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Deuses da astronomia | Como os astecas interpretavam os astros

Por| 11 de Outubro de 2020 às 10h00

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Reprodução, Edição/Canaltech
Reprodução, Edição/Canaltech

Na antiguidade, para os seres humanos, tudo era justificado com base nos deuses: desde os fenômenos da natureza até as emoções. E com a astronomia, não foi diferente. Foi com isso em mente que nós do Canaltech desenvolvemos a série "Deuses da Astronomia", justamente para entender de que maneira os astros eram justificados pelas antigas civilizações. Nesta sexta parte da série, abordamos a civilização asteca.

A civilização asteca surgiu mais ao norte do México. Enquanto os maias entravam em decadência, os astecas começaram a crescer por volta do século XII. Eles montaram um grande império que ainda estava se expandindo quando ocorreu o contato com os espanhóis, em 1519. Em apenas dois anos os invasores do Velho Mundo dominaram o mais importante centro asteca: Tenochtitlán, a atual Cidade do México.

Em 1519, a população estimada do império asteca era de 5 a 6 milhões de pessoas. Em seu auge, Tenochtitlán (hoje a Cidade do México) tinha mais de 140 mil habitantes. Vale apontar também que essa civilização tinha um calendário com cálculo preciso do ano solar (com 365 dias) e usava um diferente sistema de contagem.

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De acordo com o filósofo e teólogo Valdecir Ferreira, professor de Antropologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), os astecas tinham grande admiração pela astronomia. "A agricultura, a economia, a cultura e a religião estavam muito interligados. Assim, os sacerdotes eram os responsáveis, em grande parte, por observar os astros, fazer os calendários e auxiliar na compreensão de como a agricultura e a economia poderiam ser mais prósperas", explica.

Segundo o professor, a junção de dois calendários, um mais cotidiano e outro mais religioso, combinavam 52 anos, que era a data limite de assimilação de prosperidade. Este último ano seria de amarguras e azar. O final dele era celebrado com grande júbilo, já que a tranquilidade voltaria a reinar. Em sintonia a isso, era construído um novo templo, em agradecimento aos deuses.

Quanto aos deuses, o professor aponta que o templo do deus Sol era o maior de todos. "Alguns observatórios foram criados ainda neste período. Observavam as constelações, os movimentos e os eclipses. Quando estes aconteciam (eclipses), e eram totais, gerando escuridão, ou quando havia a passagem de um cometa, um choro geral se instaurava pela sensação e compreensão que poderia ser o final dos tempos. Mesmo muito ligados à religião e à construção mitológica, os astecas foram avançadíssimos na referência matemática, organizando calendários pautados pelos astros, possibilitando uma astronomia muitíssimo organizada", conclui.

O Mundo Asteca possui três partes: a Terra, que pertencia aos humanos; O Submundo (Mictlan), que pertencia às almas, e o Plano Superior, localizado no céu. Mictlan possui nove camadas, onde as almas viajam durante quatro anos antes de poder retornar para a Terra.

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Céu

O céu, na mitologia asteca, possuía treze camadas: A mais baixa delas era o Tlalocan, um Paraíso de eterna primavera, e a mais alta era um lugar de dualidade, chamado Omeyocan. Qutzalcoatl é uma das divindades mais importantes para os astecas, visto que é um dos responsáveis pela criação do mundo junto de seu irmão Tezcatlipoca. Qutzalcoatl é uma divindade relacionada aos céus e aos ventos, e é representado sempre usando ao redor do pescoço uma joia em espiral na forma de uma concha, conhecida como espiral dos ventos (ehecailacocozcatl), que representa os padrões em espiral dos furacões e redemoinhos. Ah, e ele também é considerado patrono dos sacerdotes e do conhecimento.

Por sua vez, Tezcatlipoca representa a face oposta ao seu irmão e, com ele, criou o mundo, apesar dos dois andarem por caminhos completamente opostos: é relacionado ao céu noturno. É o senhor dos ladrões e dos feiticeiros e das consequências. Normalmente é representado com um espelho que é utilizado para observar tudo o que acontece no mundo.

