O que é IRC?
Por Igor Almenara • Editado por Douglas Ciriaco | •
IRC é a sigla para Internet Relay Chat e se trata de um protocolo de bate-papo baseado em texto que viabiliza a troca de mensagens de texto entre usuários. Criado em agosto de 1988 pelo desenvolvedor Jarkko Oikarinen, o sistema requer o uso de um aplicativo cliente para ser acessado, como mIRC e XChat.
- 10 anos sem Brasnet: se você usou o mIRC, você está ficando velho
- Quem é O Homem Mais Odiado da Internet?
O IRC ganhou popularidade principalmente na década de 1990, época em que servidores públicos como Freenode, Quakenet e Undernet foram abertos para praticamente qualquer pessoa com um computador conectado à internet. Anos depois, foi lançado o Brasnet, que rapidamente se tornou um dos principais servidores para brasileiros, chegando a contar com quase 60 mil usuários simultâneos em 2003.
Foi no começo dos anos 2000 que o IRC entrou em declínio. Na época, mensageiros mais fáceis de configurar, como ICQ e MSN Messenger, ganharam tração e atraíram um público com menos familiaridade com computadores graças à sua intuitividade. Com o tempo, o IRC foi se tornando um sistema de nicho, sendo mais utilizado para a troca de mensagens entre desenvolvedores e comunidades mais saudosas.
Como eram os papos com IRC?
As conversas no IRC aconteciam através de canais. Essas salas de chat eram regidas por “modos” que determinavam as características do grupo, como exclusividade de entrada por convites, vantagens e prioridades para operadores, “canal secreto” e limite de participantes. Usuários também podiam definir modos para si, tais como invisibilidade (só pode ser visto por membros de grupos em comum ou se souber o nome exato) e compatibilidade com mensagens wallops.
Os moderadores desses canais eram os operadores — também conhecidos como “op”. Esses membros eram identificados com um ícone próximo ao nome e tinham o poder de kickar (expulsar) ou banir outros membros, conceder status de “op” para outro usuário e alterar o tópico do canal. Existiam também os operadores IRC (apelidados IRCops ou Opers) que tinham como objetivo garantir o bom funcionamento dos servidores, podendo desconectar clientes e proibir acessos de endereços IP específicos. Bots também eram uma parte importante dos papos no IRC: as contas automatizadas podiam fornecer funcionalidades específicas para o papo, como hospedar um jogo baseado em chat, ser um canal para notificações de eventos externos e mais.
Como o IRC era acessado?
A comunicação pelo protocolo IRC dependia de software clientes. Esses programas podiam ser baixados individualmente, como o popular mIRC, variando conforme a compatibilidade com o sistema operacional, ou serem integrados a navegadores, como acontecia no Opera, ou por extensões, como o ChatZilla, para o Firefox.
A "estrutura" do IRC
Uma grande rede IRC é basicamente composta por vários servidores IRC interconectados. Essas plataformas podem abrigar inúmeros canais, cada um deles com milhares de membros no chat em tempo real.
“Uma rede IRC é definida por um grupo de servidores conectados uns aos outros. Um único servidor pode formar uma rede IRC simples. A única configuração de rede permitida para servidores IRC é a de uma árvore em que cada servidor atua como um nó para o resto da rede conectada”, descreve o artigo “Internet Relay Chat: Architecture” escrito pelo pesquisador C. Kalt. “O protocolo IRC não oferece meios para comunicação direta entre clientes. Toda a comunicação entre usuários precisa ser retransmitida por servidores”, ressalta a publicação.
Sendo assim, apesar de ter chats diretos (os conhecidos "pvts"), IRC sempre depende de um servidor — semelhante ao que acontece atualmente em apps como WhatsApp e Telegram. Essa condição, somada à natureza "aberta" do protocolo, gera vulnerabilidades importantes, principalmente de servidores mal-intencionados.
Apps IRC com compartilhamento de arquivos
Apesar de ser idealizado como um protocolo de comunicação em texto, os softwares clientes que usavam IRC também podiam oferecer a capacidade de transferir arquivos entre computadores. Essas transferências, conhecidas por serem demoradas dada a internet da época, usavam protocolo DCC e permitiam trocar músicas entre usuários.