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União Europeia aprova compra da Activision pela Microsoft: o que vem por aí?

Por| Editado por Jones Oliveira | 16 de Maio de 2023 às 14h33

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Divulgação/Microsoft
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A guerra pode estar longe do fim, mas uma das principais batalhas já foi vencida. Nesta segunda-feira (15), a União Europeia aprovou a compra da Activision-Blizzard pela Microsoft, dando mais um sinal verde para uma das maiores aquisições da história da indústria de games. É um passo importante, afinal de contas, estamos falando de um dos maiores órgãos regulatórios globais e, também, de uma decisão que pode gerar precedente argumentativo em outros países que ainda são contrários ao negócio.

Esse contraste aparece diretamente na cobertura jornalística do caso, afinal de contas, a aprovação da Comissão Europeia veio apenas semanas depois de o Reino Unido ter bloqueado a aquisição. A preocupação dos reguladores de lá estaria relacionada ao monopólio na indústria de jogos na nuvem, um argumento que gerou até mesmo comentários contrários de empresas do setor, que se posicionaram ao lado da Microsoft, mesmo sendo concorrentes.

Foi o caso da Nvidia, operadora do serviço GeForce Now; em um tweet, a empresa disse que as empresas de cloud gaming têm muito a ganhar com a adição dos games da Activision ao catálogo da Microsoft. Vale a pena lembrar, claro, que as companhias têm um acordo de 10 anos, assinado em fevereiro, para levar títulos do Xbox Game Pass, serviço de assinaturas da gigante para PC, também ao serviço da fabricante de placas de vídeo.

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"O GeForce NOW e outros provedores de jogos na nuvem têm a ganhar com um catálogo ainda maior de jogos se a aquisição da Activision pela Microsoft for completada. Vemos isso como um benefício e esperamos uma resolução positiva."

Tais argumentos, porém, foram levados em conta pela União Europeia, que impôs garantias relacionadas ao mercado de jogos na nuvem. A principal delas está relacionada ao direito dos consumidores em jogarem os títulos da Activision-Blizzard em qualquer serviço de cloud gaming, a partir de um sistema de licenças que deverá ser fornecido pela Microsoft e pelas companhias do setor. A decisão, ainda que tomada no Velho Continente, tem alcance global e também deve beneficiar usuários de outros países.

O ponto principal para outros jogadores, entretanto, passou sem maiores questões. Contrariando pedidos da Sony, a Comissão Europeia considerou que a Microsoft não tem motivos para tornar os títulos da Activision exclusivos. Mesmo que isso aconteça, porém, o órgão regulador considerou que não haveria quebra da livre competição no mercado de consoles, em um dos principais fatores que levaram à aprovação do negócio.

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Ainda que a fatura esteja resolvida em um dos maiores mercados e reguladores globais, porém, a questão ainda está longe de uma solução. Um dos chefes finais a serem enfrentados em todo o negócio já foi vencido, mas ainda restam dois. E eles não estão muito contentes com os planos da Microsoft de se tornar uma com a Activision.

Processo ainda encontra resistência nos EUA e Reino Unido

As análises indicam a Autoridade de Competição de Mercados (CMA, na sigla em inglês) como o principal elemento que pode interromper os planos das duas empresas. Como dito, em abril, o órgão bloqueou o negócio, com valor estimado de US$ 68,7 bilhões, indicando que ele frearia a inovação no segmento de cloud gaming, principalmente no que toca a possibilidade de exclusividade.

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Segundo o governo britânico, a Microsoft dominaria, hoje, entre 60% e 70% desse segmento a partir de suas plataformas nos PCs e consoles de mesa. Uma exclusividade de Call of Duty, por exemplo, aumentaria ainda mais esse controle sobre o mercado e deixaria outros concorrentes sem espaço para batalharem em pé de igualdade. Mesmo os acordos com nomes como Nvidia e Nintendo, entre outros, com garantia de lançamentos por pelo menos 10 anos, não foram capazes de convencer os reguladores.

