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Radiotelescópio será construído no lado afastado da Lua usando recursos locais

Por| Editado por Patricia Gnipper | 09 de Março de 2021 às 16h30

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Lunar Resources
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Não é de hoje que a NASA vem financiando projetos de construção de um telescópio no lado afastado da Lua. Além de ser um lugar livre de todas as frequências de rádio que atrapalham os radiotelescópios aqui na Terra, o projeto FarView pretende construir seu equipamento a partir de recursos disponíveis na própria Lua, o que reduziria consideravelmente o custo da missão.

O FarView, que ainda está em fase inicial, faz parte do programa Innovative Advanced Concepts (NIAC), da NASA, responsável por financiar ideias inovadoras com grande potencial de execução. Os projetos abarcados pelo programa podem ser um vislumbre do que a exploração espacial pode nos proporcionar futuramente.

Para um melhor desempenho, os radiotelescópios precisam de um lugar isolado para poderem “ouvir” o céu sem interferências. Mas na Terra isso se torna um desafio, uma vez que grandes áreas ao redor do equipamento devem estar livres da interferência de celulares ou Wi-Fi. Para isso, o FarView pretende montar seu radiotelescópio no lado mais distante da Lua, aquele que nunca podemos ver aqui da Terra — um lugar bem silencioso, longe de ruídos produzidos aqui. Dessa maneira, seremos capazes de fazer leituras do universo com mais clareza do que nunca.

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A equipe do projeto pretende manter o baixo custo ao construir o FarView utilizando materiais já disponíveis na Lua, em vez de lançarmos tudo isso da Terra. Para isso, usariam um sistema que extrairia o regolito lunar. A fabricação dependera de dois processos: o primeiro seria derreter o regolito para separar os metais do oxigênio, enquanto o segundo prevê o depósito a vácuo desse material em pequenos filmes de material semelhante a uma folha.

O diretor de tecnologia da Lunar Resources, Dr. Alex Ignatiev, está confiante na realização do projeto sem custos elevados, estimando a construção do FarView em cerca de 10% do custo total do Telescópio James Webb, com uma missão cuja duração pode ter 50 anos. “Nosso desafio, então, em termos de fabricação na Lua com matérias-primas, é quebrar essa ligação regolito-oxigênio para obter os elementos brutos desse regolito através de correntes elétricas”, explica Ignatieve.

O principal investigador do FarView, Ronal Polidan, diz que, conforme o veículo robótico avançasse pela superfície lunar, ele coletaria e derreteria “o regolito em um vidro e, em seguida, colocaria as antenas de metal nele, com fios de conexão e todas as outras infraestruturas necessárias". Através desse método, o robô levaria cerca de 26 meses para produzir 100.000 dipolos com 10 metros cada, suficientes para a construção do radiotelescópio com uma área de 400 km quadrados. O rover, no entanto, só poderia funcionar durante os dias lunares e hibernar durante as noites — cada dia e cada noite lunar duram cerca de duas semanas terrestres e, nas noites lunares, as temperaturas despencam o suficiente para prejudicar equipamentos eletrônicos; por isso a necessidade de hibernação.

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O projeto ainda precisa caminhar por uma longa estrada até começar a ganhar corpo. A expectativa da equipe é que, com a missão Artemis III, as técnicas sejam aprimoradas e implementadas para a construção do FarView.

Grandes telescópios na alta atmosfera da Terra, ou até mesmo no lado afastado da Lua, serão cada vez mais importantes diante do crescente número de satélites orbitando nosso planeta. No entanto, projetos como o FarView não têm objetivo de colocar em desuso os radiotelescópios já em operação na Terra; a ideia é justamente complementar nossa capacidade de observação do espaço.

Fonte: Universe Today