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5 filmes para entender a importância do movimento negro

Por| Editado por Jones Oliveira | 14 de Abril de 2021 às 21h00

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Divulgação/Netflix, Paramount Pictures, Universal Pictures
Divulgação/Netflix, Paramount Pictures, Universal Pictures

Alguns filmes com representatividade negra caem no estigma de um personagem branco que é, lá no fundo, alguém capaz de ser libertador. A chave, assim, para o fim do segregacionismo está sempre nas atitudes bondosas de quem não faz parte do movimento de forma direta. Existem, entre estes, filmes premiados e muito queridos tanto por parte da crítica quanto por uma porcentagem do público em geral, como Green Book: O Guia (de Peter Farrelly, 2018), Histórias Cruzadas (de Tate Taylor, 2011), À Espera de um Milagre (de Frank Darabont, 1999) e até mesmo Estrelas Além do Tempo (de Theodore Melfi, 2016)

A lista é grande e é revelador que, se buscarmos saber um pouco mais sobre os filmes citados, descobriremos que eles são dirigidos por pessoas brancas. Nada de errado em uma diretora ou diretor caucasiano falar sobre o tema e se aliar à luta, mas pode ser sintomático como os filmes mais abaixo — todos dirigidos por pessoas negras — conseguem ser muito mais potentes e aumentar com força o coro do movimento negro. Possibilitar essas vozes é, na prática, muito mais contundente do que ver o racismo como errado e criminoso — o que de fato é —, mas ter a sensação de compensação. Algo como ver um filme como forte, importante contra a segregação racial e, ao mesmo tempo, pensar: Mas olha como esse branco foi bondoso.

Todos sabemos que existem pessoas boas no mundo. Mas ser bondoso, no caso, vai muito além da bondade em si. Esse contraste se torna inválido quando, na verdade, as tais atitudes brancas benevolentes não passam do que deveria ser feito e do que seria feito sem muito alarde se os personagens que recebem ajuda também fossem brancos.

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Pensando nisso, vamos à lista de filmes para entender a importância do movimento negro. A ordem é de lançamento, do mais antigo ao mais recente:

5. Faça a Coisa Certa

Em 1989, Faça a Coisa Certa recebeu os prêmios maiores das associações de críticos de cinema de Los Angeles e de Chicago, duas das mais importantes do EUA. Ainda esteve perto dos mesmos prêmios por diversas entidades ao redor do seu país e do mundo. Mas, nas premiações mais populares, como Globo de Ouro, Oscar e Cannes, o filme saiu de mãos abanando. Parece que não era o momento para ele e nem para Spike Lee (seu diretor). Um filme-denúncia forte, no ano em que a Guerra Fria terminaria, talvez fosse um filme impactante demais com sua realidade irônica. Aquele era um ano mais blasé, bem propício para um filme como Conduzindo Miss Daisy (de Bruce Beresford, 1989).

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Faça a Coisa Certa conduz o espectador pelo dia mais quente do ano em uma rua do Brooklyn. Ali, o ódio e o fanatismo ardem e aumentam até explodirem em violência. O filme de Lee permanece atual e, talvez, a melhor definição curta e direta que eu li sobre o título seja o comentário de um leitor na crítica sobre Infiltrado na Klan (também de Lee e outro que poderia estar aqui na lista). Ele disse: "Comecei a gostar de cinema com Faça a Coisa Certa."

Faça a Coisa Certa pode ser assistido no catálogo do Telecine.

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4. Selma: Uma Luta Pela Igualdade

O filme de Ava DuVernay é uma crônica da campanha do Dr. Martin Luther King Jr. (David Oyelowo) para garantir direitos iguais de voto por meio de uma marcha épica da cidade de Selma a Montgomery, no Alabama, em 1965.

Selma: Uma Luta Pela Igualdade, que foi vencedor do Oscar de Melhor Canção em 2015 e esteve entre os indicados a Melhor Filme, dá vida, especialmente, ao Domingo Sangrento. Ler nos livros de história sobre o acontecido talvez não tenha o mesmo impacto que DuVernay causa aqui. É algo que transcende e pode deixar muito claro que, mesmo que tenha existido uma evolução, há muito ainda para enfrentar: um triunfo não é mais do que uma batalha em meio à guerra ainda interminável contra o racismo.