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Enquanto isso, Tlaloc é o deus supremo das chuvas, dos trovões, dos raios e das tempestades. Os astecas o reverenciavam basicamente como uma divindade que provia o necessário para a sustentação da vida, ajudando na colheita com suas chuvas. Era também o chefe do primeiro nível do Paraíso, para onde todos os mortos por afogamento, raios ou males associados à água iam parar.

Sol

Para os astecas, a existência era considerada como um ciclo eterno de vida, morte e renascimento que se passa entre esses dois reinos, e esse ciclo era relacionado ao Sol: da mesma forma que o homem nasce, morre e renasce, o sol também o faz a cada dia. Assim, as Eras do mundo são contabilizadas por seus Sóis. Cada Sol foi criado pelos deuses e teve seu fim sucessivamente. O quinto Sol foi o último, sob o qual os primeiros humanos passaram a viver. Com isso em mente, tem vários deuses relacionados com o astro em questão. Então vamos lá:

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Chalchiuhtlicue, divindade dos lagos, mares, oceanos, rios e correntes de água, foi quem acendeu o primeiro Sol. Tem relação com os nascimentos, e seu culto era feito no primeiro dia do início do ano. Já o Quetzalcóatl, deus da vida, foi o segundo Sol, que durou 676 anos.

Tonatiuh foi o quinto e último Sol, criado por todos os outros Deuses após a queda do Quarto Sol. Tratava-se um deus associado com a luz, o fogo e com a manutenção da ordem no universo. Ele era considerado o Sol eterno, pois todos morreram por ele. Isso explica por que os astecas realizaram tantos rituais e sacrifícios ao Sol para continuar seu curso forte e radiante. Ehecatl, deus do sopro da vida, foi quem pôs o quinto Sol em movimento.

Na mitologia asteca também há uma divindade chamada Xipe Tótec, que representa a parte masculina do universo, a juventude e o amanhecer. Xipe Tótec tinha como arma um chicahuaztli (instrumento de percussão, representado por uma cobra), de onde saíam os raios que davam chuva ao milho. O amanhecer também é representado po Tlahuizcalpantecuhtli, mas ele era mais relacionado com a luz do amanhecer, em contraste com Xolotl, deus asteca do pôr do sol, raios e morte. Ele era encarregado de proteger o sol enquanto viaja para o submundo todas as noites. Os cães estavam associados a essa divindade e acreditava-se que esses animais acompanhavam as almas dos mortos em sua jornada ao submundo. Ele era geralmente representado graficamente como um cão feroz.

Lua

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A Lua também tem uma gama de divindades relacionadas. Metztli é a própria deusa da lua, e uma das divindades mais respeitadas pelos astecas, porque dominava a água. Com esse poder, causou tempestades ou inundações, mas também era considerada, ao mesmo tempo, uma fonte de alegria e bênçãos. Já Oxomoco é a deusa dos calendários, e personifica a noite em si. O nome dela significa primeira mulher.

Estrelas

Tzitzimime é uma deidade asteca relacionada às estrelas. Costumava ser retratada como um esqueleto feminino vestindo saia com desenhos de ossos e caveiras, e era considerada um demônio. Por sua vez, a deusa criadora das estrelas é Citlalicue, ao lado do marido, Citlalatonac. Vale ressaltar que a mitologia asteca também contava com Centzonhuitznahua, um grupo de deuses das estrelas do sul. Eles eram os filhos maus de Coatlicue. Juntos, esses irmãos tentaram matar a mãe enquanto ela esperava um filho, Huitzilopochtli, mas seu plano foi frustrado quando o deus Huitzilopochtli nasceu adulto e pronto para a batalha, matando todos eles.

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Via Láctea

Sim, os astecas tinham um deus próprio para a Via Láctea. Trata-se de Mixcoatl, deus associado à Caça e às estrelas. Seu nome significa “Cobra das Nuvens”, nome dado pelos astecas para a Via Láctea, fazendo assim com que seja também considerado a personificação da própria Via Láctea. Como um deus da Caça, Mixcoatl é normalmente apresentado com uma lança, uma rede e, ocasionalmente, arco e flechas. Seus filhos são as estrelas da Via Láctea.

Fonte: Com informações de History, Ancient