SSD M.2 SATA ou NVMe: qual o melhor?
Por Felipe Vidal • Editado por Jones Oliveira | •
Os SSDs M.2 são a forma de armazenamento mais popular da atualidade. Os solid state drives já equipam a maioria dos notebooks e computadores pré-montados, além de integrarem outros dispositivos portáteis e videogames de última geração.
No entanto, esse pequeno componente é confundido constantemente pelos usuários. O “problema” é que os SSDs M.2 podem ser do tipo SATA ou NVMe e isso acaba influenciando nas velocidades desse aparelho e na compatibilidade ao ser encaixado em placas-mãe.
O que é um SSD M.2?
Antes de entender a salada de frutas que a indústria do hardware fez com os solid state drives, é preciso compreender o que é um SSD M.2. Para começar, o M.2 é um formato de SSD, ou seja, se trata da forma física do componente.
O M.2 lembra uma tirinha de chiclete e mede, no máximo, 80 milímetros de comprimento por 20 milímetros de largura. Essas dimensões são expressas da seguinte maneira: “2230”, “2260”, "2280" e assim por diante. Esse foi o jeito de facilitar o entendimento sobre os tamanhos desses SSDs.
O fato de os M.2 serem pequenos foi o motivo pelo qual esses dispositivos se tornaram um padrão na indústria nos últimos anos. Graças a ele, as fabricantes puderam fazer notebooks cada vez mais finos e compactos sem sacrificar desempenho.
Essas peças contam com alguns chips de memória flash NAND em uma placa de circuito integrado, que basicamente forma o seu corpo. Em uma das extremidades há um furo para parafusar e na outra ponta ficam os pinos que se conectam na porta correspondente da placa-mãe.
Em síntese, a palavra “M.2” se refere, somente, ao formato do SSD. Porém, há duas subdivisões desse formato: o SSD SATA M.2 e o SSD NVMe M.2.
O que é o SSD M.2 SATA?
O SSD M.2 SATA é um tipo de SSD que usa o formato M.2, mas se comunica pela interface/protocolo SATA. Isso significa que o formato é uma coisa e a forma como o componente se comunica com o restante do comunicador é outra bem diferente.
O Serial ATA, ou SATA para os íntimos, é um protocolo de comunicação usado por HDDs e SSDs. Esse protocolo foi criado em 2003 para ser utilizado somente por discos rígidos, mas passou a integrar SSDs pouco tempo depois.
Antes, o protocolo SATA era o padrão na indústria e até mesmo tinha um formato próprio de mesmo nome, conforme a imagem abaixo. Portanto, não é um equívoco dizer que o M.2 surgiu para suceder o tradicional SSD SATA de 2,5 polegadas. O principal motivo, neste caso, é pelo tamanho. O SATA original era bem maior, mesmo que fosse menor que um HDD, e ocupava “bastante espaço” dentro de máquinas portáteis, como notebooks.
Além disso, os discos rígidos não conseguiam tirar proveito da taxa máxima de transferência que a interface SATA oferecia de 600 MB/s. Por limitações mecânicas, os HDDs sempre entregaram desempenho na casa dos 100 MB/s, no máximo 200 MB/s.
Assim, por esses dois motivos foi que surgiram os primeiros SSD SATA e, posteriormente, para economizar espaço, o SSD M.2 SATA.
Mas uma dúvida que sempre surge sobre isso é como um SSD M.2 SATA se comunica com os demais componentes do computador se ele não utiliza o característico cabo SATA para se conectar à placa-mãe? Bem, o SSD SATA M.2 é inserido em uma conexão PCIe, mas toda a comunicação passa por um controlador AHCI (Interface de Controle de Host Avançada), que foi originalmente criado para os HDDs — lembre-se que o SATA começou com os tradicionais discos rígidos e só depois chegou para os SSDs.
Mesmo mudando o formato, o padrão SATA vêm se tornando cada vez mais obsoleto. Assim, a indústria começou a entender que o consumidor precisava de mais velocidade no dia a dia.
O que é um SSD M.2 NVMe?
Seguindo esse pensamento, surgiu o SSD M.2 NVMe. O formato é o M.2 tradicional, parecido com um chiclete. O protocolo, no entanto, é o NVMe (Memória Não Volátil Expressa), que não depende do controlador AHCI e se comunica diretamente com os demais componentes do computador utilizando o barramento PCI Express.
O NVMe nada mais é do que uma linguagem lógica criada para extrair o potencial máximo dos SSDs. Enquanto o SATA precisa se comunicar com o AHCI, o M.2 NVMe “limpa o caminho” para que essa conversa entre componentes seja mais rápida através do PCIe. Pense no NVMe como um intermediário entre o SSD M.2 e o PCIe: é ele quem faz essas duas peças interagirem melhor e mais rápido.
O NVMe faz com que os novos SSDs sejam 10x mais rápidos que os do tipo SATA, justamente por essa comunicação com o PCIe. Aliás, o PCI Express é o mesmo encaixe das placas de vídeo, que precisam transferir dados em velocidades absurdas para gerar as imagens que vemos na tela. Logo, é por esse motivo que a indústria da tecnologia aproveitou o encaixe PCIe nos SSDs: transferir muitos dados em pouco tempo.
O PCIe 4.0, que está presente na maioria das placas-mãe, garante velocidades de até 7.000 MB/s em SSDs — valor bem acima dos 600 MB/s do SATA. O PCIe 5.0, anunciado há pouco tempo e que, por enquanto, está disponível em poucas placas-mãe, garante velocidades de 10.000 MB/s em SSDs recentes.
