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Review Monster Hunter Stories 2 | Levando as caçadas para além da bolha

Por| Editado por Bruna Penilhas | 12 de Julho de 2021 às 19h36

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Divulgação/Capcom
Divulgação/Capcom

Com Monster Hunter World, a Capcom conseguiu o incrível feito de fazer a franquia deixar de ser um jogo de nicho, tornando-a muito mais mainstream. E agora, com Wings of Ruin, ela tenta replicar a dose em Monster Hunter Stories 2 e levar a série para outros públicos.

Para isso, o estúdio aposta em uma fórmula um pouco diferente. Ao invés de trazer uma experiência inteiramente focada na jogabilidade das caçadas, o novo jogo investe em ser um RPG tradicional, com cara de anime, somado a uma estrutura focada em uma narrativa mais linear e um sistema de batalhas em turnos que em nada lembra as lutas contra monstros dos outros jogos — mas que, nem por isso, deixa de carregar o DNA de um bom Monster Hunter. E essa mudança é fundamental.

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Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin quebra um pouco do hermetismo que sempre foi muito forte dentro da franquia. Por mais que a lógica do “enfrente monstros, colete itens, crie novas armas e enfrente monstros maiores” seja bastante simples, a falta de um fio condutor que orientasse o jogador para dentro desse mundo sempre afastou novatos. E o que Monster Hunter Stories 2 faz é embalar toda essa estrutura de uma forma muito mais amigável, mas sem abrir mão do cerne que marca a série.

Assim, o que temos é um JRPG convencional que aplica a velha fórmula do herói improvável em uma jornada pelo mundo e que usa essa trama para apresentar todas as mecânicas e demais particularidades desse mundo. Mais do que um Monster Hunter para quem não gosta de Monster Hunter, Wings of Ruin é a porta de entrada para a série que faltava para muita gente.

A Jornada do Herói

Como você bem deve ter percebido, estamos falando de Monster Hunter Stories 2. O primeiro jogo foi lançado para Nintendo 3DS e passou despercebido por alguns fãs. Só que isso não é um problema, já que Wings of Ruin se apoia em uma história original que, mesmo tangenciando o antecessor em vários momentos, funciona muito bem isoladamente.

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E por mais que a trama seja bastante simples e, em vários momentos, até mesmo ingênua — o protagonista que é neto de um lendário herói e precisa se provar tão valoroso quanto seu antepassado enquanto luta para salvar o mundo —, ela cumpre muito bem ao propósito de conduzir o jogador pelo mundo de MH. É a partir dessa jornada que o jogador é levado para diferentes ambientes, cada um com sua própria variedade de monstros, e passa a conhecer cada vez mais do universo da série.

Parece algo meio óbvio e básico, mas que se difere bastante do que estamos acostumados a ver em um Monster Hunter tradicional, que é baseado na ideia de visitar seu acampamento e ir para mapas específicos atrás de uma determinada criatura. E o simples fato de Monster Hunter Stories 2 condicionar essa progressão à narrativa torna tudo mais orgânico e a exploração mais prazerosa e recompensadora. Agora há um porquê de toda a caçada e busca por novos itens, além de “ficar mais forte para matar monstros maiores”.

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Além disso, o jogo não tem medo de incorporar ao seu roteiro todas as explicações das mecânicas tão particulares da série. Os diferentes tipos de inimigos, quais armas são mais eficientes contra cada espécie, como itens e armadilhas podem ser úteis e o simples processo de criar e melhorar novos equipamentos são todos explicados de forma bastante natural no meio da história, o que faz com que a trama funcione também como um enorme tutorial para que você entenda a lógica não só de Wings of Ruin, mas de todo e qualquer Monster Hunter. Tudo aquilo que sempre foi algo muito hermético da série, é posto de maneira muito mais acessível — o que é um ganho e tanto.

Uma nova lógica de combate

A grande mudança está no sistema de combate. Enquanto a linha principal da série traz batalhas abertas em que você precisa ir a campo já preparado para o que der e vier, Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin deixa as coisas um pouco mais simples ao adotar um sistema por turnos.

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A estrutura aqui é bem simples, mas ainda exige bastante atenção e uma boa dose de estratégia. Como em qualquer Pokémon da vida, os movimentos são baseados em uma espécie de Jokenpo — ou seja, três tipos de ataques com vantagens e desvantagens. Para saber qual usar, é preciso observar o inimigo. E, embora as mudanças de comportamento estejam bem mais claras do que no primeiro Monster Hunter Stories, errar pode resultar em um dano considerável ao seu personagem.

