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Conheça algumas melhorias dos trajes espaciais que serão usados pela NASA na Lua

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Nesta nova era da exploração espacial, as agências governamentais e empresas privadas estão aprimorando cada vez mais suas tecnologias para fornecer aos astronautas o máximo de eficiência, segurança e conforto fora da Terra — e um dos itens fundamentais para isso são os trajes espaciais. Eles devem não apenas proteger, mas também permitir o máximo de movimentos com o mínimo de esforço. Não é algo simples de se projetar, mas a NASA tem um excelente sucessor para os trajes usados pelos astronautas na época do programa Apollo.

Atualmente, a NASA tem o Extravehicular Mobility Unit (EMU, um traje desenvolvido para que os astronautas façam caminhadas espaciais do lado de fora da Estação Espacial Internacional). Mas esses trajes não são ideais para o programa Artemis, uma série de missões que visa a permanência humana na Lua. Para realizar as tarefas complexas que a NASA planeja para seus astronautas em solo lunar, muitas mudanças são necessárias no traje atual.

Feita para ser mais resistente, flexível e modular, a nova versão se chama Exploration EMU (xEMU). Ela permitirá, por exemplo, escalar uma superfície rochosa e realizar tarefas muito mais complexas do que qualquer outro traje anterior era capaz de permitir. De acordo com a própria NASA, a história do xEMU pode ser vista como a história da evolução da engenharia — que nos remete à época do projeto Mercury, que trouxe o primeiro traje espacial dos EUA.

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Apesar de modular, o xEMU teve uma redução de zíperes, costuras e conectores, para evitar que o regolito lunar (que é um tipo de areia muito fina que gruda em tudo) entre no traje. Esse é um grande avanço tecnológico em termos de design dos trajes espaciais, pois o regolito foi um grande incômodo para os astronautas das missões Apollo.

Articulações

Um dos principais fatores que se destacam nesse traje é a mobilidade. Se você já viu vídeos de astronautas na Lua, sabe que é bem difícil se movimentar por lá, por causa da pouca gravidade. Os trajes da época também não ajudavam muito, pois era difícil realizar movimentos amplos com braços, pernas e até mesmo para girar o quadril. Com o xEMU, a NASA quer se aproximar o máximo possível da sensação de usar roupas normais.

Os antigos trajes da era Apollo usavam rolamentos nos braços, porque eles precisavam ser leves. Mas o xEMU terá rolamentos muito menos pesados e mais próximos das juntas — ombros, cintura, quadris, coxas e tornozelos. Isso deverá garantir uma mobilidade maior para o corpo, principalmente na parte inferior, permitindo que os astronautas gastem menos energia para se movimentar.

Além disso, um sistema de pressão variável permitirá que as pessoas se preparem mais rápido quando for necessário vestir o traje, além de garantir maior facilidade para levantar objetos ou se ajoelhar para estudar o solo, por exemplo.

Há outra vantagem no fato de ser um traje modular. É que isso permitirá que o xEMU seja adaptado para diferentes tipos físicos. Esse detalhe é muito importante, pois a NASA planeja levar várias mulheres à Lua durante as missões Artemis, e seria muito desagradável descobrir tarde demais que o traje não serve em alguma delas — como aconteceu há pouco tempo na Estação Espacial Internacional, quando a NASA precisou adiar a primeira caminhada espacial 100% feminina porque não havia trajes suficientes para o porte delas por lá.

Capacete e luvas

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Os capacetes do xEMU terão um campo de visão mais amplo do que os anteriores, e incluirão luzes embutidas para iluminar lugares escuros. Eles também terão um display para os astronautas acessarem informações importantes rapidamente, além de câmeras de alta definição para registrar a exploração lunar.

Dentro do capacete, a NASA redesenhou o sistema de comunicações. Os fones de ouvido nos trajes usados ​​hoje em dia são acoplados em uma espécie de capuz, que fica suado e desconfortável ​​dentro do capacete, e o microfone nem sempre acompanha bem os movimentos dos astronautas. Com o novo sistema de áudio, o xEMU terá vários microfones ativados por voz.

Já as luvas do novo traje acabarão com um problema frequente. Os astronautas costumam relatar que as luvas do EMU atual tornam o movimento das mãos mais difícil porque elas possuem camadas muito volumosas. Isso diminui a destreza quando se faz uma caminhada espacial na ISS, por exemplo, normalmente necessária para realizar manutenções no lado de fora da estação. Além disso, os astronautas não sabem quanta força estão aplicando ao segurar alguma coisa no espaço, e os relatos sobre unhas quebradiças e fungos nas mãos por causa do suor não são muito raros.

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Para resolver o problema, a equipe de desenvolvimento do xEMU tem a tarefa de proteger as mãos dos astronautas sem tirar muito da sensibilidade e destreza. Elas também devem ser resistentes a mudanças extremas de temperatura (para sobreviver aos dias e noites lunares) e permitir que ferramentas possam ser bem manuseadas, por exemplo. A NASA ainda está trabalhando no design das luvas para que atinjam todos os requisitos necessários visando o máximo de conforto e eficiência.

Suporte à vida

Trajes espaciais são como naves individuais. São pressurizados, vedados e fornecem sistemas de suporte à vida. Mas os atuais ainda apresentam algumas limitações também nesse ultimo aspecto. O xEMU resolverá alguns problemas com um novo sistema de depuração de dióxido de carbono, para evitar que os astronautas voltem para dentro da nave ou abrigo para limpar os acessórios de absorção do gás exalado na respiração.

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Além disso, os tanques de oxigênio fornecerão oxigênio por períodos muito mais longos do que os dos trajes da era Apollo. Haverá até mesmo proteção contra micrometeoritos, que costumam cair com frequência na Lua, e uma proteção térmica para resistir às mudanças bruscas de temperatura.

Por fim, os sistemas eletrônicos e hidráulicos do Portable Life Support System — aquela mochila que fica nas costas dos astronautas — foram bastante reduzidos em tamanho. Com essa miniaturização, foi possível duplicar uma grande parte do sistema, o que pode aumentar a duração das caminhadas no espaço.

O design do novo traje espacial ainda está em andamento, e continuará evoluindo ao longo do tempo. É que há poucos dados sobre a atividade na superfície lunar, e cada missão Artemis será um novo aprendizado que a NASA usará para melhorar ainda mais os xEMU, até que se tornem funcionais o suficiente a ponto de servirem para os futuros exploradores de Marte.

Fonte: Technology Review