NASA avalia qual é o melhor projeto de radiotelescópio no lado afastado da Lua
Por Wyllian Torres • Editado por Patricia Gnipper |
Quando radiotelescópios observam o espaço a partir da superfície terrestre, eles enfrentam alguns desafios como a turbulência que a luz dos astros e estrelas encontram ao atravessar a camada atmosférica. Para driblar esse problema, telescópios são lançados para a órbita da Terra, para obter dados livres dessas interferências. Mas a Lua poderá se tornar um local ainda mais ideal para a instalação de observatórios espaciais — e inclusive nações como EUA e China almejam instalar observatórios no lado afastado da Lua, observando, assim o passado do universo, logo depois do Big Bang.
- Radiotelescópio será construído no lado afastado da Lua usando recursos locais
- Por que vemos sempre a mesma face da Lua daqui da Terra?
- Missão chinesa Chang'e-4 descobre origem de regolito no lado afastado da Lua
A equipe de cientistas da NASA vem desenvolvendo o projeto de construção de um observatório no lado mais distante da Lua. O Lunar Crater Radio Telescope (LCRT), como é chamado o trabalho, recebeu recentemente investimentos para a realização da segunda fase do programa Innovative Advanced Concepts (NIAC) da agência espacial. A ideia é transformar uma cratera de cerca de 0,8 km de diâmetro em um grande radiotelescópio e, para a montagem, segundo Saptarshi Bandyopadhyay, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), seriam utilizados robôs e rovers.
Tal ideia existe desde a década de 1960, com o início das missões espaciais tripuladas, mas só agora a tecnologia robótica permite tirar esses projetos do papel e por um custo mais acessível. Um radiotelescópio no lado afastado da Lua ficaria tão isolado da luz e radiação da Terra que seria capaz de captar ondas de rádio em baixa frequência que sobraram do início do universo, os “restos” do Big Bang.
A NASA também considera outro projeto de radiotelescópio lunar, chamado Farside Array para Radio Science Investigations of the Dark Ages and Exoplanets (FARSIDE), o qual seria bem maior do que o LCRT, alcançando mais de 9 km de diâmetro através de uma malha de fios e sensores pela superfície da Lua. Mas a agência norte-americana ainda não definiu qual projeto será utilizado para uma missão oficial. “A NASA vai dar uma olhada nesses dois conceitos e decidir com qual seguir em frente, ou não, ou potencialmente fazer os dois”, disse Jack Burns, professor de astrofísica da Universidade do Colorado.
O professor de astrofísica Joseph Silk, da Universidade Johns Hopkins, diz que os astrônomos do mundo todo estão ansiosos por esses observatórios lunares, pois eles seriam capazes de superar a capacidade, por exemplo, do Telescópio Espacial James Webb, o mais potente da história e planejado para ser lançado ainda neste ano. Silk diz que gostaria que tanto FARSIDE quanto o LCRT fossem construídos, pois, enquanto o FARSIDE teria uma ampla cobertura de sensores, o LCRT seria mais sensível às baixas frequências.
Fonte: Moon Daily