O que aconteceria se tentássemos explodir um asteroide com uma arma nuclear
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela |
Já se perguntou o que faríamos se um asteroide fosse descoberto a caminho de se chocar com a Terra? Este cenário catastrófico já foi bastante explorado em obras de ficção, que levaram alguns a acharem que a melhor saída seria explodir a rocha espacial com uma arma nuclear. No entanto, talvez esta não seja a melhor opção.
- Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
- O que a NASA faria se um asteroide fosse se chocar com a Terra?
Primeiro, vale lembrar que existem inúmeros asteroides no espaço — em meio a eles, estão os objetos próximos da Terra (“NEOs”, na sigla em inglês). Eles são asteroides e cometas de tamanhos variados cujas órbitas os trazem a até 45 milhões de quilômetros da órbita da Terra. Apesar disso, eles não nos oferecem riscos significativos nos próximos 100 anos.
Mesmo assim, vamos imaginar que uma rocha espacial foi encontrada vindo em direção à Terra. Se uma arma nuclear fosse usada para a defesa planetária, seus efeitos iriam depender da estrutura do asteroide; afinal, estas rochas espaciais podem ser densas e metálicas, como o Psyche, mas também podem ter estrutura parecida com uma pilha de detritos.
Dependendo do poder da arma nuclear e das características do asteroide, a detonação poderia destruí-lo completamente. Mas e os fragmentos formados? Será que eles podem atingir a Terra? Bem, aí depende do tamanho, composição e energia da explosão. Claro, alguns podem ser pequenos, acabando queimados na atmosfera, mas outros podem ser grandes o suficiente para ameaçar grandes regiões do nosso planeta.
Outra opção seria detonar a arma nuclear perto do asteroide, não em sua superfície. Nesse caso, a explosão poderia fazer com que o material na superfície da sua estrutura fosse vaporizado, gerando impulso para alterar a trajetória do asteroide.
Armas nucleares no espaço
Uma missão para destruir ou vaporizar um asteroide com armas nucleares exigiria vastos estudos para os cientistas entenderem as características da rocha e o que seria necessário para destruí-la ou desviá-la sem aumentar os riscos.
Entretanto, o uso de armas nucleares no espaço é proibido por determinação do Tratado do Espaço Sideral. E não é sem motivo: durante a Guerra Fria, a antiga União Soviética e os Estados Unidos disputavam o desenvolvimento de foguetes e de armas nucleares — algumas, inclusive, foram testadas no espaço.
Claro, levar uma arma nuclear ao espaço para proteger a Terra de um asteroide é bem diferente de usá-la em uma guerra. No entanto, o uso de armas nucleares no espaço para finalidades assim poderia levar a tensões geopolíticas e até para atividades militares espaciais futuras.
A boa notícia é que existem outras formas de desviar um asteroide sem a necessidade de armas nucleares. Por exemplo, espaçonaves poderiam usar lasers para diminuir ou aumentar a velocidade do asteroide ao redor do Sol.
Existe também a técnica do impacto cinético, que consiste em colidir de propósito uma nave espacial com um asteroide para mudar levemente sua órbita. Foi o que a NASA fez em 2022 ao colidir a sonda DART com o Dimorphos, asteroide que orbita Didymos. O impacto funcionou tão bem que causou uma mudança de 33 minutos no tempo que Dimorphos leva para orbitar seu vizinho.
No fim, a melhor forma de proteger nosso planeta contra asteroides perigosos é encontrar estes objetos, monitorá-los e estudá-los. Quanto antes os astrônomos descobrirem alguma rocha espacial que pode oferecer algum perigo, mais tempo vão ter para encontrar uma forma de evitar o impacto.
Fonte: Planetary Society