Missão Voyager completa 45 anos de exploração do espaço
Por Danielle Cassita • Editado por Rafael Rigues |
A missão Voyager, da NASA, acaba de chegar à marca de 45 anos no espaço. Lançadas em 1977, as naves gêmeas são a missão de mais longa duração da agência espacial, e estão explorando uma região onde nenhuma outra missão já esteve: o espaço interestelar, a área fora da bolha protetora criada pelo campo magnético do Sol e vento solar conhecida como "heliosfera".
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A Voyager 2 foi lançada em 20 de agosto de 1977; já no dia 5 de setembro daquele ano, foi a vez da Voyager 1 ir ao espaço. Ambas viajaram até Júpiter e Saturno — apesar de ter sido lançada depois, a Voyager 1 estava se movendo mais rapidamente, e chegou aos planetas antes de sua “irmã”. Juntas, elas coletaram muitas informações sobre os maiores planetas do Sistema Solar e suas luas.
Enquanto a Voyager 2 estava sobrevoando Urano e Netuno no fim da década de 1980, a Voyager 1 seguiu viagem rumo à fronteira da heliosfera; ela a deixou em 2012, e mostrou que a heliosfera bloqueia 70% dos raios cósmicos altamente energéticos. Após finalizar a exploração dos planetas, a Voyager 2 seguiu e saiu da heliosfera em 2018. Juntos, os dados das sondas desafiaram o que os cientistas sabiam sobre nossa estrela e a heliosfera.
“Nos últimos 45 anos, as missões Voyager foram essenciais para nos proporcionar este conhecimento, e ajudaram a mudar nossa compreensão sobre o Sol e sua influência de formas que nenhuma outra nave poderia”, disse Nicola Fox, diretora da divisão de heliofísica da NASA. “Hoje, conforme as Voyager exploram o espaço interestelar, elas estão levando à humanidade observações de um território desconhecido”, acrescentou Linda Spilker, cientista de projeto das Voyager.
Claro que, com os anos, a equipe da missão se acostumou a enfrentar os desafios técnicos típicos das naves que já operam há tanto tempo — recentemente, a Voyager 1 apresentou uma falha que afetava as informações de status de um de seus sistemas de bordo. Mesmo assim, tanto o sistema quanto a nave seguem operando normalmente, e ela continua enviando dados de suas observações científicas.
Além de impressionarem na exploração espacial, as Voyager são verdadeiras cápsulas do tempo: ambas possuem um gravador de dados que usa fita magnética de 8 pistas, têm cerca de três milhões de vezes menos memória que os smartphones modernos e transmitem dados 38 mil vezes mais devagar que uma conexão 5G. Elas levam também discos de ouro com imagens gravadas de seres vivos na Terra, diagramas científicos básicos e sons de nosso mundo.
Suzanne Dodd, gerente de projeto das naves no Laboratório de Propulsão a Jato na NASA, recorda que as Voyager já fizeram descobertas incríveis, que inspiraram novas gerações de cientistas e engenheiros, e que ainda há muito por vir. “Não sabemos por quanto tempo a missão vai continuar, mas temos certeza de que as naves vão proporcionar ainda mais surpresas científicas conforme se afastam da Terra”, disse.
Fonte: NASA