Facebook está construindo um cabo submarino para melhorar internet na África
Por Rafael Arbulu | 15 de Maio de 2020 às 18h20
O Facebook anunciou, por meio de um post em seu blog oficial, que firmou parceria com diversas empresas de telefonia para a construção de um cabo submarino que deve ampliar o acesso à internet na África, mantendo a tendência de um crescente interesse das empresas do Vale do Silício no continente, que atualmente conta com 1,3 bilhão de habitantes.
Segundo o post, o cabo terá 38 mil quilômetros de extensão, conectando 23 países que atualmente ou não possuem acesso, ou têm capacidade reduzida de conectividade à internet. Além do Facebook, a Alcatel — uma empresa cuja dona é a Nokia — está responsável pela construção, ao passo que a parte de transmissão de dados, logística e tecnologia fica a encargo da empresa de Mark Zuckerberg, juntamente com as operadoras China Mobile (China), MTN (África do Sul), Orange (França), Vodafone (Grã-Bretanha), entre outras. O projeto recebeu o nome de “2Africa”.
Os países impactados pela medida terão um acesso ampliado a uma rede que engloba não apenas a África, mas também partes do Oriente Médio e Europa. “Com 37 mil quilômetros de extensão, o 2Africa será quase do tamanho da circunferência da Terra. O projeto é impressionante não apenas pelo tamanho: ele levará algo perto de três vezes mais capacidade total de rede a todos os cabos submarinos que atendem a África hoje”, explicou Najam Ahmad, vice-presidente de engenharia de rede do Facebook, que assina o post.
“Quando completada, essa nova roda entregará uma necessária capacidade de internet, redundância e confiabilidade por toda a África, suplementando uma demanda cada vez maior de capacidade por parte do Oriente Médio, e oferecendo apoio à ampliação do crescimento das redes 4G, 5G e acesso de banda larga para centenas de milhões de pessoas”, finaliza o executivo.
Não foi informado o valor despendido para custear um projeto desta magnitude, mas o Facebook compartilhou alguns detalhes técnicos da empreitada. Segundo a empresa, o cabo será mais eficiente que a média por usar fibras de alumínio ao invés de cobre, alegando que isso aumenta a capacidade na transmissão de dados. O projeto, segundo o Facebook, fará uma conexão direta entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho, algo que a empresa diz ser a primeira do tipo em mais de uma década.
A preocupação mais evidente para o projeto, porém, é a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2): segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a África pode apresentar até 190 mil óbitos caso a situação não seja devidamente controlada no continente. Paralelo a isso, o isolamento social que deriva da pandemia acelerou a demanda por mais conexão de internet, haja vista que plataformas de streaming como YouTube e Netflix, bem como ferramentas online de entretenimento — como videogames — viraram as escolhas principais dos consumidores na Europa para lidar com as quarentenas.
África é a "bola da vez" no Vale do Silício
O Facebook não é o único grande nome a virar seus olhos para o continente africano. Com seu alto volume de habitantes, vários países e proporções continentais de terra, a região tem atraído o interesse de outras grandes empresas do setor tecnológico.
Ao final de 2019, o CEO do Twitter, Jack Dorsey, declarou que tinha a intenção de posicionar operações da rede social de microblogs na África, embora ele não tenha detalhado exatamente qual a natureza delas. Ele ainda não o fez porque, novamente, o novo coronavírus acabou atrapalhando as engrenagens desse plano.
Voltando ao assunto da estrutura de internet, o Google também está construindo um cabo submarino (o projeto foi batizado de “Equiano”) que visa conectar a África à Europa. Além disso, por meio de uma de suas inúmeras propriedades (uma divisão chamada “Loon”), a gigante da internet sediada em Mountain View disponibiliza balões atmosféricos que levam conexões móveis 4G a comunidades rurais onde são posicionados. Recentemente, o Projeto Loon anunciou uma expansão para Moçambique.
Fonte: Facebook