10 melhores filmes de terror raiz para assistir no streaming do Telecine
Por Laísa Trojaike | •
O cinema de terror parece ser o mais compreensivo dentre os gêneros. É difícil vermos um fã de outros gêneros elogiar um filme que é claramente ruim ou de baixo orçamento, que parece meio tosco ou até mesmo meio idiota ao tentar se levar a sério. O terror, por outro lado, parece abraçar todas as produções como iguais, o que significa dizer que um trash pode ser tão ou mais amado que alguma superprodução hollywoodiana da melhor qualidade.
São muitos os filmes que contribuíram para essa democracia do terror e alguns desses grandes títulos estão no catálogo do streaming do Telecine para a nossa sorte e apreciação. Entre clássicos, trashs e cults do terror, a lista abaixo traz filmes que são o suprassumo do terror raiz nas mãos de nomes que ajudaram a moldar o terror da sua época.
10. Cine Pesadelo
Em estilo antológico, Cine Pesadelo reúne os curtas-metragens de nomes de peso do horror (Alejandro Brugués, Joe Dante, Mick Garris, Ryûhei Kitamura e David Slade) e conecta suas obras através de um cinema conduzido por ninguém menos que Mickey Rourke (Coração Satânico).
Este não é somente um filme para fãs de filmes B, mas do terror como um todo: não são poucas as referências a grandes clássicos, de modo que Cine Pesadelo funciona como uma tremenda homenagem ao gênero, como se tentasse ser uma espécie de Cinema Paradiso do horror.
9. Pânico no Lago
Com Bill Pullman, Bridget Fonda, Oliver Platt e Brendan Gleeson, Pânico no Lago ganha um certo crédito com quem tem suas dúvidas quanto a filmes com animais gigantes e assassinos. Assim como os filmes de tubarão têm seu grupo de fãs, também existe o nicho dos filmes de jacarés/crocodilos gigantes, que teve sua última grande expressão com o recente Predadores Assassinos.
Pânico no Lago é um grande clássico do gênero, podendo ser um terror de fato para quem acredita na lenda sobre os crocodilos gigantes ou um terrir para quem gosta de um horror bem absurdo. O diretor, Steve Miner vem de franquias como Sexta-Feira 13 e A Casa do Espanto, então já tinha uma experiência interessante com o terror oitentista que moldou o terrir contemporâneo.
Além disso, Pânico no Lago iniciou uma franquia que levou à realização de filmes cada vez mais cômicos e exagerados: Pânico no Lago 2 (2007), Pânico no Lago 3 (2010), Pânico no Lago: O Capítulo Final (2012) e Pânico no Lago: Projeto Anaconda (2015). A franquia só voltou a ganhar um filme mais “sério” com Pânico no Lago: O Legado (2018), que presta uma sincera (mas não por isso excelente) homenagem ao original.
8. Madrugada dos Mortos
Não é raiz como o original de 1978 dirigido por George A. Romero, mas também já deixou de ser moderninho para constar entre os maiores títulos do terror contemporâneo. Além disso, a adaptação dirigida por Zack Snyder (Batman vs Superman: A Origem da Justiça) a partir de um roteiro de James Gunn (Guardiões da Galáxia) chegou a ganhar uma indicação em Cannes em 2004, o que já é mais do que suficiente para fazer desse remake um cult.
Com mais orçamento, esse Madrugada dos Mortos tem um bocado mais de sangue, um pouco do exagero do Snyder com os efeitos visuais digitais e a comicidade na medida certa do Gunn. Sarah Polley como protagonista, além de agregar qualidade, ainda deixa o filme mais cult e com um leve toque indie. É uma mistura perfeita entre atualização e respeito com o cânone zumbi de Romero, ainda que não seja amplamente aceito pelos fãs do mestre.
7. Carrie, A Estranha
Stephen King nas habilidosas mãos de Brian De Palma (Scarface, Os Intocáveis) é um clássico absoluto do terror. A interpretação de Sissy Spacek é tão icônica que a atriz se tornou uma das musas do terror através de Carrie, chegando a ser indicada ao Oscar (assim como Piper Laurie, que interpreta a sua mãe).
Embora tenha se originado no livro, a clássica cena do banho de sangue é tão poderosa no filme de De Palma que é uma das imagens mais recorrentes da cultura pop até hoje.
O roteirista, Lawrence D. Cohen, escreveu também o roteiro da readaptação de 2013, estrelado por Chloë Grace Moretz e Julianne Moore, mas dessa vez dirigido por uma mulher, Kimberly Peirce (Meninos Não Choram), dado o caráter feminino da história. Para a sorte de nós, entusiastas do terror, ambas as versões estão disponíveis no streaming do Telecine.
