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Confirmado pico de metano em Marte e debate sobre vida marciana é aquecido

Por| 02 de Abril de 2019 às 14h24

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NASA
NASA

O rover Curiosity havia detectado emissões do gás metano em Marte em junho de 2013, repetindo a detecção no final do mesmo ano e depois novamente em 2014. Essas detecções aconteceram sazonalmente no ciclo da fina atmosfera marciana e, agora, a detecção de 2013 foi reafirmada com o satélite Mars Express, da ESA, que também notou aumento nos índices do gás e, com isso, se confirma que, definitivamente, há metano em Marte. Esse gás pode ser uma bioassinatura, mas também pode ser produzido por uma variedade de processos geológicos. Então fica a questão: haveria mesmo algum tipo de vida em Marte produzindo o metano hoje em dia?

É que, na Terra, a maior parte do metano no ar é produzida por micróbios e outras criaturas vivas. Mas, claro, não se pode desconsiderar que o gás pode ser emitido por processos geológicos sem a interferência de seres vivos. Por isso mesmo, cientistas estão tentando rastrear a origem do metano marciano para que não sobrem mais dúvidas.

O estudo em questão, publicado na revista Nature Geoscience, mostra que a equipe traçou a fonte provável da pluma de metano detectada em junho de 2013, sendo levados a uma região geologicamente complexa que fica a cerca de 500 quilômetros a leste da Cratera Gale, onde o Curiosity fez a detecção na época. Liderados por Marco Giuranna, do italiano Istituto Nazionale di Astrofísica, os pesquisadores usaram dados coletados pelo espectrômetro da Mars Express, que já havia detectado traços de metano no Planeta Vermelho em 2004.

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Giuranna e seus colegas aplicaram uma nova abordagem para a análise de dados da sonda europeia, também aplicando-a às medições da NASA feitas com o Curiosity. Dessa maneira, eles descobriram um pico de cerca de 15,5 partes por bilhão (ppb) de metano na detecção de 2013, apenas um dia marciano depois do pico de 6 ppb registrado pelo Curiosity. Normalmente, os níveis de metano na cratera Gale variam de cerca de 0,24 ppb a 0,65 ppb.

O autor do estudo também revela que essa região da cratera pode conter metano preso sobre o gelo, que eventualmente escapa para a superfície. "Esse metano pode ser liberado episodicamente ao longo de falhas que quebram o permafrost devido ao derretimento parcial do gelo, tensões devido a ajustes planetário, ou impacto local de meteoritos", imaginam os pesquisadores.

O artigo não determina ainda se o metano é produzido apenas geologicamente (como em reações envolvendo água quente e certos tipos de rocha), ou se há mesmo a atividade de micróbios marcianos, confirmando que existe, sim, vida em Marte. Os cientistas ainda também não sabem se o metano descoberto foi produzido recentemente, ou se ele estava ali "guardado" há muito tempo. Mas o estudo certamente mostra que há muito a ser estudado na cratera Gale, com outras sondas orbitais e eventuais novos exploradores superficiais se dedicando, a partir de agora, a bater o martelo nesta questão. O instrumento Trace Gas Orbiter (TGO), por exemplo, que faz parte da missão ExoMars (conjunta entre Europa e Rússia), justamente analisa gases da atmosfera marciana e será útil na análise do metano. "Estamos coletando peças de um quebra-cabeças e precisamos de mais peças para entender melhor o que está acontecendo", diz Giuranna.

Fonte: Space.com