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Como voos espaciais longos afetam o cérebro dos astronautas?

Por| Editado por Rafael Rigues | 09 de Maio de 2022 às 13h40

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NASA
NASA

Os voos espaciais de longa duração parecem alterar os espaços entre as veias e artérias cerebrais, preenchidos por fluidos. A conclusão vem de um novo estudo conduzido pela Oregon Health & Science University, junto de outros cientistas, que examinaram imagens de ressonância magnética do cérebro de 15 astronautas antes e depois de missões na Estação Espacial Internacional (ISS).

Hoje, a fisiologia humana que observamos é o resultado de milhões de anos de evolução sob o efeito da gravidade terrestre; já na microgravidade a bordo da ISS, o fluxo do líquido cefalorraquidiano no cérebro sofre alterações. “Estamos todos adaptados para usar a gravidade a nosso favor”, disse Juan Piantino, professor assistente de pediatria na universidade. “A natureza não colocou nosso cérebro nos nossos pés, mas sim no alto; assim que você remove a gravidade da equação, o que acontece com a fisiologia humana?”

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Assim, os autores decidiram investigar estes efeitos através de medidas dos espaços perivasculares (aqueles que ficam entre os vasos sanguíneos), onde o líquido cefalorraquidiano flui no cérebro. Para isso, utilizaram imagens de ressonância magnética para medir o espaço perivascular no cérebro dos astronautas antes de missões e logo após o retorno, e também coletaram medidas de ressonância, um, três e seis meses após o retorno deles.

Depois, a equipe comparou as imagens com aquelas do mesmo espaço perivascular de 16 pessoas na Terra, que fizeram parte do grupo de controle. Como resultado, eles notaram um aumento nos espaços perivasculares no interior dos cérebros dos astronautas de primeira viagem, mas a característica não foi observada nos cérebros daqueles que já haviam servido antes no laboratório orbital.

Apesar das diferenças, os cientistas não identificaram em nenhum dos casos problemas com equilíbrio ou memórias visuais que indiquem problemas neurológicos nos astronautas. Piantino sugere que, talvez, os astronautas mais experientes podem ter chegado a algum tipo de homeostase; este é o nome dado ao processo pelo qual sistemas biológicos tendem a manter estabilidade enquanto se ajustam às condições necessárias para a sobrevivência.

Para Piantino, o estudo pode ser importante também para o diagnóstico de diferentes doenças relacionadas ao líquido cefalorraquidiano, como a hidrocefalia. “Estas descobertas ajudam não somente a entender mudanças fundamentais que ocorrem durante voos espaciais, mas também para as pessoas na Terra, que sofrem de doenças que afetam a circulação do líquido cefalorraquidiano”, disse.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Scientific Reports.

Fonte: Scientific Reports; Via: Oregon Health & Science University