Rocket Lab prepara primeira missão privada a Vênus
Por Danielle Cassita • Editado por Rafael Rigues |
Após enviar uma espaçonave Photon com destino à Lua em junho deste ano, em parceria com a NASA, a empresa norte-americana Rocket Lab está de olho em um prêmio maior: Vênus. A empresa está desenvolvendo uma nova versão da espaçonave, com tamanho de uma mesa de jantar, para enviá-la rumo a Vênus.
A empresa planeja lançá-la com destino a nosso planeta em maio de 2023, naquela que será a primeira missão comercial já enviada com destino ao nosso vizinho. Se tudo correr bem, ela deverá alcançá-lo em outubro daquele ano.
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A missão, que foi anunciada em 2020, é financiada pela Rocket Lab, Instituto de Tecnologia de Massachusetts e filantropos não revelados e, apesar dos altos riscos, custará apenas 2% do que a NASA desembolsou por missões a Vênus no passado. “Esta é a melhor, mais barata e simples coisa que você pode fazer para tentar conseguir uma grande descoberta”, disse Sara Seager, líder da missão.
A ideia é que a nave carregue, em seu interior, uma sonda com cerca de 20 kg e formato de cone, que estará equipada com um escudo térmico que irá protegê-la das altas temperaturas geradas conforme viaja pela atmosfera venusiana. No interior dela haverá um único instrumento, que estudará as nuvens do planeta com um nefelômetro ultravioleta.
O dispositivo emitirá luz ultravioleta contra as gotículas da atmosfera de Vênus para determinar a composição das moléculas presentes; conforme a sonda mergulha em direção ao planeta, um laser será emitido através de uma pequena janela, excitando moléculas complexas (como possíveis compostos orgânicos) e fazendo com que brilhem.
“Vamos procurar partículas orgânicas nas gotículas das nuvens”, disse Seager. Vale destacar que encontrar estes compostos não significa necessariamente a presença de vida ali, já que as moléculas orgânicas também podem vir de processos não-biológicos. “Mas, se forem encontradas, será um passo em direção a considerar Vênus como um ambiente potencialmente habitável”, explicou.
A sonda terá apenas cinco minutos nas nuvens de Vênus para executar o experimento e transmitir os dados para a Terra. Ela deverá chegar ao solo uma hora após entrar na atmosfera — se sobreviver até chegar à superfície, outros dados poderão ser coletados.
Para Seager, o ideal seria passar mais tempo estudando as nuvens do planeta, talvez com alguma nave maior e com mais instrumentos. “Uma hora seria o suficiente para procurar moléculas complexas, não apenas ver a impressão delas”, disse. Assim, o projeto representará uma oportunidade de a empresa e seus parceiros mostrarem o potencial de missões planetárias privadas.
O artigo que descreve a missão foi publicado na revista Aerospace.
Fonte: Aerospace; Via: MIT Technology Review