A CMA apontou este como um mercado em evolução rápida, com a concentração de títulos em uma única mão podendo impedir esse crescimento e, também, favorecer unicamente à Microsoft. Além disso, a autoridade apontou que impedir isso iria exigir fortes regulamentos por parte do governo britânico, algo que também foi visto como desfavorável pelo mesmo motivo. A ideia, afirmou em comunicado oficial, é permitir que esse segmento cresça com suas próprias regras e players.

Nos Estados Unidos, a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) entrou com ação para bloquear a compra da Activision-Blizzard pela Microsoft. Ainda que o mercado de jogos na nuvem seja uma questão, a autoridade americana considerou esta como uma parte do todo, alegando que a gigante passaria a ter poderes para bloquear o lançamento de jogos em plataformas da concorrência, em atitudes que não apenas poderiam ferir o livre mercado como atrasar o desenvolvimento do setor.

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O golpe veio em dezembro do ano passado e, para muitos analistas, seria um dos motivadores dos acordos firmados entre Microsoft e grandes nomes neste começo de ano. A primeira a receber um contrato, porém, teria sido a Sony, também com a garantia de lançamentos de Call of Duty e outras grandes franquias por pelo menos 10 anos; a dona da marca PlayStation, entretanto, não teria aceitado o acordo.

Nos dois casos, a resolução pode demorar a vir. A Microsoft contestou a decisão do Reino Unido e aguarda uma nova avaliação, diante dos acordos e novos documentos apresentados, com expectativa de novos passos apenas no segundo semestre. O mesmo também vale para o apelo à FTC, que está em fase de coleta de evidências e tem sua primeira audiência marcada apenas para agosto, quando as discussões devem ser reiniciadas.

Enquanto isso, o caminho já está livre em outros mercados. No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou o negócio em outubro do ano passado. O Japão também já deu o sinal positivo para a conclusão da compra, enquanto regiões como Austrália, Coreia do Sul e China ainda estão avaliando a questão, mas não existe expectativa de problemas regulatórios nestes mercados.

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Qual a chance da compra da Activision pela Microsoft dar errado?

A gigante de Redmond se diz convicta de que o negócio auxilia na competição e no desenvolvimento do mercado de games, e indica que vai apelar ao máximo necessário para que a compra siga adiante — o que inclui atender aos pedidos de órgãos reguladores quanto à manutenção da concorrência. Caso os territórios importantes se mantenham irredutíveis, entretanto, novos players do mercado podem se sentir atraídos.

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Uma possibilidade são as big techs. Não existem outras empresas de jogos capazes de pagar US$ 70 milhões na Activision-Blizzard, mas o mesmo não pode ser dito de nomes como Google, Amazon, Apple e outras, que podem ver na aquisição de uma das últimas independentes de grande porte o pé na porta de um mercado que todas tentaram, com sucesso moderado ou inexistente, entrar. O valor, aliás, seria até mais baixo que o proposto pela Microsoft, já que a destruição de um negócio corroeria ainda mais o valor de ações que já caíram diante dos problemas econômicos globais.

Outro caminho é a manutenção da independência da Activision-Blizzard, bem como a continuidade da dependência de franquias como Call of Duty, World of Warcraft e Overwatch. Tudo parece bem no caso da primeira, mas a situação é mais espinhosa com as duas seguintes, que vêm observando sua base de jogadores cair enquanto grandes hits, como Diablo IV, só são lançados após longos períodos de desenvolvimento. Pode não ser, necessariamente, a sustentabilidade esperada pelos acionistas.

Enquanto isso, para a Microsoft, os esforços e o dinheiro que seriam investidos na junção com a Activision poderiam ser aplicados na compra de outros estúdios menores ou investimentos no portfólio que já faz parte da corporação. Como uma big tech em si, a empresa de Redmond também tem mais lenha para queimar que suas concorrentes do mercado, o que faz com que ela possa suportar maiores períodos de encubação de projetos e fomento de iniciativas, fazendo apostas de longo prazo.

Com informações da Forbes e The Verge.