira significativa nesse processo de armazenamento de carbono. O estudo também revela que as atividades humanas relacionadas à degradação florestal, envolvendo atividades como queimadas, exploração madeireira e fragmentação da paisagem, contribuíram três vezes mais para a perda bruta de carbono presente na biomassa da região em comparação com o desmatamento.

Os autores da pesquisa reforçam a urgência em reduzir a degradação florestal e afirmam que isto deve se tornar uma prioridade para a Amazônia brasileira. Isto é, se o Brasil ainda quiser atingir os requisitos mínimos de redução de emissão de carbono e de desmatamento previstos no Acordo de Paris.

Pensando na importância da medição da biomassa presente acima do solo, a iniciativa da ESA lançou uma série de mapas que fornecem uma visão global dessa biomassa. O objetivo é eque estes dados sirvam como apoio ao manejo florestal, assim como à redução de emissões e a políticas de desenvolvimento sustentável.

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A ESA pretende lançar, em 2022, a missão Biomass, a qual fornecerá dados fundamentais sobre o estado das florestas do mundo e como as mudanças estão ocorrendo. Planejado para orbitar a Terra a uma altitude de 650 km, o satélite Biomass Earth Explorer será capaz de observar através das copas das árvores e, assim, retornando com informações que poderão analisar a biomassa da floresta. Pesquisas como esta são importantes para entender como as florestas afetam o ciclo do carbono — o principal agente do efeito estufa.

O artigo pode ser integralmente acessado no periódico científico Nature Climate Chance.

Fonte: ESA