Pesquisa revela ascensão dos serviços de streaming com anúncios e TV conectada
Por Diandra Guedes • Editado por Jones Oliveira |
Não é novidade que os streamings e as TVs conectadas (CTV) conquistaram o público. No Brasil, isso não foi diferente. Uma pesquisa da Magnite, uma das maiores plataformas de vendas de publicidade do mundo, mostrou que 75% dos brasileiros utilizam algum desses serviços, seja de assinatura paga ou gratuita.
A pesquisa ainda revelou que 79% dos usuários aceitariam mudar de plano para utilizar um serviço com a presença de anúncios. Isso, claro, se impactasse em uma redução significativa do valor da mensalidade.
Mas o que é streaming e TV conectada?
Antes de mais nada é preciso entender quais serviços são esses. Streamings dizem respeito à tecnologia de transmissão de dados pela internet, principalmente áudio e vídeo, sem a necessidade de baixar o conteúdo. Alguns exemplos de uso de streamings são feitos pelas plataformas já conhecidas como a Netflix e o Prime Video.
Já a TV conectada é um dispositivo embutido ou que se conecta à uma televisão para oferecer suporte ao streaming de conteúdo de vídeo. Exemplo de dispositivos desse tipo incluem desde videogames como Xbox Series S e PlayStation 5 até aqueles voltados especificamente para essa funcionalidade, como Roku, Amazon Fire TV, Apple TV, entre outros.
Vantagens de usar publicidade nos streamings
Os resultados da pesquisa da Magnite mostram que essa abertura dos consumidores de streaming à publicidade é um novo caminho para os anunciantes e para o marketing.
É o que garante o diretor da área LATAM da companhia, Rafael Pallarés, que reforça que embora a publicidade de TVs conectadas ainda esteja em seus estágios iniciais, existe um grande potencial para esse formato.
De acordo com uma outra pesquisa da Magnite denominada “CTV na América Latina: O Futuro Adiante”, que ouviu consumidores do Brasil, Argentina e México, o público de streaming é mais engajado e aberto à públicidade que o público de TV aberta. Isso quer dizer que o espectador das plataformas consome as propagandas com mais atenção.
Além disso, os entrevistados afirmaram que gostam de descobrir novos produtos a partir de anúncios. Prova disso é que 52% deles realizam alguma ação, como buscar online ou comprar o item anunciado, após a exposição.
Menos custo, mais assinantes
Com o aumento da concorrência, plataformas de streaming viram suas receitas ficarem negativas. É o caso da Netflix, que em 2022 teve seu primeiro resultado desfavorável.
Por isso, não é de se espantar que tais serviços busquem opções para diminuir o valor de suas mensalidades e atrair mais clientes. E é nesse ponto que a publicidade se apresenta como uma alternativa.
Em entrevista ao Canaltech, Daniela Galego, Head of Sales (líder de vendas) do Yahoo Brasil, disse que a publicidade digital pode ser uma saída para os serviços de streaming, pelo menos no que diz respeito às assinaturas que estão sendo canceladas por conta da diversidade e quantidade de opções no mercado.
Além disso, ela comentou sobre o cenário brasileiro atual:
“Estamos no meio de uma crise econômica e, especialmente no caso do Brasil, o consumidor vai começar a escolher melhor os serviços que irá investir, pensando principalmente na autonomia que esses usuários têm para decidir sobre o tipo de conteúdo que querem consumir."
Resultado da publicidade nos streamings
Algumas empresas já vêm colhendo os frutos ao investir em anúncios nesses novos canais. A Netflix já afirmou que pretende adotar um plano mais barato suportado por publicidade e o Yahoo, por meio de sua AdTech, registrou um crescimento de 173% na receita de anúncios de TV conectada no Brasil, no último trimestre de 2021.
Quando questionada sobre essa nova realidade da públicidade, Daniela disse que acredita que investir em CTV e plataformas de streaming seja uma tendência muito forte para os próximos meses, uma vez que as marcas compreendem a importância de focar em campanhas para atrair a atenção do público de maneira genuína.
Já para conquistar essa atenção da audiência, a executiva do Yahoo garante que a análise de dados pode ser a chave do sucesso:
“Para atrair o público é necessário que os fabricantes e operadoras de TV utilizem os dados a seu favor, para, assim, analisar e compreender os gostos e preferências dos usuários. Isso porque os dados possibilitam que as marcas criem campanhas e estratégias mais assertivas, de acordo com o seu público-alvo. Para isso, as empresas precisam estar atentas ao comportamento dos perfis que pretendem alcançar para conseguir chegar cada vez mais próximo dos consumidores e fidelizar seus clientes. “
Ela ainda afirma que, por meio dessa análise de dados os publicitários, será possível oferecer anúncios sobre os produtos que o público gosta por meio de campanhas que irão entretê-los.
"Um exemplo disso são os anúncios que abordam uma história por trás do produto, ao invés de tentar induzir o consumidor à compra direta, como o anúncio de um tênis que determinado atleta utiliza para chegar à vitória de uma competição. Isso faz com que o público se sinta atraído e representado pela marca, criando, assim, uma conexão genuína entre ambos."
Segurança de dados e privacidade do assinante
O uso de dados pode ser um caminho de sucesso para a publicidade, mas como fica a privacidade da audiência? Questionada sobre esse ponto, a Head of Sales do Yahoo contou ao Canaltech que o brand safety é um conceito que deve ser cada dia mais bem trabalhado para que essa relação seja positiva para os dois lados.
“A ascensão da CTV pode gerar questionamentos em relação à privacidade, especialmente sobre como os dados dos usuários são coletados e compartilhados em plataformas e dispositivos. Diante disso, trabalhamos fortemente a questão do “Brand safety” que, em português, significa segurança de marca. Isso porque, em meio às revoluções tecnológicas que estamos vivendo, falar sobre as práticas “safe” é extremamente importante, especialmente para as marcas ou partidos que precisam pensar em suas estratégias ao rodarem campanhas publicitárias – e levando em consideração que seus anúncios não devem ser vinculados a conteúdos contraditórios. “
Resta saber se a publicidade vai conseguir trilhar esse novo caminho preservando a privacidade dos assinantes de serviços de streaming,
Fonte: Magnite