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Moléculas de RNA podem ser formadas em vidros encontrados na Terra e Marte

Por| Editado por Rafael Rigues | 03 de Junho de 2022 às 13h31

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frender/envato
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O ácido ribonucleico (RNA), molécula que sintetiza proteínas e que provavelmente foi o primeiro material genético para a vida, pode ser formado espontaneamente em vidro de lava de basalto, um material abundante na Terra há 4,35 bilhões de anos que também pode ser encontrado em Marte atualmente. A descoberta foi anunciada nesta sexta-feira (3) por cientistas da Foundation for Applied Molecular Evolution.

Liderado por Elisa Biondi, o estudo mostra que as grandes moléculas de RNA (com até 200 nucleotídeos de extensão) podem ser formadas quando trifosfatos de nucleosídeos são percolados (quando componentes solúveis são extraídos por meio de solventes e materiais porosos) através do vidro basáltico. “O vidro basáltico estava em todos os lugares na Terra naquela época”, reforçou Stephen Mojzsis, coautor do estudo.

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Ele explica que, algumas centenas de milhões de anos após a formação da Lua, impactos frequentes ocorriam, acompanhados de vulcanismo abundante em nosso planeta. Estes eventos formaram lava basáltica derretida, a "mãe" do vidro de basalto. “Os impactos também evaporaram a água e formaram terras secas, fornecendo aquíferos onde o RNA pode ter sido formado”, disse.

Estes impactos também trouxeram níquel, que podem fornecer trifosfatos de nucleosídeos a partir dos próprios nucleosídeos, junto do fosfato ativado presente no vidro de lava. Assim como os impactos formaram o vidro, eles também reduziram temporariamente a atmosfera graças aos seus núcleos metálicos — e as bases de RNA, cujas sequências armazenam informações genéticas, podem ser formadas exatamente nestas atmosferas.

As mesmas rochas podem resolver outros mistérios relacionados à formação do RNA. “Por exemplo, o borato cuida da formação da ribose, o ‘R’ de ‘RNA”, acrescentou Steven Benner, coautor do estudo. Esse processo começa com carboidratos simples, que não poderiam não ter sido formados na atmosfera primitiva da Terra; eles foram estabilizados pelo dióxido de enxofre vulcânico e, depois, foram para a superfície com as chuvas, criando reservas de materiais orgânicos.

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O estudo completa o caminho de formação do RNA a partir de pequenas moléculas orgânicas que provavelmente estavam presentes na Terra primordial, e é de enorme importância para Marte; afinal, os mesmos minerais, vidros e impactos também fizeram parte do Planeta Vermelho no passado. Por outro lado, nosso vizinho não sofreu a ação das placas tectônicas, que enterraram as rochas mais antigas da Terra.

Por isso, rochas importantes daquele período seguem presentes na superfície marciana — e a boa notícia é que as missões robóticas que estão explorando o planeta já as encontraram, incluindo o borato. “Se a vida floresceu na Terra por um caminho simples como este, ela provavelmente também surgiu em Marte”, destacou Benner. “Isso torna ainda mais importante procurarmos vida lá quanto antes pudermos”.

Apesar do otimismo nos resultados, os autores mantêm a cautela, já que há perguntas ainda sem resposta. "Ainda não sabemos como todos os blocos construtores do RNA chegaram à mesma forma geral,", alertou Benner. É possivel que as relações entre os nucleotídeos varie no material sintetizado no vidro basáltico, mas a importância disso ainda não está clara para os pesquisadores.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Astrobiology.

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Fonte: Astrobiology; Via: Phys.org