O que acontece se um asteroide cair na Terra?
Por Daniele Cavalcante • Editado por Patricia Gnipper |

Há milhares de asteroides potencialmente perigosos conhecidos e, felizmente, nenhum deles deve atingir nosso planeta nos próximos 100 anos. Mas, afinal, o que aconteceria se um asteroide atingisse a Terra? Nesta matéria, reunimos algumas simulações para mostrar quais seriam as consequências disso.
- Conheça asteroides que já estiveram em direção à Terra e causaram medo
- Qual o risco de um asteroide atingir a Terra nos próximos mil anos?
Todos que já leram algo sobre dinossauros têm na memória a imagem de um grande meteoro, ou muitos, caindo e causando a extinção em massa de várias espécies. Não só isso, mas também formando tsunamis colossais e afetando o clima da Terra por décadas.
Aquele evento ocorreu há 66 milhões de anos, no final do período Cretáceo, deixando a famosa cratera de Chicxulub. Ainda hoje, a história nos deixa um pouco apreensivos por saber que esses “pedregulhos” estão orbitando relativamente perto, como se estivessem à espreita esperando o melhor momento para nos atacar.
Não há nenhum perigo previsto para os próximos 100 anos, ao menos no que diz respeito aos asteroides já identificados próximos à órbita terrestre. Ainda assim, é importante manter os olhos e os telescópios sempre atentos, pois algumas rochas ainda não detectadas podem estar bem mais perto da Terra.
O que acontece se um asteroide cair na Terra?
Vários fatores influenciam nos resultados do choque de um asteroide com nosso planeta. Claro, o tamanho do objeto é importante, mas também é preciso considerar sua composição, já que alguns são feitos de rocha relativamente macia e outros de ferro, por exemplo.
Além disso, a velocidade e o ângulo da queda são fundamentais para determinar o tamanho do estrago que o asteroide causaria. No caso do evento que dizimou os dinossauros, por exemplo, os cientistas calculam que a rocha caiu no ângulo mais letal possível.
O simulador Asteroid Launcher, desenvolvido por Neal Agarwal, mostra o que aconteceria se uma rocha espacial caísse na Terra. Você pode escolher o tipo, tamanho e velocidade do objeto, além do ângulo da queda e, por fim, o local do planeta onde você deseja arremessar seu asteroide.
Note que o impacto em si não é capaz de destruir o mundo, como alguns brincam. A catástrofe do Cretáceo eliminou cerca de 26% das famílias do reino animal e pelo menos 75% das espécies, mas não porque um asteroide caiu exatamente sobre eles, e sim devido aos efeitos em cascata após a colisão. Alguns foram imediatos, e outros, de médio prazo.
Nos mapas, observamos que a cratera é minúscula se comparada aos efeitos colaterais do asteroide, como a destruição por ondas de choque, terremotos, incêndios, vento, entre outros. O grande mérito do simulador é justamente calcular o impacto de cada um desses fatores.
Como usar
Para "brincar" de jogar asteroides nas cidades, basta selecionar os parâmetros principais e deixar a magia do desastre acontecer. Confira.
1. Crie seu asteroide
Selecione a composição do seu impactador (rocha, carbono, ferro, ouro ou cometa) e, em seguida, seu diâmetro. Infelizmente, o tamanho é limitado a 1,5km, o que nos impede de criar uma catástrofe das proporções do asteroide de Chicxulub — a "pedrinha" daquele evento tinha quase 15 km de diâmetro. Se quiser o tipo mais comum, escolha a opção carbono".
2. Escolha a velocidade
A velocidade da queda é importante, mas talvez seja mais interessante escolher algo mais realista. Claro, eles podem cair em alta velocidade, mas algo entre 12 km/s (a velocidade do asteroide de Chicxulub) e 40 km/s parece conveniente.
3. Determine o ângulo
Por fim, escolha o ângulo da queda. Como já vimos, esse fator também é importante e o ângulo de 60° é considerado o mais letal. Experimente este!
4. Aponte para o alvo
Com seu asteroide "em mãos", é hora de arremessá-lo em algum lugar. Escolha seu alvo e clique em "launch asteroid".
A primeira coisa que você vai ver é o tamanho da cratera. Dependendo das suas escolhas, ela vai ter dezenas de quilômetros de diâmetro, dentro do qual toda forma de vida seria vaporizada instantaneamente. Mas isso é só o começo: se você optou por asteroide de carbono, por exemplo, em ângulo de 60°, vai ver efeitos devastadores com alcance muito maior.
Além de mostrar o alcance do desastre, o simulador também calcula quantas pessoas morreriam por cada um desses efeitos com base na população estimada de cada região do mapa. Para observar, basta rolar o scroll do mouse para afastar o mapa.
O Asteroid Launcher foi baseado em cinco artigos científicos publicados pelo Dr. Gareth Collins, professor do Imperial College London e cientista de modelagem de impactos, e Dr. Clemens Rumpf, engenheiro e pesquisador de asteroides.
Onde os asteroides já caíram?
Se você quiser observar onde estão as crateras de impacto em nosso planeta, o Impact Crater Database pode ajudar. Nele, você vai encontrar não apenas os locais, como também informações sobre as crateras já identificadas pelos cientistas com riqueza de detalhes.
Veja como usar:
1. Selecione uma cratera no mapa-múndi
Você pode deslizar por todos os continentes e observar onde existem crateras através dos ícones de meteoro.
2. Clique na cratera desejada
Uma janela pop-up se abrirá contendo algumas informações básicas, como tipo e diâmetro da cratera.
3. Saiba mais
Ao clicar em View Details, uma nova página abrirá trazendo informações detalhadas do asteroide que formou a cratera em questão, período em que ele atingiu a Terra, e dados mais técnicos retirados de estudos científicos.
Você pode explorar as sete grandes crateras brasileiras. São elas:
- Araguainha – Goiás e Mato Grosso – 40 quilômetros de diâmetro
- São Miguel do Tapuio – Piauí – 20 quilômetros de diâmetro
- Vargeão – Santa Catarina – 12 quilômetros de diâmetro
- Piratininga – São Paulo – 12 quilômetros de diâmetro
- Serra da Cangalha – Tocantins – 12 quilômetros de diâmetro
- Riachão – Maranhão – 4 quilômetros de diâmetro
- Colônia – São Paulo – 3,6 quilômetros de diâmetro
Quantos asteroides estão perto da Terra?
Segundo a NASA, já foram detectados 1.298.210 asteroides no Cinturão Principal, que fica entre as órbitas de Marte e Júpiter. As rochas consideradas próximas à Terra (conhecidas como Near-Earth Asteroids, ou NEAs) também são catalogadas e já somam a quantidade de 32.273 objetos.
Você pode acompanhar a órbita de cada um deles no simulador Eyes on Asteroids, da NASA, que também inclui os cometas e até mesmo as missões espaciais destinadas ao estudo de asteroides. Ao acelerar a passagem de tempo na barra deslizante abaixo da tela, você acompanha a trajetória dos objetos e confere se algum deles vai colidir com a Terra.