Além disso, é preciso ficar atento às fraquezas dos monstros a cada tipo de arma. A boa notícia é que você pode carregar até três equipamentos diferentes e alternar no meio da batalha, o que ajuda na hora de contornar uma eventual resistência. É uma simplificação de algo que já existia nos demais Monster Hunter, já que lá você não tinha tanta liberdade para trocar de armas fora do acampamento e que tornava os preparativos ainda mais fundamentais. Em Stories, tudo é bem mais amigável, bastando resolver a equação de vantagens e desvantagens posta logo de início.

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Outra mudança significativa são os Monsties, monstros aliados que lutam ao seu lado nas caçadas. A ideia é realmente a mesma de Pokémon: encontrar novas e poderosas espécies para treiná-las e colocá-las no campo de batalha. A diferença é que as capturas funcionam a partir de ovos encontrados em ninhos espalhados pelo mapa, o que serve como um incentivo a mais para a exploração.

Na falta de um sistema de evolução, Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin oferece melhorias genéticas a partir da herança de habilidades obtidas em fusões. Essa mecânica já existia no jogo de 3DS, mas foi aprimorada para incentivar o jogador a explorar mais combinações. Com isso, diversas funções que antes só eram habilitadas no pós-game, foram disponibilizadas já no início da campanha justamente para que você teste todas as possibilidades na busca de um Monstie perfeito. Não é algo tão intuitivo em um primeiro momento, mas que você vai aprendendo a dominar pouco a pouco e às custas de alguns companheiros de batalha.

Só que, ao mesmo tempo em que tudo isso faz com que o jogo se torne um RPG bastante consistente em um mundo já muito bem estabelecido, há algumas derrapadas um tanto quanto básicas e que atrapalham a experiência.

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Ainda que você tenha quatro personagens do seu lado da luta — o herói, seu Monstie e mais um aliado com seu próprio companheiro —, você só controla o protagonista. No máximo, pode mandar seu monstro usar alguma habilidade. E em um combate em que a escolha da arma e do movimento certo é fundamental, esse tipo de limitação não faz sentido.

Isso é tão verdade que não são poucas as vezes em que você tem vontade de arremessar o Switch pela janela pelo simples fato de a inteligência artificial ter decidido jogar contra você ou por você ser obrigado a abrir mão de um ataque eficiente com seu personagem para usar uma poção porque o NPC ao seu lado é incapaz de fazer isso. Ainda que o sistema de combate seja mais simples do que em um Monster Hunter tradicional, ele tem toda uma dose de estratégia que ainda é muito importante e é terrível ver como a IA muitas vezes age para sabotá-lo nesse sentido.

E por mais que não seja nada que comprometa o jogo como um todo, é algo frustrante, irritante demais — para dizer o mínimo — e que tira muito do brilho do gameplay.

Beabá do caçador

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Com o propósito de conquistar novos usuários para a franquia de caçadas, a Capcom faz um excelente trabalho com Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin. O jogo combina tudo aquilo que faz da série um sucesso com uma estrutura que é mais palatável para o jogador que está tendo seu primeiro contato com o seu universo — e faz tudo isso muito bem, no nível de fazer com que você saia daqui querendo explorar os demais títulos.

Adicione à equação um visual realmente encantador que dá a impressão de que você está jogando um anime — ainda que isso acabe deixando as coisas um tanto quanto pesadas para o hardware do Switch. Contudo, como o jogo não exige precisão em momento algum, as quedas de desempenho são mais incômodas do que realmente prejudiciais. Aliás, esse visual poderia muito ser aplicado em outras franquias, não é mesmo dona Capcom?

Assim, seja você um fã veterano de Monster Hunter ou alguém disposto a conhecer esse mundo de caçadas e criação de armas e armaduras espalhafatosas, Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin é uma ótima pedida. Com um belo equilíbrio de simplicidade e profundidade, ele mostra que é possível explorar uma fórmula já bem consolidada de outras maneiras para que mais gente se divirta. É a prova de que nenhum universo é hermético demais quando você está realmente disposto a abrir as portas para uma nova geração de jogadores.

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Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin está disponível para PC e Switch. No Canaltech, o game foi analisado no Switch, em cópia digital gentilmente cedida pela Capcom.