Publicidade

Rússia ameaça bloquear Wikipedia após artigo sobre invasão da Ucrânia

Por  • Editado por Douglas Ciriaco | 

Compartilhe:
Reprodução
Reprodução

A Wikipedia pode ser bloqueada na Rússia após a criação de um artigo que fala sobre a invasão do país à Ucrânia. Editores da versão russa do site disseram que o órgão regulador das comunicações no país, chamado Roskomnadzor, enviou uma reclamação oficial sobre uma página que contém "informações distribuídas ilegalmente", como o número de baixas de militares, além da morte de civis e crianças ucranianas.

Segundo a agência de notícias Reuters, as autoridades querem que a versão russa da Wikipedia remova imediatamente as informações do artigo, nomeado como "invasão russa da Ucrânia (2022)". Se a determinação for descumprida, o Roskomnadzor determinará o bloqueio total da enciclopédia digital na região.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Esse artigo foi propositalmente trancado para evitar que novos usuários ou perfis sem a devida autorização possam vandalizar o conteúdo. A publicação é extremamente detalhada com imagens, tabelas, gráficos e um resumo dia a dia dos acontecimentos — relatos feitos pelos próprios russos.

O texto traz estimativas de mortes de ambos os lados envolvidos no conflito. Na terça-feira, por exemplo, quando houve a última atualização por lá, a Ucrânia teria perdido 352 civis e 110 soldados, além de 1.684 pessoas feridas. Já no caso da Rússia, seriam 5.710 baixas apenas de militares, sem nenhuma menção a civis.

Os números são divergentes da versão oficial propagada pelo Kremlin, o qual garante ter havido apenas duas baixas de seus soldados e mais de 200 de integrantes das tropas ucranianas. Os editores do site russo da Wikipedia disseram que vão adicionar mais fontes para as informações publicadas, mas que não tirarão o artigo do ar.

Wikimedia diz que não aceitará ameaças

"A invasão da Ucrânia resultou na perda de vidas sem sentido e também foi acompanhada por uma guerra de informações online", disse a Fundação Wikimedia na terça-feira (1º). “A disseminação de desinformação sobre a crise em curso afeta a segurança das pessoas que dependem de fatos para tomar decisões de vida ou morte e interfere no direito de todos de acessar o conhecimento aberto”, declarou via comunicado oficial.

Esse tipo de manipulação é comum nas guerras para garantir o apoio popular: se as tropas leais a Putin tiverem exterminado muitos soldados inimigos, a opinião pública pode se voltar contra ele, por considerar um massacre desproporcional. Por outro lado, se a perda de militares do seu esquadrão for alta demais, o mundo dirá que os russos perderam a guerra.

Desde o início do conflito, as autoridades da Rússia atuam para evitar a divulgação de informações consideras por elas como imparciais. O Twitter foi bloqueado e o Facebook está sob ameaça, pois ambos decidiram rotular informações divulgadas por sites noticiosos controlados pelo Estado russo. Ontem, o YouTube decidiu desmonetizar canais da Russia Today (RT), Sputnik e outras estatais, além de bloquear o acesso dos conteúdos na Europa.

Continua após a publicidade

Fonte: Reuters, Wikimedia Foundation