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Uma estrela órfã no Sistema Solar poderia capturar a Terra?

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

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maxxyustas/Envato
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O que aconteceria se uma estrela órfã se aproximasse do Sistema Solar? Para descobrir, pesquisadores liderados por Sean Raymond, astrônomo do Laboratório de Astrofísica de Bordeaux, analisaram as possíveis consequências no caso de uma estrela ficar a 100 unidades astronômicas do Sol.

O Sistema Solar se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos, e hoje, tem uma configuração estável com os planetas orbitando o Sol. Entretanto, esta calmaria não vai durar para sempre: nosso astro vai continuar evoluindo, e em alguns bilhões de anos, vai se tornar uma gigante vermelha que vai engolir os planetas mais próximos — incluindo a Terra.

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Neste mesmo intervalo, há 1% de chance de um encontro com alguma estrela órfã. As estrelas costumam estar gravitacionalmente presas às suas galáxias, e viajam pelo espaço acompanhando o movimento dos seus arredores. Mas, às vezes, algo pode perturbá-las e romper tal ligação — por exemplo, se a estrela se aproximar demais de um buraco negro supermassivo, ela pode ser ejetada do seu sistema.

A maioria destas estrelas errantes (ou intergalácticas, se preferir) se movem em trajetórias que as levam para fora da Via Láctea, sem se aproximar da Terra. Para os autores, há cerca de 1% de chance de alguma estrela do tipo nos visitar nos próximos bilhões de anos, e eles observam que ela poderia influenciar as órbitas dos planetas.

Mudanças no Sistema Solar

Eles analisaram tais consequências em 12 mil simulações, que contaram com os oito planetas do Sistema Solar. Depois, uma estrela errante foi adicionada, e ajustaram a massa dela àquelas das estrelas em nossa vizinhança estelar. “Se a estrela passar a 100 unidades astronômicas do Sol, ainda há uma chance muito alta de que todos os oito planetas vão sobreviver”, observaram.

E se algum dos planetas for perdido? Neste caso, as simulações mostraram diferentes resultados: Mercúrio seria o mais vulnerável e poderia colidir com o Sol. Outros resultados mostraram colisões entre a Terra e Vênus, Netuno e Urano seriam ejetados e um até apontou que somente a Terra e Júpiter poderiam sobreviver — e, no pior cenário, todos os planetas seriam ejetados.

As simulações revelaram também um desfecho curioso, em que a Terra seria capturada pela estrela de passagem. Neste caso, a estrela seria um pouco menos massiva que o Sol, e estaria viajando a uma velocidade relativamente baixa. A Terra iria deixar o Sol e acabaria fugindo com a estrela, e os seis outros planetas do nosso sistema iriam cair no Sol; o único sobrevivente seria Júpiter.

Felizmente, as chances de alguma estrela aparecer e causar tantas mudanças em nossa vizinhança são bastante baixas — e, mesmo que acontecesse, o mais provável seria que os planetas sobrevivessem em órbitas levemente diferentes. “Apesar da diversidade de potenciais caminhos evolucionários, as chances altas são de que a situação atual do nosso sistema não vai mudar”, finalizaram.

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Cenários semelhantes já foram investigados por um estudo publicado em 2020, que analisou os possíveis efeitos da passagem de uma estrela órfã pelo Sistema Solar. Os resultados mostraram que, em média, a Terra teve uma chance em 15 mil de perder sua estabilidade devido a algum objeto visitante.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado no repositório arXiv, sem revisão de pares.

Fonte: arXiv; Via: Universe Today