NASA diz que missão Artemis pode levar não uma, mas várias mulheres à Lua
Por Daniele Cavalcante |
Em um discurso feito no Congresso Astronáutico Internacional (IAC) realizado na última semana, o administrador da NASA, Jim Bridenstine, sugeriu que o próximo pouso de seres humanos na Lua com a missão Artemis III pode incluir não apenas uma mulher, como geralmente a agência espacial costuma dizer, mas sim várias. Só depende de quem for selecionado. "Há ótimas mulheres na NASA no momento", disse ele, acrescentando que é muito provável que alguma astronauta que já atua hoje possa ser chamada para a missão.
O comentário veio em uma época em que a presença de mulheres no espaço tem sido assunto de notícias e debates, desde a ocasião em que a NASA teve que cancelar um spacewalk com duas mulheres, programado para março, por falta de um segundo traje adequado. Em outubro, no entanto, a histórica caminhada espacial feminina foi finalmente realizada, o que teve grande repercussão. Os comentários de Bridenstine nos levam a um possível futuro em que a exploração lunar incluirá algumas mulheres, além de parceiros internacionais e possíveis parcerias com agências espaciais de outros países — embora seja seguro dizer que as próximas pegadas deixadas na Lua com a missão Artemis serão certamente americanas.
Em uma reunião bilateral na IAC, Bridenstine se reuniu com 26 nações interessadas em participar do programa, incluindo também a Agência Espacial Europeia (ESA). O Canadá, por exemplo, já se comprometeu a ajudar nas missões a partir de fevereiro do ano que vem, com o desenvolvimento de um braço robótico para incluir na estação espacial lunar Gateway. Além disso, o administrador da NASA falou sobre o prazo de 2024 para a missão Artemis III e sobre a batalha por orçamento para tornar essa meta possível.
Por que o Programa Artemis foi antecipado?
Durante a apresentação da IAC, Bridenstine recebeu uma pergunta da plateia sobre o cronograma para o pouso lunar acontecer em 2024, e sobre o que acontecerá se a data não for cumprida. Ele respondeu que a pressão para estipular um prazo tão apertado — a previsão anterior era para 2028 — se deve à tentativa de gerenciar "os riscos com os quais me preocupo" como administrador da NASA, o que inclui riscos políticos. Conforme explicou Brindenstine, a NASA enviou uma solicitação de orçamento para 2019 com o objetivo de trabalhar no programa que enviaria humanos à Lua no ano de 2028. Esse programa que incluia 10 anos de desenvolvimento foi baseado no orçamento atual da NASA.
Mas, ao falar com representantes do governo Trump para discutir esses planos, ele relembrou alguns detalhes da história da NASA. Em 1989, por volta do 20º aniversário do pouso na Lua com a missão Apollo 11, o Presidente George H.W. Bush propôs a Iniciativa de Exploração Espacial (SEI), que tinha como objetivo levar astronautas de volta ao satélite natural. Mas o plano era muito caro e demorado, então o SEI foi cancelado. Em 2004, algo semelhante aconteceu com o plano do Presidente George W. Bush para exploração espacial, que propôs missões humanas tanto na Lua quanto em Marte.
Se a NASA esperasse cerca de 10 anos pelo programa Artemis, o financiamento do comitê de verbas do Congresso poderia não estar tão disponível conforme as prioridades políticas fossem mudando com o passar do tempo, de acordo com Bridenstine. "Se formos em 10 anos, aumentamos o risco político", disse Bridenstine na palestra, pois, com uma eventual troca de governo na Casa Branca, as prioridades podem mudar drasticamente.
A missão orçamentária do Programa Artemis
A solução da NASA para tornar possível o programa Artemis em 2024 foi abandonar a primeira solicitação de orçamento e, depois, solicitar um adicional de US$ 1,6 bilhão sobre o financiamento vigente. Bridenstine admite que a meta para 2024 é ambiciosa, mas destaca que um programa mais longo estaria mais sujeito a riscos políticos.
Para conseguir o orçamento, a NASA tem enfrentado o ceticismo de alguns membros do Congresso norte-americano. Durante uma reunião em meados de outubro, o administrador da NASA se encontrou com os legisladores que escrevem a versão da Câmara da proposta de orçamento do Governo direcionado à agência espacial, após seis meses de tentativas em obter apoio do Congresso para cumprir o novo prazo. O presidente do subcomitê responsável pela proposta de orçamento da Câmara questionou o prazo de 2024. Para ele, “os olhos do mundo” estão sobre os EUA devido ao programa Artemis, e o país não pode se “dar ao luxo de fracassar”. No fim, declarou que não aprecia o financiamento proposto pela Casa Branca para o adicional de US$ 1,6 bilhão no ano fiscal de 2020. Câmara e Senado ainda devem finalizar suas propostas de orçamentos para 2020 e chegar a um acordo final.
Fonte: Space.com