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A importância da astronomia para os povos antigos

Por| Editado por Patricia Gnipper | 09 de Maio de 2021 às 16h00

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Karin Henseler/Pixabay
Karin Henseler/Pixabay

Hoje em dia, é possível explorar o que vemos no céu utilizando de um telescópio ou até mesmo viajar em uma nave espacial para a órbita da Terra — e além. Mas, muito antes disso, a importância da astronomia para os povos antigos já se estabelecia, mesmo sem equipamentos de observação mais avançados do que os olhos humanos. O conhecimento sobre os astros era utilizado para contar o tempo e navegar, construir narrativas, erguer sociedades e até mesmo compreender a relação entre homem e universo.

De acordo com Marcial Maçaneiro, professor e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), desde 3000 a.C as civilizações antigas já registram procedimentos e a procura de um saber astronômico que é baseado na observação empírica. "Existem indícios de que os chineses, os babilônios, assírios e os egípcios e na sequência, em torno de 1.500 a.C, também no mediterrâneo com a Grécia e na América do Sul e Central, os povos pré-colombianos, os Maias, Incas e Astecas também praticavam o que chamamos de astronomia", explica.

Segundo o professor, a observação empírica consiste em perceber alguns elementos da natureza que se repetem e formam um padrão no curso das estações do ano, sobretudo quando temos um marco de mudança de estação, que são as grandes diferenças entre o inverno e a primavera. "Esses povos antigos observavam a interação entre o céu e a terra, percebendo que havia uma relação entre o ciclo das estações com a mudança evidente do clima de um lado", aponta Maçaneiro.

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Depois, isso se relacionava com manifestações de fecundidade da terra, não apenas com o ciclo das águas com cheias, vazantes, tempestades, mas esses fenômenos estavam também relacionados com as estações do ano, portanto é possível observar uma marcação celeste com a movimentação de astros que correspondem ao início das estações.

Como os povos antigos observavam o universo

O professor reitera que a relação com a astronomia proporcionava o entendimento dos ciclos de estações na terra e suas manifestações, ciclo agrícola, hidrológico. "Esses ciclos podem ser demarcados observando os céus, pela inclinação da Terra, os povos dos hemisférios Norte e Sul conseguiram perceber que havia um padrão, as estrelas marcavam momentos, um ritmo combinado com as mudanças climáticas e as estações que se alternavam", explica.

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O mais fácil, segundo o pesquisador, era demarcar os momentos de transição, com monumentos ou inscrições. "É muito interessante que civilizações antigas tenham construído monumentos em pedras ou também aproveitado de escavações que retiram o raio do Sol e delimitam o caminho do Sol, para quando mudasse as estações, houvesse uma celebração a entrada do astro. Seja por uma cripta subterrânea, pelos megalíticos ou por torres, percebiam um certo ritmo com movimentos", acrescenta Maçaneiro.

Esses monumentos foram os primeiros instrumentos de cálculo do tempo para que se pudesse perceber que os ciclos celestes das estações e da agricultura, e hoje nomeamos de calendário, determinado pelo período que passa na Terra conforme o planeta gira. "Temos os desenhos de 12 constelações, cada casa forma um tempo na Terra percebido e observado durante o período de uma determinada constelação (Câncer, Capricórnio etc): as calendas. O cálculo das calendas é o que acontece naquele período que determina o que chamamos de calendário, a coleção das calendas de um ano solar são marcadas pelo ciclo completo do Sol em relação à Terra e isso nasce das observações empíricas", aponta o pesquisador.

Com isso, é possível observar que os povos antigos conseguiram, através dos cálculos das calendas, observar de um lado a Terra, as estações, os períodos de seca, estiagem, mapear os fenômenos climáticos e antecipar crises que pudessem afetar a reserva de grãos. Além disso, eles também entendiam as potências da natureza como divindades ou poderes que tinham uma personalidade. "Por isso que de 3000 a.C. até 700 a.C. é muito comum que astronomia antiga dessas civilizações se confunda com a religião dessas civilizações, porque entendiam essas potências da natureza como divindades", relembra Maçaneiro.

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O culto solar se tornou um consenso entre as civilizações antigas da Babilônia até os pré-colombianos, conforme explica o pesquisador. A lua foi divinizada como o polo negativo e feminino. A partir da astronomia antiga criam a cosmogonia, mitos e narrativas da criação que entendiam as potências da natureza como divindades.

"Conseguimos evoluir muito porque os povos mediterrâneos já tinham um calendário solar mais estável, do conhecimento dos períodos que eram melhores para agricultura e até mesmo quando havia secas. Isso impactou na edificação de cidades, alimentação, ocupação de terrenos e áreas de plantio. As capitais dessas populações estão localizadas em coordenadas geográficas que permitem a sobrevivência", conclui o pesquisador.

Em lugares escuros e remotos, antes do advento das metrópoles modernas de hoje, o céu noturno era muito diferente. Astrônomos antigos de vários lugares do mundo fizeram muitas observações e previsões iniciais. Os registros históricos contam com muitos mapas estelares, que revelam esforços claros para mapear o céu noturno e aprender mais sobre a mecânica de nosso universo. Vale entender que, ao longo dos séculos seguintes, os astrônomos formalizaram o estudo do céu criando catálogos detalhados de estrelas, aglomerados de estrelas e nebulosas.

Ficou interessado em saber mais sobre a importância da astronomia para os povos antigos? Aqui no Canaltech, temos a série deuses da astronomia, em que buscamos compreender a maneira que várias culturas interpretavam os astros, como: gregos, celtas, indígenas, maias, incas, astecas e egípcios.

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Fonte: Com informações de National Geographic, Canadian Space Agency