Seu smartphone seria poderoso o suficiente para te levar até a Lua?
Por Redação |
Ainda que você não seja velho o suficiente para ter visto o primeiro pouso do Homem na Lua, é bem fácil de achar na internet imagens de uma das maiores proezas da humanidade. E, uma das coisas mais curiosas se pensarmos no dia de hoje é: o poder computacional do computador a bordo da Apollo 11 — espaçonave que levou os astronautas até a superfície lunar em 1969 — não chega nem aos pés de um celular intermediário que pode ser encontrado em qualquer esquina.
Sim, é isso mesmo. O computador a bordo, na verdade, tinha a capacidade de processamento de um notebook de brinquedo dos dias atuais. Com o nome de Apollo Guidance Computer (AGC), ele tinha pouco mais de 4 MB de memória RAM para leitura de dados, além de 72 KB de memória ROM.
Para você ter uma ideia de como esse poder de processamento é limitado, um único caractere alfabético — digamos um "a" ou um "b" — normalmente requer oito bits para ser armazenado. Isso significa que o computador da Apollo 11 não seria capaz de processar e armazenar este artigo que você está lendo neste momento. Compare isso com o seu celular ou até mesmo um prosaico iPod e o AGC leva uma goleada.
Comparando com os nossos smartphones atuais
A diferença fica ainda mais absurda se compararmos o poderio do AGC com um smartphone intermediário atual que, normalmente, tem 4 GB de RAM. Isso significa que um Galaxy J8, por exemplo, tem 4 mil vezes mais capacidade de processamento que o computador da Apollo 11. Já um iPhone com 512 GB de armazenamento tem o equivalente a 4.398.046.511.104 de bits. Isso significa que ele é mais de sete milhões de vezes maior que o AGC.
Mas, claro, a memória não é a única coisa que importa. O computador da Apollo 11 tinha um, vá lá, processador — um circuito eletrônico que executa operações em fontes de dados externas — que funcionava a 0,043 MHz. Estima-se que o processador mais recente do iPhone funcione a cerca de 2.490 MHz. Isso significa que o telefone da Apple tem mais de 100.000 vezes o poder de processamento do computador que ajudou a pousar o Homem na Lua há 50 anos.
E se a Apollo 11 tivesse um smartphone ou PC atual como seu computador de bordo?
O AGC era considerado o estado da arte computacional em sua época, mas o que teria sido diferente se o pouso na Lua tivesse os computadores de última geração disponíveis hoje?
Os especialistas estimam que o tempo de desenvolvimento de software teria sido muito mais rápido com as ferramentas disponíveis hoje. Isso porque teria sido muito mais rápido escrever, depurar e testar o complexo código necessário para fazer a viagem até a Lua.
A interface do usuário (chamada de teclado de exibição, ou DSKY) tinha uma interface do tipo calculadora, na qual os comandos precisavam ser inseridos a partir de códigos numéricos. A interface de hoje seria muito mais fácil de usar — o que seria essencial em uma situação estressante. Quase certamente não teríamos um teclado, mas utilizaríamos comandos de swipe em uma tela sensível ao toque. Se isso não fosse possível, a interface poderia funcionar através de gestos, movimentos dos olhos ou alguma outra interface intuitiva.
Contudo, uma coisa que não seria melhor hoje é a velocidade de comunicação com a Terra. O tempo real necessário para se comunicar é o mesmo hoje do que era em 1969 — afinal, a velocidade da luz é um valor fixo e imutável, o que significa que leva 1,26 segundo para uma mensagem chegar da Lua à Terra dada a distância entre os dois mundos. Mas com os arquivos maiores que são enviados atualmente, para obter uma imagem de uma espaçonave na Terra hoje levaria um tempo relativamente maior do que em 1969. Dito isso, essas imagens ficariam muito mais bonitas graças aos avanços na tecnologia de câmeras, ainda que o "peso" dessas imagens causasse uma demora maior para recebermos o material gráfico.
Por fim, talvez a maior mudança no uso de um computador atual em uma espaçonave é que o sistema operacional seria muito mais inteligente. Com isso, o voo e o pouso da espaçonave não seriam colocados exclusivamente nas mãos do computador, mas ele teria muito mais informação e inteligência para tomar muito mais decisões do que o AGC era capaz de fazer 1969. Este poderia ser um enorme alívio para os astronautas. Neil Armstrong disse certa vez que, em uma escala preocupante de um a dez, caminhar na Lua era nível um — enquanto a descida final para a Terra era nível 13.
Portanto, temos de reconhecer que levar um Homem à Lua, com todas as limitações tecnológicas daquele tempo, foi mesmo uma baita conquista!
Fonte: Space Daily