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Conheça Pripyat, a cidade fantasma de Chernobyl

Por| Editado por Rafael Rigues | 31 de Julho de 2022 às 14h00

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Mick De Paola/Unsplash
Mick De Paola/Unsplash

Em 26 de abril de 1986, ocorreu uma explosão no reator 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. Considerado o acidente mais sério da história da indústria nuclear, ele destruiu o reator e liberou grandes quantidades de material radioativo no ambiente, exigindo a evacuação das pessoas nos arredores da usina — inclusive da cidade de Pripyat, a mais próxima do complexo.

A Agência de Energia Nuclear (NEA) explica que o reator 4 da usina foi desativado para uma manutenção de rotina no dia 25 de abril. Por isso, os técnicos queriam aproveitar a oportunidade para testar se, no caso de a usina ficar sem energia, ainda seria possível manter o resfriamento do núcleo do dispositivo. O procedimento foi realizado sem as precauções de segurança adequadas, e a equipe de operação não foi alertada sobre os perigos do teste.

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Com isso, o reator ficou perigosamente instável. A causa exata da explosão ainda segue motivo de discussão entre os especialistas, mas entre as mais aceitas, está o excesso de vapor criado pela diminuição da quantidade de água de resfriamento, que causou um pico incontrolável de energia.

O que aconteceu em Pripyat?

A Usina Nuclear de Chernobyl fica a cerca de 130 km de Kiev, na Ucrânia, e a quase 20 km ao sul da fronteira com Belarus. Já a cidade de Chernobyl, lar de aproximadamente 12.500 moradores antes do acidente, fica a cerca de 15 km a sudeste do complexo. Por fim, Pripyat é a cidade mais próxima da usina: ela fica a apenas 3 km das instalações e foi construída para os funcionários de Chernobyl. Antes do acidente, Pripyat abrigava quase 50 mil habitantes.

A explosão inicial do reator causou a morte de dois funcionários da usina — segundo a NEA, mais de 100 bombeiros do local e de Pripyat foram convocados, e eles acabaram recebendo as maiores doses de radiação. De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), 28 dos bombeiros e funcionários de emergência morreram nos primeiros três meses após a explosão em função da radiação.

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Mesmo estando tão próxima, foi somente 36 horas após o acidente que a população de Pripyat foi totalmente evacuada — naquele momento, os moradores já começavam a reclamar de vômitos, dores de cabeça e outros sintomas causados pela alta exposição à radiação. Muitos não entendiam a dimensão do que havia acontecido, e pensavam que teriam que deixar suas casas por apenas alguns dias. Os moradores não foram autorizados a levar seus pertences e animais de estimação pelo medo de contaminação.

Já no dia 2 de maio, uma área no raio de 30 km da usina foi fechada por uma comissão da antiga União Soviética, formando o que ficou conhecido como “Zona de Exclusão” — obviamente, a zona inclui a usina e lugares próximos, como Pripyat. Outros 116 mil moradores foram evacuados; no total, a IAEA estima que quase 200 mil residentes foram realocados para regiões distantes de onde houve o acidente.

Como Pripyat é hoje?

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Apesar do ocorrido, em 2010 que o governo ucraniano anunciou que a Zona de Exclusão ao redor de Chernobyl seria aberta a visitantes no ano seguinte para passeios com itinerários restritos, permanência limitada e alimentos cuidadosamente controlados. Essas medidas eram precauções para minimizar os riscos causados pela radiação mínimos.

Claro que, nas primeiras horas após o desastre, ainda não havia certeza sobre o quão contaminados estariam os arredores — tanto que, na época, as autoridades simplesmente determinaram um limite arbitrário ao redor do reator. Depois, pesquisadores descobriram que algumas áreas dentro da Zona tinham baixos níveis de radiação, e que parte do material radioativo já havia decaído após a explosão.

Por outro lado, há áreas que seguem contaminadas, como o sarcófago de concreto que encerra o que restou do reator. Mesmo assim, as paradas de passeios turísticos do tipo incluem a cidade de Chernobyl e até Pripyat. “Os níveis de radiação ali são relativamente altos, mas devido ao tempo limitado de estadia, as doses cumulativas são baixas”, disse Vadim Chumak, do Centro de Radiação Medicinal da Ucrânia.

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Aqueles que visitaram Pripyat descrevem uma cidade fantasma, com escombros e pertences deixados para trás durante a evacuação às pressas. “O que mais me lembro sobre as horas que passamos em Pripyat é o som e a sensação de andar em vidro quebrado nas alas hospitalares, com leitos vazios, berços e salas operatórias repletas de escombros”, descreveu Jennifer Kingsley, exploradora da National Geographic que visitou a região.

Hoje, a IAEA estima haver cerca de 187 pequenas comunidades vivendo na Zona de Exclusão, número que inclui moradores que decidiram voltar para suas casas por conta própria, mesmo vivendo em lugares com níveis de radiação acima dos níveis normais do ambiente — que, embora mais altos, não são fatais. Segundo a IAEA, a exposição a níveis baixos (mas ainda anormais) de radiação ao longo de longos períodos é menos perigoso que a exposição a grandes quantidades de uma só vez.

Fonte: NEA, IAEA, Scientific American, National Geographic, Live Science (1, 2), DW