Selma: Uma Luta Pela Igualdade está à venda na Play Store.

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3. Os Panteras Negras: Vanguarda da Revolução

Reunindo depoimentos, arquivos históricos e fotografias de Panteras Negras reais e agentes do FBI, o documentário dirigido por Stanley Nelson pode funcionar como uma aula de quase duas horas de duração sobre a trajetória da mais importante organização civil no século XX dos Estados Unidos.

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Muito do que é visto em Os Panteras Negras: Vanguarda da Revolução é explorado de maneira ficcional no recente indicado ao Oscar Judas e o Messias Negro (do diretor Shaka King, 2021 — outro filme que poderia estar na lista), trazendo as estratégias no combate contra a repressão e a violência policial que, com frequência, fazia — e faz — vítimas na comunidade negra.

2. Eu Não Sou Seu Negro

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A partir de um romance inacabado, o escritor James Baldwin conta a história da raça nos EUA moderno. Essa pequena sinopse pode parecer muito pouco para a potência que é Eu Não Sou Seu Negro. O filme não é o retrato do homem James Baldwin, mas da nação sobre a qual ele escreveu vista através dos seus olhos.

É interessante constatar a relação conflituosa de Baldwin com os movimentos dos Direitos Civis (incluindo os debates internos sobre resistência violenta versus não-violenta) e sobre as afinidades interraciais. Tudo com interesse, principalmente, em apresentar como ele (Baldwin) viu e escreveu sobre o mundo. E o resultado é forte, com muita imaginação, sensibilidade e paixão... e com um toque duro de tristeza.

Eu Não Sou Seu Negro está disponível para todos os assinantes do Globoplay.

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1. Dois Estranhos

O curta-metragem concorrente ao Oscar 2021 em sua categoria foi lançado como polêmico, muito por flertar com uma certa leveza. A verdade é que de leve o filme de Travon Free e Martin Desmond Roe só tem o flerte mesmo, pois transforma a já batida repetição temporal em algo muito mais sombrio e que dá voz a vítimas do racismo policial tão combatido pelos Panteras Negras.

É corajoso, ainda, que o roteiro de Free seja exposto de uma forma tão pulsante e traga toda a carga de um continente. O peso de Dois Estranhos é histórico, de mais de quatro séculos desde a chegada do primeiro navio de escravos nos EUA. O sangue do protagonista é o sangue de todos os seus — de todos os nossos; é o sangue da revolta; é o sangue como um grito; é o sangue que sai de um homem — que representa uma causa — e, ali no asfalto, forma a África.

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Dois Estranhos pode ser assistido por todos os assinantes da Netflix.

Bônus: Vista Minha Pele

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Não se trata exatamente de cinema. É, na verdade, uma peça educativa audiovisual. Muito utilizado pelas escolas, o trabalho dirigido por Joel Zito Araújo ergue um mundo paralelo no qual os negros são dominantes e os brancos foram escravizados. Alemanha e Inglaterra, então, são países pobres, enquanto nações africanas são as mais ricas.

Essa inversão da verdade atual em Vista Minha Pele é capaz de fazer refletir, principalmente por trazer o protagonismo de crianças e ter a visão de Luana, uma menina negra, filha de um diplomata, que viveu em países pobres como a França e, por isso, possui uma visão abrangente sobre a realidade.

Racismo é crime O Código Penal, em seu artigo 140, descreve o delito de injúria, que consiste na conduta de ofender a dignidade de alguém, e prevê como pena, a reclusão de 1 a 6 meses ou multa. O crime de injúria racial está previsto no parágrafo 3º do mesmo artigo, trata-se de uma forma de injúria qualificada, na qual a pena é maior, e não se confunde com o crime de racismo, previsto na Lei 7716/2012. Para sua caracterização é necessário que haja ofensa à dignidade de alguém, com base em elementos referentes à sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência. Nesta hipótese, a pena aumenta para 1 a 3 anos de reclusão.
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Agora, ficam aí os comentários para que vocês acrescentem filmes e possamos criar uma lista cada vez maior e construída por todos nós.