6. Terror em Amityville
Mais um para a lista de filmes de baixo orçamento que viraram blockbusters inesperados, Terror em Amityville tem a vantagem de ser inspirado em eventos reais. A repercussão foi tão grande que o local no qual o filme foi gravado precisou ter as janelas alteradas para remover os "olhos demoníacos" da casa.
A trilha sonora de Lalo Schifrin é aterrorizante por si só: mesmo que você não se sinta amedrontado pela história, ainda existe a chance de se sentir incomodado com a trilha que insere sons agudos e incômodos, além de criar toda a tensão do filme. Não é a toa que o filme chegou a ser indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro da categoria.
5. Extermínio
Danny Boyle (Trainspotting: Sem Limites) dirige Cillian Murphy em um filme de zumbis. Isso bastou para que eu assistisse a Extermínio e ambos apenas atestaram suas respectivas competências com esse filme, além de levaram diversos prêmios, sobretudo nos principais festivais voltados especificamente para terror e afins.
Este é um filme com muitos zumbis, cenário pós-apocalíptico, ação e desespero, mas ao mesmo tempo é um discurso sobre a humanidade, ou melhor, sobre como as pessoas são capazes de perder a humanidade em uma situação catastrófica. A atuação de Cillian Murphy é essencial nesse processo ao interpretar um personagem que, tendo acordado de um coma, tem um contato diferente com o apocalipse zumbi e com as consequências do evento.
4. Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio
Clássico dos clássicos, A Morte do Demônio é um dos trashes mais cultuados de todos os tempos, sobretudo pela habilidade de Sam Raimi de criar algo realmente memorável com pouquíssimo recurso, utilizando truques de montagem e efeitos práticos baratos e que exigiam uma tremenda criatividade.
Tão incrível quanto o próprio filme são as curiosidades que cercam a produção, repleta de experimentos e tentativas que não deram certo, mas que agregam muito para a aura cult do filme, o que inclui até mesmo relatos curiosos ou sobrenaturais. Ver A Morte do Demônio hoje é estar diante de algo que parece mais uma comédia que um terror, mas ainda assim é possível sentir o “algo mais” da genialidade de Raimi. A cereja do bolo é a atuação de Bruce Campbell como Ash, que retornou ao personagem na série Ash vs Evil Dead entre 2015 e 2018.
3. A Mosca
A Mosca é completo: um pouco de gore, um pouco de nojeira, um pouco de ciência e um pouco de romance. Nas mãos de David Cronenberg, a mistura que poderia ser desastrosa se tornou um dos grandes clássicos do sci-fi terror e marcou gerações após passar repetidas vezes na TV aberta durante os anos 1990 no Brasil.
Jeff Goldblum tem um desempenho maravilhoso e sua transição, tanto em termos de atuação, como com relação à maquiagem e efeitos práticos, é absolutamente fantástica para a época e ainda tem vida para o espectador contemporâneo, que pode ver o trabalho dos maquiadores Chris Walas e Stephan Dupuis como uma obra de arte à parte.
2. Eraserhead
Surreal como todas as obras de David Lynch, Eraserhead consegue dar um passo além no quesito bizarrice. Gravado em preto e branco, com muito contraste e uma fotografia que faz muito mais do que iluminar, este é um filme que pode deixar o espectador desconfortável o suficiente para não conseguir assistir até o final.
Eraserhead é tão perturbador que foi utilizado por Stanley Kubrick, conhecido por ser metódico e perfeccionista, para deixar o elenco de O Iluminado no clima que ele pretendia. E se você já viu O Iluminado, deve ter percebido que ninguém ali parece muito normal e tranquilo.
1. Os Pássaros
Um dos maiores títulos do mestre do suspense Alfred Hitchcock, Os Pássaros é um terror que bebe muito na psicanálise e fazer essa interpretação pode ser bastante divertido e interessante. Este é um filme que teoricamente poderia ser um trash, afinal é um filme no qual as pessoas são atacadas por pássaros, mas nas mãos de Hitchcock a trama se torna um suspense-terror perfeito.
Eleito um dos 10 melhores filmes do ano pela Cahiers du Cinéma em 1963, Os Pássaros impressiona ainda pelos efeitos visuais utilizados. Com muitos cortes rápidos e atuações excelentes, os pássaros parecem absolutamente assustadores, sobretudo porque Hitchcock (com um histórico seríssimo de abuso de atores) utilizou pássaros reais para atacar o elenco. Mais de 3000 pássaros foram treinados para o filme e é possível ver os atores sendo realmente atacados pelos animais, que também foram claramente abusados durante os processos de filmagem. Em Os Pássaros, o terror é, ao mesmo tempo, ficcional e real.