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O que novas buscas por fosfina nos dizem sobre a vida em Vênus?

Por| Editado por Rafael Rigues | 26 de Julho de 2022 às 16h10

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NASA
NASA

A equipe de pesquisadores que anunciou em 2020 a descoberta de fosfina na atmosfera de Vênus trouxe novas informações sobre a busca pela molécula no planeta. Na ocasião, o estudo que descrevia a descoberta causou grande comoção na comunidade científica — basta considerar que a fosfina é uma molécula que pode ser produzida por seres vivos, ou seja, identificá-la em Vênus poderia indicar algum tipo de vida nas nuvens do nosso vizinho.

Os pesquisadores foram liderados por Jane Greaves, astrônoma e astrobióloga. Nas apresentações em que discutia a fosfina, ela incluiu a foto de um pinguim — não por acaso, mas sim porque a molécula também pode ser encontrada na barriga destas aves. “Temo que confundimos as pessoas com essa ideia do pinguim”, brincou ela, durante uma apresentação da American Astronomical Society (AAS), em junho.

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Pinguins à parte, Greaves queria, na verdade, mostrar evidências sólidas da fosfina em Vênus. Dois anos após o estudo original, ela e outros coautores trouxeram observações dos telescópios James Clerk Maxwell Telescope (JCMT) e Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA); ambos identificaram fosfina no planeta.

No caso do JCMT, o observatório encontrou a molécula com um instrumento diferente do estudo original; neste e no próximo ano, os colegas de Greaves vão dedicar cerca de 200 horas de observações do JCMT para estudar Vênus e coletar mais dados. Já o telescópio SOFIA, instalado em um avião, fez uma possível descoberta da fosfina a 3 partes por bilhão, a 65 km de altitude.

A busca por fosfina em Vênus

Encontrar esta molécula no planeta não é nada fácil: Vênus é tão brilhante que procurar por sinais tão fracos quanto aqueles vindos da fosfina é como procurar uma mosca voando em frente ao Sol. Para completar, nosso vizinho e a Terra estão sempre em movimento, de modo que ocorrem pequenos desvios nos sinais, que precisam ser filtrados.

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Além disso, existem moléculas capazes de “imitar” a fosfina, por emitirem sinais parecidos — entre elas, está o dióxido de enxofre. Greaves e seus colegas analisaram os dados novamente e descobriram que, embora o dióxido de enxofre seja capaz de amplificar o sinal da fosfina, o efeito seria pequeno em comparação com o que foi observado.

No fim das contas, a melhor forma de procurar fosfina em Vênus é com o envio de missões para lá. Felizmente, há seis missões espaciais que devem viajar rumo ao planeta na próxima década. Uma delas é a missão DAVINCI, da NASA, que deverá ser lançada a partir de 2028 para explorar a atmosfera venusiana.

Vale lembrar que, mesmo que a existência de fosfina em Vênus seja confirmada, isso não significa, necessariamente, que há vida por lá. Até que qualquer possível tipo de microrganismo seja observado em Vênus, é preciso primeiro descartar as origens não-biológicas da fosfina, como emissões de vulcões.

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Fonte: The Planetary Society