Google Maps desativa dados de trânsito na Ucrânia para proteger cidadãos
Por Alveni Lisboa | Editado por Douglas Ciriaco | 28 de Fevereiro de 2022 às 17h24
O Google decidiu suspender temporariamente o recurso de monitoramento de tráfego de veículos e pessoas no Maps para proteger os cidadãos da Ucrânia. Segundo a empresa, o serviço poderia ser usado pelo governo da Rússia para acompanhar o deslocamento humano e, assim, organizar ataques em regiões estratégicas.
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A decisão foi tomada após uma consulta feita pelo Google diretamente às autoridades ucranianas, que acharam prudente desativar o compartilhamento da dados para tentar dar mais segurança para os moradores do país. O Maps restringiu apenas o acesso global às informações, mas dados de trânsito em tempo real serão mantidos para motoristas que usam a navegação na região.
Segundo o especialista no modelo Open Source Intelligence (OSINT), professor Jeffrey Lewis, esse tipo de informação pode fornecer detalhes sobre o progresso da invasão. Na semana passada, por exemplo, teria sido possível analisar os sinais da entrada de tropas russas após o Google Maps detectar engarrafamentos imprevistos na fronteira ucraniana.
Os congestionamentos identificados puderam ser confirmados com imagens de satélite. A atividade incomum exibiu dados de centenas de civis parados em bloqueios de estradas, um claro sinal de que algo à frente estava errado.
Ainda não está claro se as tropas russas no país conseguiriam ter acesso aos dados do Maps nem qual recurso técnico o Google usou para barrar a transmissão internacional de dados — se for por IP, uma VPN poderia burlar o sistema. De qualquer forma, essa parece ser a primeira vez que a Gigante das Buscas toma uma medida semelhante.
Como funciona a coleta de dados do Google Maps
O recurso de geolocalização faz a coleta de dados anônimos de celulares Android para mapear locais onde há congestionamento em estradas. Além disso, o serviço também mostra se uma loja ou comércio está cheio naquele momento, bem como o horário mais tranquilo para ir até o local.
Essa não é a primeira vez que um serviço de localização expõe dados considerados sensíveis por acaso. Em 2017, o app de condicionamento físico Strava lançou um mapa no qual acabou por revelar acidentalmente a localização de bases militares dos Estados Unidos. Na ocasião, o programa exibia a atividade dos soldados que se exercitavam dando voltas na pista de corrida.
Fonte: Reuters