Astronautas dos EUA e Rússia retornarão juntos à Terra em meio a tensões

O astronauta Mark Vande Hei, da NASA, deverá retornar à Terra a bordo de uma nave russa Soyuz, como planejado antes das atuais tensões geopolíticas. É o que garantiu Joel Montalbano, gerente do programa da Estação Espacial Internacional (ISS) na NASA, durante uma conferência realizada na segunda-feira (14), na qual afirmou não haver mudanças de planos mesmo em meio à invasão da Rússia na Ucrânia.

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A conferência tinha o objetivo principal de trazer informações sobre uma caminhada espacial que deverá acontecer nesta terça-feira (15), mas Montalbano iniciou o evento discutindo brevemente a invasão russa na Ucrânia. “Estamos cientes do que está acontecendo, mas estamos em posição de poder realizar nosso trabalho para garantir a continuidade das operações”, disse.

Assim, ele garantiu que “Mark voltará para casa na nave Soyuz” e afirmou que as equipes envolvidas estão se comunicando com colegas russos. Segundo ele, o retorno da Soyuz será como outros que já ocorreram: o trio deverá pousar no Cazaquistão e haverá cerca de 20 membros da NASA posicionados para avaliar a condição física de Vande Hei, que chega à marca de quase um ano a bordo da estação.

Além disso, Montalbano afirmou que a invasão da Rússia não afetou o profissionalismo ou moral entre os astronautas norte-americanos, russos e o alemão a bordo da estação. “Eles continuam operando, e realmente não há tensões entre a equipe”, disse. “Eles foram treinados para fazer um trabalho, e estão lá em cima executando-o”.

Efeitos das tensões na Estação Espacial Internacional

A fala do oficial veio após alguns rumores circularem na última semana em função de uma publicação da RIA Novosti, mídia estatal russa, que mostrava Vande Hei abraçando os cosmonautas, como se estivesse em uma cerimônia de boas-vindas ou de despedida. Depois, uma animação mostrava o segmento russo sendo separado do restante da estação.

O vídeo se soma a falas recentes de Dmitry Rogozin, diretor da agência espacial russa Roscosmos, e muitos entenderam a postagem como uma ameaça de deixar o astronauta na estação, como uma resposta da Rússia às sanções aplicadas pelos Estados Unidos em função da guerra. Mesmo assim, a Roscosmos afirmou, em um comunicado, que não há mudanças nos planos para o retorno de Vande Hei a bordo da nave Soyuz, o que indica que a colaboração entre a NASA, Roscosmos e outros parceiros segue.

Montalbano destacou também que a Estação Espacial Internacional e os vários sistemas que a formam foram pensados para serem bastante interdependentes, ou seja, não é fácil substituí-los caso um parceiro essencial do programa decidir abandoná-lo. Por exemplo, as naves Progress, da Rússia, ajudam a corrigir a altitude da estação periodicamente, enquanto uma Cygnus, dos Estados Unidos, vai tentar realizar a primeira correção através do acionamento dos propulsores, com a ajuda de um veículo russo.

Quando questionado sobre possíveis "planos de emergência" da NASA, caso haja problemas no relacionamento com a Roscosmos, Montalbano afirmou que a ISS tem sido um modelo da colaboração internacional, e que deverá continuar assim. "No momento, não há indicação dos nossos parceiros russos de que queiram algo diferente disso", disse. "Então, planejamos continuar as operações, como estamos hoje".

Fonte: Via: Space.com, Space Explored, CNN