Pior que o esperado! Intel vai demitir 15 mil funcionários
Por Jones Oliveira |
A Intel confirmou na noite desta quinta-feira (01) que vai demitir 15 mil funcionários em todo o mundo até o final deste ano. O anúncio da demissão em massa veio logo após a divulgação de resultados financeiros abaixo do esperado e corroborou o rumor que surgiu no começo da semana, que apontava para a dispensa de 10 mil empregados.
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O aviso foi dado pelo CEO da Intel, Pat Gelsinger, em carta enviada aos funcionários e compartilhada com a imprensa. Citando a necessidade de equilibrar os custos para estabilizar a saúde financeira da empresa, ele confirmou que mandará embora 15 mil funcionários ainda este ano para alcançar uma economia de US$ 10 bilhões em 2025. "Esse é um dia difícil para todos nós, e teremos dias ainda mais desafiadores pela frente", lamentou o executivo.
"Nossas receitas não cresceram como o esperado e nós ainda não conseguimos nos beneficiar dee tendências como a Inteligência Artificial. Nossos custos estão muito altos e nossa margem [de lucro] muito baixa. Precisamos de ações mais ousadas para resolver essas duas questões — principalmente devido aos nossos resultados financeiros e perspectivas para o segundo semestre de 2024, que deve ser mais difícil do que o esperado originalmente", explicou o presidente executivo da Intel.
Resultado financeiro decepcionante
O corte será um dos maiores nos 56 anos de história da Intel e afetará 15% do quadro de funcionários, numa tentativa de amenizar as sucessivas quedas de receita e lucro da empresa, que ocorrem desde 2021.
No segundo trimestre de 2024, a companhia reportou números "decepcionantes". A receita de US$ 12,8 bilhões representou queda de 1% no comparativo com o mesmo período de 2023, enquanto o prejuízo foi de US$ 1,6 bilhão — um grande contraste em relação ao lucro de US$ 1,5 bilhão registrado no segundo trimestre do ano passado.
O negócio de Produtos foi o mais lucrativo no período, registrando ganhos de US$ 8,5 bilhões. A divisão de Computação do Cliente foi a que mais contribuiu para esse resultado, arrecadando US$ 2,9 bilhões.
Na outra ponta, o negócio de Fundição da Intel registrou receita de US$ 4,3 bilhões e um prejuízo gigantesco de US$ 2,8 bilhões, mesmo com a companhia tendo intensificado os esforços de fabricação de semicondutores.
Má fase e concorrência acirrada
A má fase financeira está relacionada com os altos investimentos que a Intel vem fazendo em pesquisa e desenvolvimento, além da construção de novas fábricas nos Estados Unidos e Europa para suprir a alta demanda que hoje vem sendo suprida pelas concorrentes AMD, Qualcomm e Apple.
O setor de inteligência artificial também não vai bem e a Intel tem visto a NVIDIA crescer cada vez mais nessa frente, dominando o mercado doméstico com suas placas gráficas e o corporativo com uma infinidade de soluções para todo tipo de negócio.
Também não ajuda a crise que a companhia vem enfrentando com seus processadores domésticos de 13ª e 14ª geração. Com problemas de instabilidade, os componentes forçaram a Intel a estender sua garantia em dois anos à medida que pedidos de troca e clientes insatisfeitos se amontoam.
Para dar a volta por cima, a estratégia de Gelsinger foi elaborar um plano de redução de custos para economizar US$ 10 bilhões em 2025. Grande parte desse montante virá das demissões, mas também terá contribuição de cortes de custos com P&D, marketing e operações administrativas.
Outra iniciativa que a companhia deve adotar é um plano de demissão voluntária, cujos detalhes e benefícios serão anunciados na semana que vem. Com isso, a companhia espera reduzir ao máximo os custos trabalhistas envolvidos na demissão de tanta gente.
"Há uma enorme complexidade envolvida nisso tudo, por isso precisamos automatizar e simplificar os processos", explicou o CEO. "Demora muito tempo para tomar decisões como essa, então precisamos eliminar ao máximo a burocracia envolvida".
Como fica a Intel Brasil?
O Canaltech falou com a Intel para saber como essa onda de demissões afetará a operação da companhia no Brasil e na América Latina. Em resposta à reportagem, a companhia reforçou o posicionamento do CEO Pat Gelsinger e explicou que os cortes são necessários para "acelerar a estratégia enquanto reduz significativamente os gastos".
Embora não tenha confirmado quantos funcionários serão afetados no Brasil, nem na região, a Intel Brasil garantiu que "segue trabalhando para causar o menor impacto possível na vida de seus funcionários".
"Essas são decisões difíceis, e estamos comprometidos em tratar os funcionários impactados com dignidade e respeito. As medidas que estamos tomando tornarão a Intel uma empresa mais enxuta, mais simples e mais ágil", explicou a companhia em comunicado.