Os formatos de memória flash
Os SSDs M.2 NVMe funcionam através de memórias flash do tipo NAND. Cada memória NAND trabalha de uma forma diferente, logo alguns SSDs acabam sendo melhores ou piores para certos usos e a forma de entender qual é o melhor armazenamento para você é conhecer esses tipos.
Ao total há quatro tipos de NAND: SLC, MLC, TLC e QLC. Cada memória possui uma quantidade máxima de bits que pode ser armazenada em cada célula. Os bits são cargas elétricas que guardam valores binários de 0 ou 1. Isso pode não fazer sentido nenhum agora, mas esses termos desempenham um papel importante na escolha do seu SSD. Confira:
- SLC (Single-level cell): é a memória de célula de nível único. Ela só pode armazenar um bit de informação por célula. SSDs desse tipo são extremamente velozes e muito duráveis, podendo realizar mais de 100 mil ciclos de leitura e escrita. No entanto, têm pouco espaço e são muito caros, geralmente usados em servidores.
- MLC (Multi-level cell): Essa memória já consegue guardar dois bits por célula. O armazenamento já é maior e as velocidades começam a diminuir um pouco, embora ainda seja um chip rápido. A MLC é considerada por muitos como o melhor dos mundos, pois oferece bom preço, desempenho e resistência. É encontrada em SSDs para uso doméstico ou corporativo.
- TLC (Triple-level cell): Como o nome sugere, pode armazenar três bits por célula. Isso faz com que, novamente, o armazenamento seja maior, mas acaba diminuindo a velocidade e a resistência. No entanto, essas memórias equipam SSDs mais baratos e populares para o consumidor.
- QLC (Quad-level cell): seguindo a lógica, o QLC armazena quatro bits por célula. O armazenamento é gigantesco, mas as velocidades e resistência são baixas. São memórias mais difíceis de serem encontradas.
Como diferenciar o encaixe SATA e NVMe?
O encaixe desses dois tipos de SSD M.2 é bem diferente. Na ponta que se conecta com a porta PCIe há uma série de pinos amarelos, separados por “dentinhos”. Algumas placas-mãe suportam os dentinhos (chaves) B+M ou apenas M. Hoje, os principais SSDs SATA M.2 têm o encaixe B+M, enquanto a maioria esmagadora dos NVMe usa a chave M, conforme a ilustração abaixo.
Fique de olho nessas conexões para não comprar o produto errado.
SSD M.2 Sata ou NVMe: qual o melhor e como escolher?
Nenhum desses tipos de armazenamento é, necessariamente, melhor do que o outro. O melhor SSD M.2 é aquele que atende todas as necessidades para o seu uso. Confira 4 pontos para escolher o produto certo.
4. Suporte e compatibilidade
O primeiro passo para responder essa questão é entender para qual dessas tecnologias o seu computador ou notebook oferece suporte. Modelos mais antigos têm chances maiores de aceitar apenas o protocolo e formato SATA, enquanto aparelhos mais recentes já devem oferecer total compatibilidade com o NVMe.
Para saber mais sobre essas informações, leia o manual de instruções do produto ou vá até o site da fabricante para sanar todas as dúvidas. É muito importante prestar atenção em qual SSD a placa-mãe e o processador são compatíveis.
3. Armazenamento
Tanto os SATA quanto os NVMe oferecem bastante espaço interno para os mais variados usuários. Para um consumidor casual, 256 GB podem ser suficientes para o uso cotidiano. Um SSD de 500 GB já comporta filmes e alguns joguinhos bem leves.
1 TB parece o ajuste ideal, pois o preço não é tão absurdo e a quantidade de itens para armazenar sobe exponencialmente. Esse tanto de armazenamento casa bem com os gamers, já que os jogos estão cada vez mais pesados e vêm sendo comum encontrar títulos com até 200 GB.
Para profissionais que trabalham com criação de conteúdo, ou editores de vídeo e pessoas que precisam armazenar muitos arquivos, é recomendável investir em 2 TB para cima. Isso ajuda a guardar muitos dados e fazer o backup de itens importantes.
2. Velocidade
A velocidade de transferência segue uma lógica parecida. Um SSD SATA com 500 MB/s já vai inicializar o computador muito rapidamente, mas não serve muito para um gamer ou editor de vídeo. Para esses casos, SSDs NVMe “simples” têm 3.500 MB/s para carregar os jogos e transferir arquivos pesados em segundos.
Nesse quesito não há para onde fugir: se o que você precisa é velocidade e performance, os NVMe são a resposta. Agora, se o objetivo é apenas melhorar o carregamento do sistema operacional ou aplicações bem simples, um SATA já dá conta do recado. Mesmo assim, também há uma diferença bem perceptível entre um SATA e um NVMe, que deve ser levada em consideração.
1. Preço
Atualmente, SSDs M.2 SATA e NVMe possuem valores muito parecidos. Os SATA são um pouco mais baratos, mas em alguns cenários o valor é praticamente idêntico. É possível encontrar um M.2 SATA de 480 GB (545 MB/s) e um NVMe de 500 GB (3.500 MB/s) por R$ 170 em uma rápida pesquisa no Google. Um NVMe de 1 TB é vendido por menos de R$ 300 em diversas lojas brasileiras, assim como o SATA.
Como já foi explicado, cada usuário tem uma necessidade específica ou até mesmo a máquina só dá suporte a um único protocolo/conexão. Há casos e casos, mas o maior custo-benefício hoje fica com o SSD NVMe, já que tem preços baixos, compatibilidade com os principais novos dispositivos e oferece taxas elevadas de escrita e leitura de dados.