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CERN suspende novas colaborações com a Rússia e apoiará ciência da Ucrânia

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Maximilien Brice
Maximilien Brice

A Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), responsável pelo maior laboratório de física de partículas no mundo, não irá participar de novas colaborações com instituições científicas da Rússia. Além disso, o CERN irá promover iniciativas de apoio a colaboradores ucranianos e a atividades científicas conduzidas pelo país no campo da física de partículas altamente energéticas. A decisão foi tomada em meio à invasão militar russa na Ucrânia.

Atualmente, o CERN conta com 23 estados-membros e outros 7 associados — entre estes, está a Ucrânia. Já a Rússia não é um membro formal da instituição, mas seus cientistas compõem cerca de 1.000 dos 12 mil pesquisadores do CERN. Entretanto, cientistas ucranianos solicitaram que o laboratório dê fim à colaboração com instituições científicas russas em resposta à guerra. Já nesta terça-feira (8), o conselho do laboratório chegou a uma decisão.

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Em um comunicado, o conselho afirma que os 23 estados-membros do CERN condenam a invasão militar da Ucrânia por parte da Rússia, e deploram as vidas perdidas e impactos humanitários. “Profundamente tocados pelas consequências generalizadas e trágicas dos ataques, a administração e o pessoal do CERN, bem como a comunidade científica nos Estados Membros, estão trabalhando para contribuir com o esforço humanitário na Ucrânia e para ajudar a comunidade ucraniana no CERN", escreveram.

Assim, em resposta à situação, o conselho decidiu promover iniciativas de apoio aos colaboradores e atividade científica ucraniana. Além disso, o status da Rússia de nação “observadora” está suspenso até segunda ordem, e o CERN não irá se envolver em novas colaborações com o país e suas instituições. “O CERN foi construído em meio aos resultados da Segunda Guerra Mundial para unir as nações e os povos na busca pacífica pela ciência, e essas agressões vão contra tudo que a Organização estabelece”, escreveram.

A situação dos cientistas do CERN

O CERN foi criado em 1954 para ajudar a promover a paz na Europa destruída após a guerra. É o que diz John Ellis, físico teórico do King’s College London e membro do CERN. “Um dos objetivos principais é a ‘ciência para a paz’, e isso remete à década de 1950, quando o CERN era, na verdade, um lugar de encontro para cientistas da União Soviética e Estados Unidos”, explicou ele, antes da decisão do conselho. Para ele, a manutenção destes laços é importante, principalmente em um momento de conflito.

Já um físico ucraniano em Kiev, que trabalha em um experimento no laboratório, afirmou que “o CERN, enquanto laboratório científico líder, deveria encerrar imediatamente toda colaboração com instituições russas, porque, caso contrário, todo crime e injustiça do governo [russo] e de suas forças armadas será visto como legítimo”, disse, em entrevista à Science. Segundo ele, manter conexões com a Rússia, mesmo que científicas, dará ao país a chance de manipular e aterrorizar a Ucrânia e o restante da Europa.

Antes da decisão do conselho, Ellis alertou que expulsar os pesquisadores russos da instituição não é viável. Segundo ele, há mais de mil russos trabalhando no CERN, representando 8% dos 12 mil cientistas que colaboram com a instituição. No meio disso tudo, a Ucrânia é um membro associado do laboratório, ou seja, não participa do conselho, mas mesmo assim, paga tarifas. Em paralelo, a Rússia era uma nação observadora que, apesar de não pagar taxas, tem contribuições significativas em experimentos específicos.

No comunicado, o conselho do laboratório afirmou que irá seguir monitorando a situação cuidadosamente, e que estão prontos para tomar novas medidas, caso seja necessário. “O Conselho do CERN também expressa seu apoio aos vários membros da comunidade científica russa no laboratório, que rejeitam esta invasão”, concluíram.

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Fonte: CERN, Science; Via: Space.com