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IBM PCJr | Como é o servidor que está ativo há 23 anos

Por| Editado por Jones Oliveira | 20 de Julho de 2023 às 16h30

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Reprodução: IBM/ Montagem: Felipe Vidal/Canaltech
Reprodução: IBM/ Montagem: Felipe Vidal/Canaltech

Todos os sites da internet, incluindo este, são hospedados em servidores poderosos que não podem parar de funcionar. No entanto, um computador IBM PCJr lançado na década de 1980 virou o servidor de um simples site da internet. O que tem de interessante nisso? O servidor está no ar há 23 anos e registrou 100 dias de funcionamento ininterrupto nesta semana.

Para muitas pessoas essa informação pode não significar muita coisa, mas basta pensar o que é possível fazer com um computador tão antigo. Se usar um PC de 2010 já é difícil, imagine uma máquina de quase 40 anos como servidor MS-DOS. Para ter uma noção, é preciso acessar o curioso site Brutman Labs.

Recentemente, o site bateu mais de 2.500 horas de uptime (cerca de 100 dias) sem ser desligado ou reiniciado. Inclusive, o servidor continua funcionando neste exato momento, mantendo uma página histórica no ar.

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O site não possui a melhor das aparências, mas não é possível esperar muito quando o assunto é um conjunto de componentes tão velhos. Com poucas imagens, o projeto criado por Michael B. Brutman conta com inúmeras informações e links sobre dados detalhados a respeito de servidores. Para quem gosta do assunto é basicamente uma descoberta da paleontologia dos computadores — já que a máquina lembra um fóssil-vivo.

Além de servidores, o Brutman Labs vai além e fornece inúmeros subtópicos relacionados com toda a história do IBM PCJr. Desde os rumores acerca do lançamento, a recepção do público e o fim de vida do computador, todas essas informações se transformam em uma biblioteca digital sobre um PC diferente.

A história do IBM PCJr

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O ano era 1983 e as primeiras especulações sobre o próximo lançamento da IBM já estavam a todo vapor. Com codinome interno de “The Peanut”, o dispositivo foi oficialmente anunciado no dia 1º de novembro do mesmo ano em duas versões: o modelo 4860-004 e o 4860-047, que vinha com um drive de disquete (5" 1/4).

Acompanhando o aparelho, a marca também revelou o PCJr Color Monitor, um monitor colorido de 14 polegadas e taxa de atualização de 60Hz. Um dos diferenciais era o alto-falante integrado e os botões de volume incluídos.

O computador chegou às lojas em março de 1984 como uma tentativa de a IBM rivalizar com o popular Commodore 64 e o famoso Apple II. Na verdade, esse lançamento teria até um competidor interno: o lendário IBM PC, voltado para o mercado corporativo da época.

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Um fracasso total

Na teoria tudo estava se movimentando para dar certo. O Commodore tinha especificações mais baixas, mas era barato e se tornou popular. A máquina da Apple era robusta, porém extremamente cara — parece que nada mudou. O caminho estava pavimentado para o PCJr deixar o seu nome na história dos computadores… se não fosse por ele mesmo.

O lançamento foi um fracasso comercial tão forte que é considerado como uma grande piada na indústria. O IBM PCJr chegou custando US$ 699 contra os US$ 595 do Commodore e conseguia ser bem mais lento que o Apple II. Em relação ao IBM PC, as coisas não foram diferentes, e o estreante também não conseguia fazer frente contra seu irmão velho.

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A empresa descontinuou o produto em 1985 e obteve números baixos. Estima-se que somente cerca de 250 mil unidades foram vendidas. A imprensa da época reprovou o dispositivo, fazendo com que o New York Times escrevesse que “ninguém estava interessado no lançamento”.

Especificações técnicas

O IBM PCJr foi um fracasso, mas internamente algumas peças se destacavam. O processador era um Intel 8088 com frequência de 4,77 Mhz, somado a opções de memória RAM que variavam entre 64 KB, 128 KB e até 360 KB na versão mais potente, que acompanhava o leitor de disquetes.

Sobre os periféricos, o teclado sem fio chamava a atenção do público, pois funcionava através de ondas infravermelhas — e quatro pilhas AA. O design do IBM PCJr era compacto, já que foi projetado para ser utilizado nos lares e ocupava pouco espaço na mesa.

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Atualizações para ficar vivo

Com uma máquina tão antiga, Brutman precisava realizar alguns upgrades para que o computador pudesse funcionar durante tanto tempo como um servidor. Assim, um SSD de 240 GB SATA foi instalado para dar mais armazenamento interno, por meio de um adaptador IDE. A memória RAM também precisou de uma repaginada, mas de forma mais humilde, e foi expandida para 736 KB.

Uma forma de arte

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Por ficarem anos e anos disponíveis dentro da internet, os sites podem ser considerados documentos históricos. O Brutman Labs é um tipo de documento singular, não somente por conter tantas informações relevantes de um produto, hábitos de compra e o mercado de uma década dourada, mas também por ser movido por um servidor tão antigo.

O slogan oficial do site, Retrocomputing Performance Art, que significa algo como “Arte do Desempenho de Computadores Antigos” em tradução livre, caiu como uma luva para esse projeto. Embora a intenção de Michael ao fazer isso tudo possa ter sido puramente uma vontade de testar e manter esse experimento inusitado por anos, o simbolismo de preservar uma memória material e imaterial como essas é praticamente um atestado de arte — mesmo que não nos padrões convencionais.

PC ligado há 45 anos

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O recorde do IBM PCJr é realmente impressionante, mas outro PC lidera a quantidade de anos em ação. Enviado ao espaço em 1977 com a Voyager 1, o computador que integra a sonda da NASA está ligado há 45 anos e continua mandando informações do espaço para o planeta Terra, de maneira ininterrupta. Sim, em mais de quatro décadas ele sequer foi reiniciado uma única vez.

Com informações: Centre for Computing History e IBM