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Como a sonda da NASA conseguiu "tocar" o Sol sem derreter?

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A sonda Parker Solar, da NASA, fez história em 24 de dezembro. Ela foi lançada em 2018, mas naquele dia a espaçonave ficou a apenas 6 milhões de quilômetros da superfície do Sol, distância equivalente a 0,04 vezes aquela entre a Terra e o astro. Durante a passagem, ela mergulhou na coroa solar, nome dado à atmosfera mais externa do Sol — é como se tivesse “tocado” a estrela.

Enquanto quebrava seu próprio recorde de distância, a Parker se movia a incríveis 692 mil km/h. Em outras palavras, ela estava viajando a 0,064% da velocidade da luz. Portanto, a sonda recebeu o (merecido) título de objeto mais rápido já criado pela humanidade. 

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Após a visita, ela enviou um sinal para a NASA para confirmar que tudo correu bem durante a aproximação e que continuava funcionando normalmente. O sinal era bastante aguardado pelos cientistas, afinal, a espaçonave enfrentou temperaturas de mais de 980 ºC. 

E, afinal, como ela fez tudo isso sem derreter?

Física do calor

O segredo está na diferença entre calor e temperatura. Veja só: pode não parecer, mas no espaço, as temperaturas podem chegar a milhares de graus sem fornecer calor a um objeto. Isso acontece porque a temperatura mede o movimento das partículas, enquanto o calor é responsável pela quantidade total de energia que elas transferem. 

Isso significa que as partículas podem até estar se movendo rapidamente (temperatura alta), mas se forem poucas, não vão transferir tanta energia assim (pouco calor). Como o espaço é bastante vazio, existem pouquíssimas partículas disponíveis para transferir energia à espaçonave. 

No caso, a Parker Solar passou pela coroa solar, área do Sol conhecida por sua temperatura extremamente alta e baixa densidade. Como a coroa é menos densa, a espaçonave interage com menos partículas e não recebe tanto calor — para entender, imagine (e não faça o teste em casa!) a diferença entre colocar a mão em um forno quente e em uma panela de água fervendo. 

Estrutura da Parker Solar 

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Enquanto viaja pelo espaço em sua missão, a Parker encara temperaturas de alguns milhões de graus, mas seu escudo enfrenta “apenas” 1.400 ºC. E claro que os cientistas da missão sabiam que a sonda iria encarar condições extremas e grandes flutuações de temperatura para se aproximar do Sol. 

Por isso, a Parker foi equipada com um escudo de calor customizado. Chamado de Sistema de Proteção Térmica (ou TPS, na sigla em inglês), o escudo mede 115 mm de espessura e é feito de uma combinação de espuma de carbono posicionada entre duas placas de carbono cobertas por acabamento de cerâmica branco. A ideia é que este lado, que é capaz de aguentar até 1.650 ºC, reflita a maior quantidade de calor possível, enquanto o “corpo” da sonda fica a agradáveis 30 ºC.

Proteger uma espaçonave não significa só evitar que ela derreta, mas também manter a comunicação com a Terra. A Parker passa grande parte da sua jornada sozinha e demora oito minutos para a luz chegar ao nosso planeta; portanto, os engenheiros estariam atrasados para enviar qualquer comando de correção se necessário. 

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Por isso, a Parker conta também com um sistema autônomo, responsável por mantê-la segura e sempre de olho no Sol. O sistema tem alguns sensores ligados à estrutura da espaçonave ao longo da sombra projetada pelo escudo, ou seja, se algum deles detectar luz, um alerta é enviado ao computador central. Assim, a sonda ajusta sozinha sua posição e mantém os sensores e seus instrumentos protegidos. 

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Vídeo: Como ver um eclipse solar em segurança?

Fonte: NASA